Os pais são, sem dúvida, espelhos para os filhos, fonte de inspiração e admiração.
Eu sempre falo sobre as experiências que tive e sobre as melhores práticas que aplico na educação dos meus três filhos. E, para falar da minha história e de como me tornei o pai que sou hoje, eu preciso começar falando dos meus pais, Seu Braga e Dona Yolanda.
Meu pai, um paraibano que rodou o Brasil todo, foi para Macapá e por fim acabou se instalando em Belém do Pará. Ele era um empresário arrojado e com boas condições financeiras. Minha mãe, uma verdadeira guerreira, o acompanhou a vida toda, mas sempre com suas iniciativas empreendedoras paralelas. Uma mulher de fibra, vendedora nata. Aliás, tudo que eu sei na vida sobre vendas eu devo a ela. Eu a via fazendo e sabia que só precisava segui-la.
Bom, fiz essa breve apresentação por um motivo. Apesar de ter boas condições financeiras como eu já mencionei, meu pai nunca me deu nada. Dentro desse contexto, naquela época, eu ainda jovem, culpava meu pai por não me dar aquilo que eu queria. Afinal, além de mais fácil, era em que eu realmente acreditava naquele momento. O fato que quero destacar aqui é que a maioria dos jovens acha que a responsabilidade é só dos pais de dar a eles tudo que querem. Encaminhar e abrir os caminhos e as portas. Meu pai não é um monstro. Ele me disse apenas: se vira moleque! Ele não me instruiu no sentido de que caminho seguir, não pegou na minha mão e não me ajudou a pescar (mesmo quando eu tive que descobrir o rio sozinho).
Eu precisei aprender tudo sozinho, até o próprio significado na prática da resiliência e paciência que tive que desenvolver. Depois que eu construí minha família e tive meu primeiro filho foi que eu percebi a importância do que ele tinha feito comigo. A verdade é que foram mais de 20 anos para aprender isso, sem entender porque ele me tratava daquela forma. Todos meus amigos tinham tudo e eu não tinha quase nada.
Mais tarde eu, finalmente, percebi que o que ele fez por mim foi a coisa mais importante que um pai poderia ter feito por um filho. Eu literalmente aprendi a me virar, tropecei, cai, mas também me levantei e me fortaleci em cada recomeço e nova escolha.
Exatamente por isso, entre erros e acertos, fracassos e sucessos, eu procuro educar meus filhos com base nos princípios do empreendedorismo. Isso porque empreender para mim é muito mais do que fazer negócio. Eu procurei educar meus filhos com base mais ou menos no que meu pai fez comigo, mas de uma maneira um pouco mais processual, inteligente e menos traumática. Minha família é o meu orgulho por vários motivos, mas principalmente porque eu tenho um propósito na vida que é preparar meus filhos para o mundo, em vez de querer mudar o mundo para eles. Amanhã, quando eles caírem, vão estar preparados e não serão adultos vulneráveis e perdidos, sem reação.
Eu descobri muito cedo como a vida funcionava de verdade e quando eu tive meus filhos eu tive também a convicção de que queria ser um mentor para eles. A experiência e a prática contam muito nessa hora, percebi que se quer ser um bom pai você precisa ser um mentor presente, mostrar as barreiras, as dificuldades. Aconselhar e não indicar, muitos pais querem impor o caminho que o filho deve seguir e assim acabam criando inúmeras barreiras.
A liberdade é fundamental também neste processo como um todo. E o exemplo, fundamental. Não adianta falar uma coisa e fazer outra. É preciso impor limites, sim, mas também respeitar as escolhas e decisões dos filhos.
E como o empreendedorismo se encaixa em tudo isso? Porque eu adoto e acredito no empreendedorismo como estilo de vida, tem a ver com um sentimento que desperta e que não tem mais volta. Que contribui efetivamente para modelar nossa mente, principalmente em relação aos desafios que enfrentamos no dia a dia. Em vez de apavorar e pensar que tudo acabou, o empreendedor já pensa: como posso resolver esse problema?
Claro que os pais me perguntam o tempo todo: eu posso transformar meu filho em um empreendedor? Minha resposta é um categórico sim! É preciso criar um ambiente propício e mudar o mapa mental da casa, ou seja, comece a “trabalhar” os problemas em conjunto em casa, aborde temas pouco convencionais, estimule a criatividade.
Eu costumo dizer que meus maiores empreendimentos são meus três filhos. Eu nunca dei mesada para nenhum deles, mas diferente do meu pai eu sempre os orientei, mostrei opções e caminhos. Eu compartilho tudo com eles, momentos bons e ruins também. Afinal eles precisam conhecer a real situação do pai (seja ela qual for). E é fato que a família se fortalece cada vez mais, principalmente quando encontram juntos as soluções para os problemas.
No meu livro Educando Filhos para Empreender eu mostro a importância de não ter nada garantido na vida, isso te ajuda a ser uma pessoa mais resiliente. Costumo dizer que não sou especialista, sou pai. Não sou educador, não quero tirar o lugar deles, muito pelo contrário. Eu sou mentor, pai sofredor que vibra com as alegrias dos meus filhos e que sofre junto, que acompanha cada empreitada empreendedora deles de muito perto.
Quero que eles tenham paixão pelos desafios da vida, desenvolvam a responsabilidade, a resiliência e o comprometimento com o próximo. Quero que eles pensem no legado que vão deixar, mas que também saibam ganhar e administrar seu próprio dinheiro. Que eles sejam independentes, mas que conheçam todos os seus limites. Quero ter a certeza de que quando eu não estiver mais por aqui eles estarão bem, seguindo o caminho que cada um escolheu.
Algumas coisas a gente realmente só percebe tempos depois, mas outras a gente pode começar a mudar agora. Reveja suas atitudes, escolhas, não tenha medo de voltar atrás e fazer de novo. Assuma a culpa, peça desculpas, dê o primeiro passo. A distância entre o que você deseja e o que você tem hoje está na sua postura que adotou e vive hoje.
Todas as lições aprendidas, os métodos, as melhores práticas, as experiências e os conceitos, eu explico no livro Educando Filhos Para Empreender.
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