Segundo Maryanne Wolf, pesquisadora da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, a leitura superficial, prática comum de ‘’passar os olhos’’ nos textos e postagens online vem colaborando para minimizar a capacidade humana de refletir, interpretar, compreender e fazer uma análise crítica do que leu “por completo”, além de não criar empatia por pontos de vista diferentes; isto vem gerando imensos conflitos desnecessários e sem propósitos.
A Coordenadora de Pedagogia e Letras do UNIDESC, Cirlene Pereira, diz que o direcionamento da leitura para as telas é um alerta, pois é perceptível como as pessoas possuem falta de vontade e dificuldades para ler e interpretar textos, sejam verbais ou não verbais.
As manchetes sensacionalistas, as imagens, as cores, as tecnologias e os movimentos, geram um alto grau de desinteresse pela leitura e precisam ser analisados e reformulados. Textos noticiosos, fantasiosos e as fake news vêm se tornando sérios complicadores, pois apontam para uma visão profundamente monológica do mundo. Ninguém contraria pesquisa ou reflete sobre o que está sendo compartilhado, apenas reproduz e segue feito manada.
Não é difícil perceber que a maioria dos indivíduos não se interessa pelo conteúdo em si, pelo tema abordado, ou se o título foi apenas tática da publicidade para chamar atenção.
Há pouco tempo vimos o caso da Mariana Ferre, o tal do “Estupro Culposo”, que nunca foi mencionado no processo e nem existe esta tipologia no Direito brasileiro. Esta expressão foi apenas uma forma da mídia para conseguir atingir o público e replicar o inexistente, apenas com intuito de submetê-los à sua intenção de repercussão aleatória.
Falta no mundo algo de extrema relevância, que é o aprender a ler por inteiro as notícias, ler os comentários, pesquisar sobre o assunto abordado, ter argumentos fundamentados para depois opinar. De nada adianta o acesso à tecnologia, se as pessoas não conseguem, ao menos, interpretar um texto, procurar informações, ter embasamento para emitir a sua opinião para depois compartilhar.
Há palavras e textos que pedem reconhecimento mais que outras, pois alguém pode submetê-las à sua intenção, ou seja, com intencionalidade específica, criando assim uma disseminação das suas ideias, enquanto o receptor fica à total mercê do emissor e seus pensamentos como verdade absoluta.
Precisamos procurar ter uma pré-compreensão dos fatos e assuntos, toda leitura supõe ao menos que o seu receptor leia o texto com algum conhecimento prévio sobre o assunto, mas em outros com área específica.
Por exemplo, se você pegar um texto do 3º ano do curso de Direito estando ainda no 1º ano irá encontrar dificuldades para entender o assunto, porque você não tem conhecimentos prévios que possam embasar a sua leitura. Imaginem, pessoas que nada tem a ver com o direito, opinar sobre um assunto jurídico embasado em uma única opinião?
Chegando na Compreensão, após a pré-compreensão do texto, o receptor se depara com informações novas e reconhece outras, o leitor soma a informação nova com a que ele reconheceu e compreende a intencionalidade do texto.
Agora, na fase da interpretação, esta será a resposta que você dará ao texto, após compreendê-lo, pesquisar e refletir, aí sim você faz a “fusão de horizontes”, isto é, terá sua própria opinião e poderá compartilhar sem medo e dando abertura, para novos receptores fazerem o mesmo.
Não “caia na onda” comum, que é ler títulos, não olhar para o conteúdo, nem analisar ou interpretar o que realmente ele está trazendo e depois simplesmente replicar em suas redes.
Crie o hábito de ler, reler e pesquisar sobre o assunto, verifique fontes, outras opiniões e atente-se sobre o tema.
Antes da internet, o nosso cérebro lia de forma linear, aproveitando a vantagem de detalhes. Conforme nós aumentamos a nossa frequência de leitura em telas, o hábito de leitura se adaptou aos textos resumidos e superficiais, trazendo para muitos a leitura rasa.
Para comprovar, basta olhar por exemplo em uma postagem de venda de algum produto, o vendedor coloca todos os detalhes, incluindo valor, horário de atendimento, descrição do produto e demais informações, nos comentários certamente verá pessoas, perguntando as mesmas coisas que estão descritas no anúncio.
O mesmo acontece com noticias de vários segmentos, que o leitor olha para a manchete e, às vezes, concorda com algo que é exatamente oposto do que o título menciona.
Não deixe o seu pensamento proporcionar um movimento ideológico, sejam as citações de personagens com suposta autoridade em relação ao tema, não os tenham como inquestionáveis, expressões da verdade, para não se limitar a uma única visão de mundo.
Quando nos inteiramos sobre as informações que chegam, conseguimos ouvir todas as partes, montamos a própria opinião pautada na realidade, por isto saia imediatamente da costumeira manada, eleve seu pensamento, seu conhecimento e pense por si mesmo.
“Inove o seu presente e surpreenda o seu futuro”.
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Adriane Yared
http://adrianeyaredcoaching.com.br/
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