O cliente ao entrar no escritório se mostrou tenso e agitado. Rosto cansado e envelhecido, com os cabelos desalinhados.
Coach: Em que vou poder ajudá-lo?
Cliente: Preciso conversar com alguém sobre como mudar de casa.
Coach: Sorri e falei, não é comum me procurarem para fazer uma mudança de casa. Em que a sua mudança necessita de um Coaching?
Cliente: Estou querendo ir para uma casa de permanência prolongada e minha família não aceita.
Eu: E onde está a dificuldade nesta negociação?
O cliente: Estou com LLA.
Eu: Entendi
A leucemia linfoide aguda (LLA) pertence ao leque das doenças neoplásicas que mais acometem crianças dentro da oncologia. Quanto mais cedo é detectada, mais fácil de se ter um prognóstico favorável. Em adultos, a remissão completa, não é tão promissora.
No entanto, o tratamento atual já permite haver remissões prolongadas. Um outro tipo bastante encontrado em adultos é a Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Quando acomete as pessoas na terceira idade são muito preocupantes.
Meu novo cliente já estava com certa idade.
Ao final desta sessão inicial, ficou acordado que a busca de mobilizar recursos positivos entre os envolvidos e que se constituísse dentro de um clima saudável na família, seria nosso compromisso.
E um rápido plano de ação foi estruturado para ser colocado em prática até a próxima sessão. 1) Identificar objetivamente qual a pessoa que seria a mais adequada para intermediar as conversações, pensando nas necessidades e dificuldades atuais de enfrentamento e superação do cliente. 2) Listar quais foram as situações, adversidades que ele já superou no passado e que poderia trazer para trabalhar em nossos encontros.
Tanto eu como Coach, como o experiente Cliente, durante esta conversa de Coaching, entendemos que nem sempre a pessoa emocionalmente mais ligada, é a mais apropriada para ser a porta-voz das demandas emergentes em uma família vivendo um diagnóstico oncológico.
E assim terminou a primeira sessão e tivemos mais seis outras.
No último Fórum Global de Líderes na área de Coaching, em Dublin, organizado pela ICF Global, constatei que no campo do Coaching, na maioria dos países, as principais discussões são as perguntas: o que o Coaching pode trabalhar e até onde pode ir?
Bem, muitos de imediato perguntariam se um paciente oncológico em estágio avançado querendo ir para uma casa de idosos e lá ficar sem a família seria um assunto de Coaching.
Em minha visão não há enquadre mais adequado que esse. E tudo depende do profissional que está diante da situação. Se for um Mega Master/O Maior de todos/O Melhor do país, realmente irá trocar os pés pelas mãos. Mas é na humildade que está a sabedoria do Coaching.
Uma das diretrizes que temos nas “Competências Essenciais de Coaching” é que Coaches não presumem, não fazem promessas que não podem cumprir, trabalham com demandas objetivas e mensuráveis e estão cientes das fronteiras profissionais.
Neste processo, todas essas orientações foram criteriosamente observadas e o processo de Coaching se tornou uma alavanca para a melhora da qualidade de vida e o processo de decisões do cliente, elevando suas potencialidades de enfrentamento.
Acredito que, a ética nos respalda na interface entre diferentes áreas profissionais, mais agudo tem que ser o nosso olhar para a ética.
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