Dias atrás, fui convidado pelos editores de uma revista técnica para publicar um trabalho que realizei há dois anos. Naquela época, desenvolvi a pesquisa com todos os requisitos necessários de rigor e formatação para tentar entender alguns aspectos da prática do Coaching no contexto brasileiro. Certas evidências foram bem interessantes e, para esta sexta-feira, decidi trazer novamente uma das minhas conclusões relevantes.
O Coaching é planejado e executado tendo como foco levar o cliente a alcançar os resultados desejados. Há um referencial internacional (Global Coaching Community, 2008) para o qual as principais tarefas e competências necessárias para conduzir a intervenção de Coaching são: explicar sobre a contratação e a forma de avaliação; construir e manter relacionamentos; explicar o plano do desenvolvimento; facilitar a mudança e esse desenvolvimento; concluir o Coaching formal e fazer a transição para o longo prazo.
A mesma comunidade internacional de Coaching definiu também os principais atributos ou habilidades que promovem o desempenho superior no processo. O conjunto de atributos foi adaptado em categorias que, no interesse do meu estudo, foram usadas para compor as respostas dos Coachees sobre a experiência vivida no processo de Coaching, bem como a forma de conceituarem o que é “sucesso”. As categorias adotadas foram: Auto-ganho; Engajamento; Foco-Pessoal; Satisfação; Ação/Atitude; Foco-Carreira; Mudança/Transformação; Desenvolvimento; Orientado-metas; Sensibilidade; Ética/Integridade; Energia/Assertividade; Parcerias/Influências; Flexibilidade e Postura Crítica.
A amostra da pesquisa envolveu 224 respondentes brasileiros e os testes estatísticos permitiram que se chegasse a certas evidências. As respostas, em formato de texto com comentários sobre a experiência pessoal em Coaching, passaram por análise léxica e análise de conteúdo. A primeira conclusão que vou destacar é que não houve evidências de percepções diferenciadas por gênero (homem ou mulher).
Outro ponto que chamou a atenção foi que também não houve evidências de que a descrição da experiência em Coaching, por pessoas que já vivenciaram o processo e por aquelas que o estão vivenciando no momento, possa incluir diferenças determinantes no resultado da pesquisa (seja ou não essa atual experiência a primeira vez que o coachee vivencia o Coaching).
Em outras palavras, tanto pelos resultados obtidos com a análise léxica quanto pela análise de conteúdo, não houve evidências de que o tipo de relacionamento atual ou passado com o processo de Coaching gere influências em como o Coachee descreve a sua experiência pessoal. E os resultados reforçaram a expectativa inicial de que a descrição mostrou-se bastante correlacionada a ganhos cognitivos pessoais, ainda que, paradoxalmente, a maior parte das intervenções tenha nascido por demanda profissional.
Mencionando de outra forma, a abordagem dos respondentes sobre a vivência em Coaching ressalta, como um dos principais atributos do processo, os resultados positivos alcançados na dimensão pessoal, mesmo quando a origem do processo se deu por necessidades profissionais (de vários tipos e em vários níveis de qualificação). Poucos foram os Coachees que se interessaram por citar as metas e os objetivos tangíveis no trabalho; as evidências se deram em uma demonstração de satisfação pelos ganhos pessoais e cognitivos, aliados a suas mudanças e atitudes.
Concluindo, o Coaching trouxe satisfação e bem-estar para as pessoas, mesmo quando tudo começou por obrigação profissional e, curiosamente, até mesmo quando o objetivo inicial não foi alcançado na sua plenitude. E a justificativa para essa sensação positiva estava associada, diretamente, com a liberdade conquistada para exercer a autoconfiança, autodeterminação e a capacidade de reflexão. O que você acha disso? É essa a sua experiência no Coaching?
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