Por que Mudar é Tão Difícil?
Quando falamos de autocuidado e saúde mental existe um abismo enorme entre o que sabemos que precisamos fazer e o que efetivamente fazemos na prática – entre o que dizemos que queremos mudar e o que, de fato, fazemos nessa direção.
Parece contraditório – mas afinal, por que mudar é tão difícil?
Nos meus processos de coaching é muito comum observar, em inúmeros clientes, o seguinte padrão: eles chegam com uma autoavaliação grande sobre si e sobre o que querem mudar.
Muitos sabem exatamente o que precisam fazer diferente para mudar, para se cuidar mais, para melhorar a sua saúde mental, para gerenciar o seu nível de stress, para se relacionar diferente. A grande maioria diz que quer mudar e sabe inclusive enumerar todos os ganhos que as mudanças trarão para a sua vida.
Após ouvir sobre esse desejo de mudar, a primeira pergunta que eu costumo fazer é a seguinte:
“Se você já sabe de tudo isso – tem clareza do que quer mudar, dos ganhos e do que precisa fazer, por que você ainda não mudou? O que está te impedindo de fazer essa mudança?”
Frente a essa provocação, de um modo geral, o que mais escuto são respostas como essas:
“Eu quero muito mudar, sei tudo o que preciso fazer, mas não consigo mudar, não sei o que acontece, mas parece que eu mesmo tenho me sabotado”
“Eu até comecei a colocar em prática algumas ações que eu defini fazer diferente, fiz por uns dias, mas depois eu fui engolida pela rotina – aconteceram vários problemas na minha vida e quando percebi já estava repetindo os mesmos hábitos e agindo como antes”
“Eu sei o que eu preciso mudar, mas é difícil, parece que tem algo maior me prendendo, é como se eu desse 2 passos pra frente, avançasse um pouco e na outra semana eu já estou dando 2 passos pra trás de volta. O que está me impedindo é a falta de consistência, por mais que eu queira mudar parece que não é suficiente.”
“Eu até já fiz um plano de ação, mas não consegui colocar em prática, estou procrastinando, mas eu tenho que mudar pois estou sobrecarregado e exausto.”
A grande verdade, que está oculta em todas essas falas, é que nós temos um sistema que nos protege de mudar. Que evita, foge de mudanças e que prefere repetir comportamentos já conhecidos.
Em outras palavras, só decidir mudar não basta!
Segundo a teoria dos professores de Harvard, Robert Kegan e Lisa Lahey, chamada “Imunidade a Mudança”, esse sistema é muito inteligente, poderoso e é inconsciente – nós o criamos e operamos nele. Esse sistema trabalha “contra” o que nós queremos mudar para nos proteger da dor dessa mudança.
Portanto, enquanto nós focarmos na mudança de comportamento em si, a mudança não acontecerá. Afinal, temos muitos motivos e ganhos para ficarmos onde estamos e temos medos aterrorizantes de sair desse lugar confortável, seguro e conhecido.
Assim sendo, quando falamos de mudar comportamentos e criar novos rituais e hábitos de autocuidado e saúde mental – se colocando na agenda, fazendo pausas, fazendo atividades físicas, colocando limites, dizendo não, escutando e acolhendo as pessoas, sendo vulnerável, apreciando, agradecendo, lidando com erros, acalmando a mente, dando feedbacks, delegando e conduzindo conversas difíceis – é comum a gente saber que precisa, querer, mas não conseguir mudar!
A boa notícia é que, quanto mais a gente se conhecer, desvendar e enfrentar esse sistema, mais conseguiremos freá-lo e mudar.
O processo dessa libertação chama-se a autodescoberta. Quanto mais nos conhecermos, descobrirmos nossas crenças, acessarmos e reconhecermos nossos medos e emoções mais descortinaremos esse sistema. E aprenderemos sobre nós – e esse é o verdadeiro caminho para a mudança e para a promoção de saúde mental na nossa vida.
E você? Quais mudanças gostaria de fazer e não está conseguindo para cultivar mais autocuidado e saúde mental na sua vida? Qual é a sua nova consciência a partir dessa reflexão?
Gostou do artigo?
Quer conversar mais sobre por que é tão difícil mudar? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Eu sou Ellen Ravaglio e a minha coluna “Alta Performance & Saúde Mental” tem como objetivo instigar a exercitar o autocuidado, o cuidar do outro e do negócio de forma consciente e sustentável.
Forte abraço,
Ellen Ravaglio
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