Por um futuro mais saudável e com menos masculinidade tóxica
Esta semana a sociedade presenciou um caso horrível onde um deputado estadual brasileiro, em visita a Ucrânia teceu comentários sexistas, machistas e desumanos em relação às refugiadas ucranianas. Comentários como, por exemplo: “Elas são fáceis, porque elas são pobres. E aqui, minha conta do Instagram cheia de inscritos, funciona demais. (…) É inacreditável a facilidade”. Falas que, de fato, chocaram o mundo.
Independentemente da gravidade da situação pelo contexto de guerra, eu me pergunto:
O que faz um homem acreditar que tem o direito de dirigir-se às mulheres dessa forma?
O mais triste é que esse não é um fato isolado. Aliás, nesta mesma semana houve dois outros casos de misoginia, coincidentemente de dois políticos. O prefeito de Itaituba, cidade baiana, que proferiu palavras machistas em evento da cidade. E um deputado do Espírito Santo que se manifestou de forma pejorativa nas redes sociais em relação às mulheres ucranianas. Infelizmente, esses são comportamentos recorrentes e, de fato, valorizados nas rodas masculinas.
Durante muitas gerações, o homem foi educado para não chorar, para ser o conquistador, ver a mulher como prêmio, como posse, ser o provedor. Foi preciso que a mulher se posicionasse, através dos movimentos feministas por melhores condições de trabalho, igualdade de direitos para que esse cenário fosse alterado.
Apesar das mudanças significativas com a mulher conquistando o seu espaço no mercado de trabalho, conforme projeção feita pelo Fórum Econômico Mundial em 2018 serão necessários mais de dois séculos para haver igualdade de gênero no mercado de trabalho. Em outros segmentos, como educação, saúde e na política, as desigualdades entre homens e mulheres precisarão de 108 anos para terminarem.
De acordo com uma Pesquisa do Instituto YouGov no Brasil, feita com 503 mulheres de todas as regiões brasileiras, observou-se que destas:
- 77% foram assediadas com assobios;
- 74% assediadas por olhares insistentes;
- 57% assediadas com comentários de cunho sexual;
- 50% já foram seguidas nas ruas;
- 44% tiveram os seus corpos tocados;
- 39% foram xingadas;
- 37% disseram que homens se exibiram para elas e;
- 8% estupradas em espaços públicos.
Treze mulheres são assassinadas por dia no Brasil. Esse é o balanço dos últimos dados divulgados pelo SIM – Sistema de Informações sobre Mortalidade, que tomam como referência o ano de 2014. Isso significa dizer que 4.757 mulheres foram vítimas de mortes por agressão. (Fonte: MS/SVS/CGIAE – Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM)
Somos o quinto país em violência contra a mulher. A cada cinco minutos, uma mulher é agredida, isso contando apenas os casos que foram denunciados, já que muitas mulheres se escondem de vergonha, dor e medo do agressor que em 70% dos casos é o próprio parceiro. São dados alarmantes que mostram o quão vulnerável está a mulher na sociedade.
É um assunto muito sério com consequências trágicas. Mas, apesar disso, as piadas e comentários pejorativos ainda permanecem vivos nas rodas de amigos e grupos de WhatsApp.
E o que esses números têm a ver com as piadas e comentários pejorativos? Muita coisa, pois pelo seu conteúdo, fortalecem e validam a cultura machista, sexista, preconceituosa e conceitos retrógrados como a objetificação, sexualização e inferioridade da mulher. Criam uma cultura machista enraizada pela pressão social porque o homem que não aprova esse tipo de comportamento ou falas é excluído.
É preciso, de fato, lutar por mais espaços para a mulher em setores decisores da sociedade: na política, nos conselhos e lideranças de empresas, e em qualquer lugar que a mulher queira estar.
É preciso rever a educação no lar e nas escolas para que mesmo de maneira subliminar se evite inferiorizar a mulher. Educar as mulheres para serem protagonistas e os homens a agir com respeito. Rever a equidade nas empresas. E sobretudo posicionar-se e exigir direitos iguais.
Respeitando o lugar de fala, coloco-me como um apoiador dessas conquistas. Que possamos juntos construir uma sociedade de fato mais justa, inclusiva, sem diferenças e com menos masculinidade tóxica.
Gostou do artigo? Quer saber mais como construir por um futuro mais saudável e com menos masculinidade tóxica? Entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/
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