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Qual a diferença entre um Investidor-Anjo e um Investidor Debenturista?

Diferença entre Anjo e Debenturista? Ambos não são Investidores? No sentido de investimento externo, sim, ambos são investidores e parece por definição ser a mesma coisa, mas na minha humilde e sincera opinião, há uma diferença conceitual e de postura.

Diferença entre Anjo e Debenturista? Ambos não são Investidores? Realmente, no sentido de investimento externo em startups, sim, ambos são investidores e parece por definição ser a mesma coisa, mas na minha humilde e sincera opinião, existe uma diferença conceitual e de postura. Essa questão, apesar de muito complexa e também polêmica, vou resumir em linguagem simples, (de fácil entendimento) para esclarecer esta importante diferença que pode causar enormes e, muitas vezes, irreversíveis divergências, entre Empreendedores fundadores e os Investidores Anjo. Vou usar como base a minha experiência prática no assunto, pois o objetivo desse texto é melhorar a relação entre investidores Anjo e suas investidas e vice-versa.

Então, partindo da premissa de que um Investidor de startup é toda aquela pessoa que aporta algum recurso para comprar uma determinada participação no negócio, também tomando como referência um investimento em uma Startup no modelo S/A com debêntures privadas emitidas, vamos às diferenças conceituais entre Investidores Debenturistas e Investidor-Anjo.

Mas antes, é importante lembrar e deixar claro que NÃO estou me referindo ou confundindo com a ralação entre Acionista Empreendedores e fundadores de uma startup, estou relatando a diferença na questão pontual sobre investimento externo.

INVESTIDOR DEBENTURISTA

O Debenturista, na minha visão, é como um investidor tradicional que aposta, por exemplo, em uma Ação na Bolsa de Valores e fica sujeito às oscilações de mercado, porém, as Debêntures ou as Notas conversíveis fazem parte do Mercado de Renda Fixa e não Variável. Essas ações podem ser vendidas por este investidor a qualquer momento e por qualquer motivo. No caso, quando o investidor compra uma participação em uma startup através de debêntures conversíveis, como o exemplo da premissa deste texto, ele se torna um Debenturista e fica sujeito ao êxito do negócio e às regras assumidas nos termos de investimento inicial e no Boletim da debênture, como: Reuniões, assembleias, Reports, dividendos, follow-on, saídas, diluição entre outras coisas. O Investidor Debenturista, portanto, poderá ter de volta os recursos emprestados, nos prazos, condições e garantias pré-determinados no ato da emissão do título, mais do que isso, será a figura que cumpre e espera que seja cumprido pela Startup todas as regras da Lei e PONTO. Ou seja, quer que o negócio dê certo, obviamente porque comprou participação, mas não se sente comprometido a participar com mais nada além do que foi acordado inicialmente e de ter feito sua obrigação inicial, que era investir.

Além disso, permite também estabelecer regras que conferem ao investidor algumas prerrogativas de sócio, como por exemplo: Participação no conselho consultivo, administração e fiscal e participação nos lucros e no pagamento de juros sobre capital próprio; essa opção é muito usada quando a Startup não quer dividir a diretoria com nenhum sócio, então ela lança debêntures. Assim, ela só paga juros sobre o capital que o investidor aplica. É uma forma de empréstimo. Ela é obrigada a pagar os juros e o principal numa data pré-estabelecida, em condições que ela pode estipular antes do lançamento das debêntures.

INVESTIDOR-ANJO

O Investidor-Anjo segue as mesmas regras do Investidor Debenturista quando compra uma participação em uma startup através de debêntures conversíveis, nos termos de investimento inicial, no Boletim da debêntures e na Lei, mas não se limita somente a isso. O Anjo é o Investidor que apesar de ter escolhido este modelo por uma questão jurídica ou por opção mesmo, se sente parte do negócio, se sente na obrigação de ajudar, apoiar, oferecer infraestrutura, networking, dar aval, entender, comemorar, sofrer, cuidar, enfim, fazer o que chamamos de hands-on para que tudo saia como imaginado no primeiro momento, quando aceitou investir naquele negócio. Não é o tipo de Investidor que coloca seu dinheiro, lê apenas os relatórios mensais e aparece uma vez por ano.

A explicação acima, é a diferença conceitual básica entre a postura de um tipo de investidor e outro. Meu conselho? Que esta expectativa seja resolvida logo na partida do investimento, pois conheço Investidor-Anjo que não gosta de ser tratado pelo Empreendedor apenas como Debenturista; Da mesma forma, conheço Empreendedores frustrados porque esperavam que o Debenturista fosse como um Investidor-Anjo dos sonhos para eles.

O outro lado também é verdadeiro, conheço fundadores da startup, que não admitem Investidores Anjo, apenas Investidores Debenturistas, pois não gostam de “interferências na operação do dia a dia, nem mesmo com Mentorias; Da mesma forma, conheço Investidor-Anjo que trata o investimento em startup como uma Ação, que não apoia, que não dá o suporte ou empresta seu know-how e principalmente seu networking, só exige e cobra.

Então é isso, são definições similares, porém com conceitos distintos que remetem a uma questão de POSTURA e PERFIL de cada pessoa, não que uma coisa seja melhor que a outra, mas depende muito do combinado e da necessidade de cada negócio. Nesse sentido, não dá para ser as duas coisas ou ficar variando uma hora Investidor, apenas Debenturista, outra hora Investidor-Anjo por qualquer conveniência; do outro lado, o Empreendedor tem que decidir o que quer, não pode uma hora querer um Anjo e outro momento, apenas um Investidor padrão, seja por interesse do momento, clico, barreiras, caixa, vendas, humor ou seja pelo estágio na Startup.

Resumindo, acredito que este tipo de posição de quem está abrindo o seu capital para entrada de um Investidor em um negócio startup deve ser claro, conversado antes mesmo da assinatura dos compromissos. Se já tem investidores no seu negócio, é bom marcar urgente uma reunião para alinhar as expectativas.

Ahh! Aí você pode me perguntar: João e quando o investimento é feito em outra premissa, através do modelo de contrato Mútuo Conversível em participações? Bem, como é um investimento mais comum e a grande maioria deles é feita em empresas Ltda., esse tipo de divergência tende a ser menor, porque por padrão, existe uma participação maior do Investidor na operação, porém as mesmas expectativas devem ser setadas na partida, entender o papel de cada um, definir regras do jogo, as colaborações, enfim, isso tudo se torna, da mesma forma, fundamental.

Espero ter colaborado para que o Empreendedor defina o que precisa antes de buscar investimento e para que o Investidor tenha clareza do seu papel, do seu perfil e do ambiente que vai encontrar antes de apostar em Startups.

Estamos só no começo, muita coisa para aprender ainda. Como sempre digo, aquele que pensa que já sabe de tudo, é o que não sabe é de nada!

João Kepler Author
João Kepler Braga é um Empreendedor Serial; Especialista em Comércio Eletrônico, Marketing Digital, Empreendedorismo e VENDAS; Escritor e autor dos Livros: “O vendedor na Era Digital” e “Vendas & Atendimento”; Investidor Anjo, ex-conselheiro da Anjos do Brasil; Conselheiro da GCSM Global Council of Sales Marketing; Associado e Mentor na Seed Investimentos; Cotista e Mentor na Aceleradoras Start You Up e 85 Labs; CEO no Show de Ingressos que é a melhor Plataforma B2B de Event Ticketing Brasileira; Blogueiro e Colunista de diversos Portais no Brasil; Palestrante internacional; Premiado como um dos maiores Incentivadores do Ecossistema empreendedor no Brasil; Espalhador de Ideias Digitais e Melhores Práticas em Negócios.
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