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A Velocidade da Empatia: As Redes Sociais a serviço da intolerância, inclusão, respeito e compaixão

Por que a Empatia não se espalha na mesma velocidade que discursos de ódio e intolerância nas redes sociais? Por que não utilizamos a tecnologia de forma responsável para promover valores de inclusão, respeito e compaixão?

Ódio e Intolerância nas Redes Sociais: A Lenta Marcha da Empatia

A Velocidade da Empatia
As Redes Sociais a serviço da intolerância, inclusão, respeito e compaixão

Nas décadas de 1980 e 1990, era comum que CEOs e líderes empresariais escrevessem livros como meio de compartilhar suas ideias, estratégias de negócios e visões de mundo. CEOs como Jack Welch, da General Electric, e Lee Iacocca, da Chrysler, escreveram best-sellers que se tornaram influentes no mundo dos negócios, moldando a cabeça de uma geração.

Esses livros eram geralmente cuidadosamente elaborados e revisados, muitas vezes passando por um processo editorial rigoroso. Eles tinham um público amplo, mas o alcance era limitado em comparação com as mídias sociais de hoje. A principal vantagem dessa abordagem era o controle.

Os CEOs podiam planejar e refinar cuidadosamente suas mensagens, apresentando-se como especialistas e líderes visionários em seus campos. No entanto, isso também significava que a disseminação de suas ideias era mais lenta e limitada a públicos que tinham acesso aos livros ou aos meios de comunicação tradicionais.

E aí, chegaram as Redes Sociais…

Hoje, os CEOs têm à disposição um conjunto muito maior de ferramentas de comunicação, com plataformas como o “X” (ex-Twitter), LinkedIn e Instagram, que além de repercutirem suas mensagens diretas, também fazem o mesmo com declarações retiradas de entrevistas ou palestras, permitindo que suas ideias cheguem a milhões de pessoas. Isso proporciona uma velocidade sem precedentes na disseminação de conceitos, mensagens de marca e respostas a eventos atuais.

E também, de gafes. Um tweet impensado ou uma declaração polêmica podem se tornar virais em questão de minutos, causando danos à reputação da empresa e do CEO.

Mas será que um CEO nessa situação vai achar mesmo que a sua declaração ou tweet é uma “gafe”, já que é um pensamento que traduz exatamente o que ele pensa e acredita? Provavelmente, ele vai se incomodar pelo fato de que algo dito em um lugar público teve repercussão muito rápida nas redes sociais, alcançando indignação pública.

Ou seja, é a repercussão que vai fazer com que ele venha eventualmente a se desculpar, não o conteúdo do que foi dito. Nisso, ele vai continuar a acreditar e aplicar em suas empresas.

Esse parece ter sido o caso recente do australiano Tim Gurner, fundador e CEO do Gurner Group, que atua no setor imobiliário. Entre outras coisas, sugeriu que o desemprego deveria aumentar para que os funcionários tenham menos “arrogância” e lembrem “que eles trabalham para o empregador e não o contrário”.

Essas declarações colocaram em evidência questões mais profundas relacionadas à forma do capitalismo que ainda predomina no mundo e às relações entre empregadores e empregados ao longo dos tempos, bem como à preocupante falta de empatia e traços de psicopatia em alguns líderes empresariais.

Em matéria de liderança, eles parecem estar mais próximos de imperadores romanos como Nero, que ordenou o assassinato de parentes próximos, incluindo a própria mãe, e incendiou Roma, supostamente para poder construir um novo palácio. Sua falta de empatia e comportamento autoindulgente são frequentemente citados como traços que se assemelham aos de um psicopata.

O poder corrompe, esse parece ser um aforismo com poucas exceções. Essa corrupção também passa por uma forma de pensar que visa desumanizar o outro. Especialmente quando ele passa a ser visto apenas como alguém que gera riqueza, com poucos direitos.

Desde os primórdios do capitalismo, as relações entre empregadores e empregados têm sido marcadas por desequilíbrios de poder. Os trabalhadores dependem de seus empregadores para obterem sustento, enquanto os empregadores detêm o controle sobre a estabilidade financeira dos funcionários.

Esse desequilíbrio de poder trouxe um histórico de condições de trabalho injustas, baixos salários e falta de segurança no emprego. Para não falar do sistema escravagista do passado e sua continuidade no presente, com trabalhos análogos à escravidão, que denúncias recorrentes mostram que ainda são uma realidade mais comum do que se poderia imaginar.

Quando olhamos para toda essa história, vemos dor, muita dor, em uma relação entre dominador e dominado. Os privilégios e frutos sempre ficaram só de um lado.

Mas parece que isso tudo ainda é insuficiente para quem pensa como Tim Gurner, que declarou também que “nós precisamos ver dor na economia”. Como se a dor, para uma quantidade absurda de pessoas espalhadas pelo mundo, enfrentando fome ou insegurança alimentar, não fosse uma realidade diária.

Por isso, é fundamental lembrar que a economia não é apenas um conjunto de números e estatísticas. Ela afeta diretamente a vida e o bem-estar das pessoas

E aqui entra o conceito de stakeholders, que enfatiza a importância de considerar clientes, funcionários, fornecedores e a comunidade em geral. Tudo isso como partes interessadas importantes no sucesso de uma empresa.

Elas têm a responsabilidade de operar de forma ética e sustentável, levando em consideração o impacto de suas operações em todas as partes interessadas, incluindo a sociedade e o meio ambiente.

O contrário disso passa pela desumanização, onde você retira do outro, aquele que você vê como seu oponente, todas as características que o humanizam. Vários governos fizeram isso ao longo da história, para justificar a perseguição a outros povos. A série Black Mirror tem um episódio na terceira temporada, Men Against Fire, que explora esse conceito. Ele mostra um mundo onde um implante neural faz com que soldados enxerguem os oponentes do regime, pessoas normais, como baratas mutantes.

Em um momento em que as dinâmicas entre empregadores e empregados estão em foco, é importante observar como algumas empresas estão adotando abordagens extremamente controversas em relação ao retorno ao local de trabalho.

O recente exemplo da iniciativa do TikTok, que propõe o uso de um aplicativo para rastrear e controlar os funcionários a fim de garantir o retorno aos escritórios, levanta questões sobre a privacidade e o equilíbrio entre segurança e liberdade individual no ambiente de trabalho moderno.

Tecnologias emergentes podem tornar ainda mais difíceis as relações empregador-empregado.

Ou não, se princípios fundamentais de confiança, respeito e colaboração passem a orientar a implementação dessas soluções. À medida que exploramos o futuro do trabalho, é imperativo encontrar maneiras de equilibrar a produtividade e a segurança. E com o respeito aos direitos e à autonomia dos trabalhadores.

Em vez de desejar dor na economia, precisamos buscar exatamente o oposto. Buscar, relações de trabalho que diminuam a desigualdade e possam gerar mais bem-estar. Encontrando soluções que impulsionem o crescimento econômico de forma sustentável e inclusiva. Isso significa apoiar programas de assistência, investir em educação e formação para criar oportunidades econômicas e garantir que nossas empresas sejam socialmente responsáveis.

O sucesso econômico deve ser medido não apenas pelos números em um gráfico, mas também pela qualidade de vida das pessoas que compõem nossa sociedade. Somente assim poderemos construir um futuro econômico mais justo e humano para todos.

Para melhorar as relações entre empregadores e empregados e promover um ambiente de trabalho mais saudável, é importante que os líderes empresariais sejam treinados em inteligência emocional e empatia, para que possam compreender as necessidades e preocupações de seus funcionários.

Além disso, é necessário repensar a estrutura do capitalismo para torná-lo mais inclusivo e equitativo.

Isso pode envolver a implementação de políticas que garantam salários justos, segurança no emprego e oportunidades de crescimento para todos os trabalhadores. Uma forma de pensar que diminua a desigualdade, a lógica de dominador e dominado. Fazendo com que seja possível ver que estamos todos em um mesmo barco.

Os comentários de Tim Gurner – e essa forma de pensar, compartilhada por muitos outros, na mesma posição que ele – são um lembrete perturbador dos desequilíbrios de poder e da falta de empatia que ainda existem nas relações entre empregadores e empregados no mundo empresarial. Em um mundo cada vez mais interconectado, a empatia deveria ser uma força que se espalha com a mesma velocidade das redes sociais.

No entanto, o paradoxo reside no fato de que, enquanto a tecnologia nos permite compartilhar mensagens de compreensão e solidariedade instantaneamente, ela também amplifica em uma escala global comentários preconceituosos e elitistas que minam a coesão social.

A rapidez com que as redes sociais propagam essas mensagens negativas mostra que, assim como a empatia, o ódio e o preconceito também não têm fronteiras. Nossa responsabilidade é clara: usar as plataformas digitais não apenas para denunciar a intolerância. Mas também para promover valores de inclusão, respeito e compaixão em um ritmo que esteja à altura do potencial da tecnologia.

Gostou do artigo? 

Quer conversar mais sobre a nossa responsabilidade no uso das redes sociais, não apenas para denunciar o ódio e a intolerância, mas também para disseminarmos a inclusão, o respeito e a compaixão? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Até o próximo artigo!

Marco Ornellas
https://www.ornellas.com.br/

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Marco Ornellas é Psicólogo, Master of Science in Behavior pela California American University e Mestre em Biologia-Cultural pela Universidad Mayor do Chile e Escuela Matrizstica. Pós em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações.Consultor, Coach, Designer Organizacional, Palestrante e Facilitador de Grupos e Workshops em temas como Liderança, Complexidade, Gestão, Desenvolvimento de Equipes, Inovação e Consultor em Design da Cultura Organizacional.Autor dos Livros: DesigneRHs para um Novo Mundo, Uma nova (des)ordem organizacional e Ensaios por uma Organização Consciente.CEO da Ornellas Consulting e Ornellas Academy.
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