Nestes quase 50 anos de vida profissional tive a oportunidade de conhecer um número muito grande de pessoas. Hoje, muitas sentem-se realizadas, umas felizes, outras nem tanto, mas a grande maioria apresenta um forte sentimento de frustração com a vida – Pessoas que não se realizaram profissionalmente e nunca se encontraram em suas atividades, apenas deixaram que a vida passasse por elas.
Neste cenário me deparei também com muitos profissionais que se encaminham para aposentadoria e que apresentam um arrependimento muito grande por não terem feito ajustes em suas carreiras e, nesta fase, convivem com o triste sentimento de – “agora não dá mais”.
Pessoalmente, sempre tive este receio, tanto que desde cedo aprendi a viver o momento presente e analisar com cuidado o caminho que estava percorrendo.
Algumas vezes lembro destas pessoas e ao fazer uma análise, percebo que aquelas que têm a sensação de frustração nunca tiveram ou não identificaram o seu propósito de vida. Nunca descobriram o que traria o brilho a seus olhos ou o que as faria sair para o trabalho com alegria em uma manhã de segunda-feira.
Noto também, que estas pessoas que nunca identificaram ou seguiram seu propósito de vida, mesmo inconscientemente, tinham conhecimento da realidade, fato que as deixavam desconfortáveis e, sem exceção, traziam às suas vidas alternativas para mascarar esta situação delicada, uma verdadeira troca para driblar a insatisfação e anestesiar a mente para não enfrentar o mundo real. Encontrei as mais diversas artimanhas com esta finalidade e entre elas o excesso na alimentação, o consumismo desregrado, a falta de foco, o álcool e até mesmo a prática da fofoca.
Muitos confundem propósito com objetivo de vida. Enquanto o primeiro tem um sentido de essência, o segundo está relacionado com o que queremos alcançar em um prazo definido.
Uma maneira mais simples de entender esta diferença é que o Propósito de Vida responde à pergunta “Para que”, enquanto os objetivos, “Por que”.
O propósito de vida:
- Orienta nossa trajetória existencial;
- Está intimamente associado à nossa identidade;
- É fundamentado em nossas crenças e valores.
Nosso propósito de vida é a lembrança de quem somos e do impacto que causamos no Universo.
Viktor Frankl, psiquiatra austríaco que passou o período da guerra em um campo de concentração, fala sobre seus companheiros em Auschwitz:
“As pessoas que possuíam um propósito em sua vida, alguém por quem lutar, um trabalho importante a terminar, mesmo naquelas circunstâncias extremas; eram mais resilientes aos maus-tratos e mais dispostas a resistir àquele período do que as pessoas que não possuíam.”
O tempo avança sem parar o que torna um perigo deixar para sermos felizes mais à frente, o momento é agora para descobrirmos nosso propósito de vida. Isto é tão importante que caso não consiga descobri-lo apenas praticando o autoconhecimento, sugiro buscar auxílio externo e um Coach experiente é a solução.
Viver alinhado com o meu propósito é tão marcante para mim que sempre que estou descontraído, ouvindo um clássico de jazz ou de música erudita, vem à minha mente o início da crônica de Rubem Alves – O tempo e as jabuticabas:
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui
para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que
ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente,
mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.”… minha alma tem pressa…
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