Ócio Criativo: O que é e como ele pode Melhorar seu Trabalho
Na semana passada estive em “pausa estratégica” como digo. Tenho reservado quatro semanas por ano para tais momentos. Lembro-me o quanto, em geral, é difícil se desligar dos projetos, dos clientes, das reuniões, do cotidiano dinâmico que nos submetemos. Sinto, que, aos poucos, fui aprendendo este “desligar, ligado” com tranquilidade, sem a angústia de tempos atrás enquanto ocupava a cadeira de executiva em grandes empresas.
Programava, pelo ao menos, três semanas, pois a primeira era para a desconexão, a segunda para relaxar verdadeiramente e a terceira para a reconexão. Vivi, inúmeras vezes, estes estágios e aprendi a conviver com eles. Dividir as férias em dois períodos, três ou quatro, como faço hoje, certamente não me trazia o descanso, o ócio, o aproveitamento que pretendia, que precisava, que merecia.
Hoje, de fato, lido melhor com estas quebras.
O ócio criativo é um conceito definido por Domenico De Masi, sociólogo do trabalho italiano, no final do século XX, que, inclusive, dá título a um de seus livros. Interessante que ainda é confundido com estar com preguiça, com procrastinação, não fazer nada.
Filósofos, psicólogos têm estudado, pesquisado e contribuído com uma visão totalmente positiva como a de De Masi. Ele disse que:
“o ócio criativo é a plenitude do indivíduo integral, na qual se pode conciliar três coisas em nossas atividades: o trabalho, com o qual criamos a riqueza; o estudo, com o qual criamos o aprendizado e adquirimos o conhecimento; e o lazer, com o qual criamos a alegria e com o qual criamos o bem-estar.”
Creio que eu aprendi a estar em ócio criativo.
O tempo não ajudava, chovia, parava e assim foi a semana reservada. Aproveitei para realizar atividades indoors: visitas a museus de diferentes conteúdos, épocas; igrejas; exposições; teatros; experimentar gastronomias diversas; conversar com as pessoas, saber mais sobre a cultura, os rituais folclóricos … e curtir.
Ainda de acordo com De Masi, “a criatividade é a síntese de razão e emoção.” Experienciei a razão quando remanejei o plano das férias naquele lugar e pude me emocionar com tudo o que vi. Numa exposição sobre Diversidade e Inclusão, chamada Até Quando?, literalmente chorei com as fotos exibidas, a biografia das pessoas e o ambiente criado nesta. Quanta racionalidade usamos na vida empresarial! E as emoções, damos espaço para elas? Será que temos letramento destas?
O ócio criativo nos permite avançar no autoconhecimento. Ficamos mais tempo conosco mesmos, com nossas necessidades, vontades, pensamentos, sentimentos, sensações, emoções, bem como com tudo o que gostamos e não gostamos da gente.
Este avanço se reflete, com certeza, em melhores relações no ambiente de trabalho.
Estudar, trabalhar e divertir são os ingredientes do ócio criativo, o quanto estamos integrando estes para nosso bem-estar físico, mental, emocional e espiritual? O quanto estamos estimulando as pessoas para sua prática consciente em benefício próprio e das organizações a que pertencem?
Gostaria de conhecer as experiências de vocês. Sinto que hoje, estou melhor na prática do ócio criativo e desejosa de continuar nessa jornada de aprendizagem.
Para concluir, mais um pensamento do De Masi, “a síntese de emotividade e racionalidade é a criatividade; a maior expressão do gênero humano”. Que sejamos mais criativos!
Gostou do artigo? Quer falar mais sobre o ócio criativo e a vida empresarial? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Vera Godoi Costa
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