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Promover aceitação corporal é fazer apologia à obesidade?

Promover a aceitação corporal e mudar a visão em relação à pessoa obesa para que ela consiga viver sua vida, sem medo ou vergonha, é uma forma de inclusão social.

Promover aceitação corporal é fazer apologia à obesidade?

Promover aceitação corporal é fazer apologia à obesidade?

O conceito de aceitação corporal de pessoas acima do peso ou obesas vem sendo defendido nas redes sociais por alguns nutricionistas, influenciadores e blogueiras. Por exemplo: a inclusão de pessoas plus size em capas de revistas, propagandas de roupas, biquinis, lingeries, entre outros. Isso pode causar certa confusão e dividir opiniões. Alguns são a favor desse conceito, outros julgam esse movimento como uma apologia à obesidade – ou seja, enaltecimento, admiração e, até mesmo, valorização.

Historicamente, vivenciamos o que eu entendo ser uma enorme apologia à magreza. Isso ainda reverbera e alimenta uma indústria bilionária gerada e reforçada pela insatisfação corporal, principalmente feminina. E a busca pela perfeição e pelo corpo magro a qualquer custo.

O movimento de promoção da aceitação corporal que vem acontecendo atualmente é o questionamento do padrão histórico e o início da quebra desse paradigma. Promover a aceitação corporal e mudar a visão em relação à pessoa obesa para que ela consiga viver a sua vida o mais normalmente possível. Uma vida sem medo ou vergonha de ir à praia, à academia, entrar em uma loja de roupas. Ou ainda de se consultar em um(a) médico(a) ou nutricionista sem ser estigmatizada e julgada, baseado em apenas um fator – o seu peso atual. Tudo isso é uma forma de inclusão social, não apologia à obesidade.

Esse movimento não incentiva pessoas magras a serem obesas, e nem as obesas a permanecerem obesas. O olhar empático e acolhedor para essas pessoas não significa enaltecimento. Elas merecem ser vistas e tratadas como todos os outros.

É fato que a obesidade é fator de risco para outras várias doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo: doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, hipertensão. Quem se encontra na condição de obesidade deve então procurar orientação e avaliação profissional para obter mais saúde, disposição e qualidade de vida. Entretanto, não se pode julgar uma pessoa obesa como não saudável somente pelo seu peso. Assim como uma pessoa magra como saudável, sem avaliar outros fatores.

A obesidade é multifatorial: ela pode ser desencadeada por fatores hormonais, psicológicos, sociais, genéticos, ambientais ou fisiológicos. Por isso, estereotipar o obeso como preguiçoso, indisciplinado ou guloso, além de ser incorreto, é indelicado. Isso prejudica a saúde mental dessas pessoas, que podem desenvolver transtornos, depressão, ansiedade e sentimento de incapacidade pela baixa autoestima.

Na maioria, senão em todos os casos em que se tem um grupo de pessoas pertencentes a minorias, ou seja, em alguma desvantagem social, quem está de fora deste grupo não conhece os julgamentos, preconceitos e discriminações que cada indivíduo passa, nem os medos e vergonhas. Com pessoas obesas é a mesma coisa e, infelizmente, muitas vezes os julgamentos vêm de profissionais da saúde, cujo papel deveria ser o de ajudá-los.

Entre ajudar alguém em seu processo de emagrecimento por meio do acolhimento, empatia e do cuidado, ou por meio do incentivo ao ódio ao próprio corpo, vergonha e terrorismo alimentar, eu fico com a primeira opção.

Se você é uma pessoa obesa, acima do peso ou insatisfeita com o seu corpo por algum motivo, espero que esse artigo tenha ajudado a perceber que não está sozinho(a). E que existem diversos profissionais dispostos a ajudá-lo(a) no processo! Se você for um(a) profissional que cuida de pessoas com obesidade, espero que este artigo tenha levado um pouco de reflexão sobre o assunto. Caso ainda não o tenha feito, é claro.

É um enorme prazer poder passar um pouco de conhecimento por meio dessa coluna 😊

Gostou do artigo? Quer saber mais sobre aceitação corporal e obesidade? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Até a próxima!

Viviani Marcon
https://www.instagram.com/vivianimarcon/

Confira também: Entenda sua fome e saiba como lidar com ela

 

Viviani Marcon é Engenheira de Alimentos pela Universidade de São Paulo e graduanda em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Possui experiência profissional na área da Engenharia em indústria alimentícia, laboratórios de pesquisa da USP – FZEA e da University of Missouri (Columbia – EUA) e consultoria em inovação pelo SEBRAE-SP. Na área da Nutrição, foi membro da Liga Acadêmica de Nutrição Esportiva (LANESC); trabalhou com nutrição comportamental na SDS Nutrition, empresa coordenada pela nutricionista e Dra. Sophie Deram; desenvolveu, juntamente com uma equipe de profissionais, projeto de Iniciação Científica em educação alimentar – PEDUCA, cujo objetivo é oferecer formação aos educadores das escolas estaduais do Estado de São Paulo sobre alimentação saudável; é certificada como Coach de Saúde e Bem-estar pela Carevolution, e atualmente trabalha na área de nutrição clínica hospitalar, ajudando a desenvolver novo protocolo com foco em melhores desfechos clínicos dos pacientes.
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