Pesquisas realizadas na Coreia do Sul revelam que pessoas viciadas em tecnologia têm maior propensão para sofrerem com depressão, ansiedade, insônia e impulsividade.
“Você conhece algum aplicativo que me ajude a organizar pensamentos”, perguntou um amigo. Minha mente não para de funcionar, tenho tido insônia e muitos pensamentos, um atropelando o outro”. Pode parecer absurdo, mas esse ‘pedido de socorro’ é fato real e aconteceu num tom de desespero. É evidente a chegada da Era Digital, o avanço das tecnologias, o surgimento de recursos que nos ajudam a organizar tarefas, processos, sistemas, mas… tecnologia para ter controle dos pensamentos me parece um pouco demais. Tem crescido o número de pessoas que não consideram esse tipo de necessidade uma coisa absurda. Isso é reflexo dos tempos e se faz necessário prestar mais atenção aos nossos próprios pensamentos e comportamentos. Como disse Albert Einstein, “se tornou aparentemente óbvio que nossa tecnologia excedeu nossa humanidade”.
O escritor Mark Kennedy afirmou que “todas as maiores invenções tecnológicas criadas pelo homem — o avião, o automóvel, o computador — dizem pouco sobre sua inteligência, mas falam bastante sobre sua preguiça”. O que mais ouvimos falar por esses tempos é a necessidade de renovação e mudança. Procuramos estratégias e recursos para acompanhar a evolução, precisamos nos manter antenados seguir o ritmo de ascensão na carreira, nos negócios, muitos recursos nos ajudam a executar atividades com maior qualidade, eficiência e rapidez, agora, buscar aplicativo para ter autocontrole dos pensamentos reflete um tipo de dependência de recursos tecnológicos e revela que pessoas estão buscando artifícios externos para administrar entulhos emocionais ou compensar o vazio interno.
O mundo está mudando muito rápido e as pessoas estão deixando de se perceberem. Com a velocidade da comunicação, temos a nítida impressão de que o dia não tem mais 24 horas. Os inúmeros compromissos, responsabilidades, tarefas não sincronizam espaço na agenda – falta tempo para tudo – e a tecnologia nos absorve com a promessa de proporcionar mais tempo livre, porém, na prática, sorrateiramente vamos nos prendendo e nos conectando cada vez mais, nos tornando dependentes até mesmo para organizar pensamentos.
A ausência da autopercepção faz parte do novo estilo da vida moderna e estatísticas mostram que a agitação diária atrapalha o sono e leva à obesidade. A modernidade nos tem feito esquecer de coisas básicas para seres humanos e que somos carentes de oxigenação no cérebro, descanso do corpo, boas horas de sono e muita água para fazer o corpo funcionar. No caso do meu amigo, após sair da inércia da surpresa, eu sugeri que ao invés de buscar artifícios para organizar seus pensamentos, ele simplesmente desacelerasse antes de ir para a cama, se concentrasse nas batidas do próprio coração e na sua respiração. Tive que lembrar que ser humano tem neurônios e eles se recuperam durante um bom período de sono, coisa que há algumas semanas ele nem sabia o que era. Ele precisa ser lembrado constantemente que quanto mais tecnologia, mais humanos precisamos ser.
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