Algo histórico e presente no dia a dia da sociedade é o preconceito, seja em relação a raça, credo, orientação sexual, identidade de gênero, idade, social ou qualquer outro que esteja presente. Mostra-se explícito e intenso ou implícito e velado, mas em todos os casos é danoso e condenável.
Preconceito é uma opinião preconcebida em relação à determinada pessoa ou grupo, que não é baseada em uma experiência real ou na razão.
Na maioria das vezes nasce dentro do contexto familiar. Em comentários infelizes, piadas que diminuem um grupo ou até de maneira explícita, assumida e envolta numa capa de moralismo. Estes constantes estímulos formam as crenças que se solidificam e geram o preconceito.
Considerando que o preconceito é uma imagem preconcebida e o fato que nosso cérebro demora 1/4 de segundo para julgar e formar uma imagem de alguém podemos dizer que em diferentes graus todos somos preconceituosos.
Quando não é percebido é chamado de viés inconsciente, conjunto de estereótipos que mantemos sobre diferentes grupos de pessoas a partir de situações e experiências que vivenciamos ao longo da vida, como memórias de infância, conversas com amigos e até mesmo notícias que vimos na televisão.
Por sua vez a discriminação é uma ação originária do preconceito: um tratamento injusto, humilhação, diferença que é feita devido a alguma característica específica. É o preconceito em ação. Suas consequências são terríveis, contribuem para desigualdade social e dela derivam os crimes de ódio.
Ao compreender e reconhecer estes mecanismos, conseguimos policiar melhor nossas decisões e construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Os números da desigualdade social no Brasil mostram como temos muito a caminhar.
As mulheres são 40% da população economicamente ativa (1), mas, representam somente 14% dos quadros executivos. (2)
Em relação ao rendimento médio mensal, segundo o IBGE, as mulheres ganham, em média, 25% menos do que os homens. (3)
Apesar de 54% declararem-se negros, apenas 4,7% dos cargos executivos das 500 maiores empresas brasileiras são ocupados por negros. (1)
Um relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), entidade que levanta dados sobre assassinatos da população LGBT no Brasil há 38 anos, registrou 445 homicídios desse tipo em 2017. O número aumentou 30% em relação ao ano anterior, que teve 343 casos.
Apesar destes índices oficiais, o que tenho presenciado é algumas pessoas negarem a existência de diferenças sociais decorrentes do preconceito e classificarem como privilégios ações de equidade e como solução as desigualdades defendem a meritocracia.
Não tenho dúvidas do valor da meritocracia, mas num cenário de tamanha desigualdade torna-se falha. É preciso antes de tudo garantir um mínimo de equidade para depois complementá-la com os conceitos de meritocracia. Em se tratando de equidade, as cotas fazem bem seu papel e espero que um dia não sejam mais necessárias.
Fontes:
- http://www.ipea.gov.br/retrato/indicadores_mercado_trabalho.html
- https://issuu.com/institutoethos/docs/perfil_social_tacial_genero_500empr
- https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/multidominio/genero/20163-estatisticas-de-genero-indicadores-sociais-das-mulheres-no-brasil.html?= amp;t=o-que-e
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