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Quando perdemos o nosso Impulso Vital

Em vez de experimentar a Vida em sua forma plena, temos a tendência de canalizar nossa energia para quatro atividades que perpetuam a insatisfação e geram conflitos internos.

O Impulso Vital é a manifestação pura e cristalina da vida; em sua forma íntegra, é livre de máculas ou obscurecimentos. Todos carregam o impulso vital desde o nascimento, o que faz com que um ser humano viva em paz e em harmonia. Enquanto uma criança não vivenciar experiências de manipulação, estresse, medos ou discórdias, ela se relacionará com pureza de coração, mantendo seu impulso vital preservado. Apenas pais com consciência elevada podem criar seus filhos nessas condições. Este ato de amor e coerência presenteia a sociedade com seres humanos mais plenos e felizes. O impulso vital sadio mantém na criança, e posteriormente no adulto, o direito pleno de viver, isso permite que suas ações sejam construídas com clareza de intenção. O direito pleno de viver está na base da postura condutora, por isso não haverá ataques aos demais e nem mecanismos de defesa; a pessoa manterá seu centramento e a conexão com a plenitude primordial. Feliz da pessoa que pode manter seu Impulso Vital intacto, sem máculas!

Por outro lado, devido a inúmeros obscurecimentos, o Direito de Viver da criança, desde a tenra idade, vira alvo de experiências negativas. Muitas pressões e obrigações são vivenciadas sem que a criança tenha preparo para lidar com elas, como é o caso da alfabetização precoce, de uma agenda de compromissos cheia, da exigência de bom comportamento constante, da repressão de suas reações naturais como o choro e a reclamação, tudo para que seja possível receber carinhos ou elogios como recompensa à obediência.

Dentro de um contexto de desenvolvimento enfermiço, ocorre, portanto, a quebra do Direito Pleno de Viver, o Impulso Vital é represado, como se houvesse o cessamento da liberdade natural, uma morte interior silenciosa e que termina provocando uma sensação de não direito à vida.

A criança perde seu elã natural e age como houvesse uma morte interior, torna-se uma espécie de robô, pois seu direito de viver foi cerceado por uma rede em disputa. A preciosa integridade do seu impulso vital agora está nas mãos dos pais ou adultos que a cercam.

Para recuperar sensações do direito pleno de vida, a criança necessitará de aprovação dos pais, e assim se submete aos caprichos, regras deveres e obrigações, sempre para receber aprovação, elogios, carinhos ou condecorações.

Instala-se um mecanismo comportamental inconsciente de atitudes para receber aprovação ou atenção – de forma positiva ou negativa – como se isso recuperasse a liberdade e o Direito de Viver ainda que de uma forma fugaz, uma ligeira sensação.

Com o Direito de Viver obscurecido na vida adulta, a pessoa irá buscá-lo em ações que aparentam ou simulam a obtenção de vitória, conquistas, aplausos, atenção, uma busca constante pela imagem vitoriosa. No afã de obter mais status, ela foge do que é essencial, e termina encontrando nessas falsas conquistas subterfúgios e drenos da energia da Vida. Essa postura viciosa mantém o ser humano aprisionado a uma ilusão de suposta recuperação do Direito de Viver.

Assim, no lugar de experimentar a Vida em sua forma plena, temos a tendência de canalizar nossa energia para quatro atividades que perpetuam a insatisfação e geram conflitos internos. São estes:

1. BUSCA DE DIREITO

BUSCA DE DIREITO é caracterizada pela busca de sensações superficiais que autorizem o direito de viver. O Direito funciona como uma ilusão: só teremos a sensação de que temos direito de viver se tivermos uma boa (ou péssima) aparência, se tivermos um carro novo (ou um calhambeque), se tivermos ou não um certo “status”, ou se soubermos mais que os outros.

Já temos o Direito de Viver por estarmos vivos, mas, como fomos condicionados à ideia de que não o possuímos, drenamos nossas energias para as aparências, tornando a busca ilusória. Manter ou reivindicar a estabilidade é uma busca de direito, assim como também é se defender, atacar ou se fazer de vítima. Nenhum destes comportamentos e posturas serão necessários para uma pessoa consciente e conectada com a Vida.

2. BUSCA DE PODER

BUSCA DE PODER, a falta do direito de estar vivo acaba gerando uma necessidade ainda maior, que é o  lt;/poder, representado pela posse de bens ou poder sobre pessoas. A necessidade de poder advém da insegurança que a falta do direito de estar vivo causa. Assim, procura-se ilusoriamente camuflar a insegurança buscando a posse e de diferentes meios:

  • fazer-se de forte, dominador, possessivo, coagindo pessoas;
  • fazer-se de tático, competindo e agredindo, e depois “salvando” a quem nós mesmos agredimos (estratégia política de partidos mais radicais);
  • fazer-se de fraco, agindo como dependente de outros e buscando alianças que alcem ao poder.

A própria busca pelo Direito passa a ser a justificativa para se buscar o Poder. Assim, Direito e Poder estão profundamente interligados. Quanto mais afastada da Vida estiver uma pessoa, mais ela ficará atrelada ao Direito e Poder.

3. BUSCA DO ALGUÉM,

BUSCA DO ALGUÉM, aqui a busca de direito de estar vivo está ligada a uma pessoa que nos autorize e aprove. Nossos pais, pelo cerceamento do impulso vital, passaram a representar o alguém que nos aprova, e, na vida adulta, geralmente substituímos os pais por uma pessoa do sexo oposto. Assim, nasce uma outra ilusão que é necessidade de ter alguém, para nos sentirmos com direito de estar vivos. Por isso, a busca incessante do alguém. Perder o alguém é o mesmo que morrer!

Se, algum dia, o alguém não nos aprovar mais, vamos querer nos livrar deste alguém. Assim, ora buscamos alguém, ora queremos nos livrar do alguém. O livrar-se do alguém tem um aspecto mais sério, pois conflita com o condicionamento do alguém eterno, quando então a melhor solução será a viuvez (quem já não desejou ou imaginou a morte do alguém?).

Para termos o alguém, aquela pessoa que nos autorize e aprove, usamos vários meios:

  • Busca por Fixação: próprio de pessoas mais impositoras: compra e sedução do alguém por bens ou sexo;
  • Busca por Dissimulação: próprio de pessoas mais oscilantes barganha com o alguém, busca de total fusão (simbiose) com o alguém, autoanulação mútua;
  • Busca por Rejeição: agressão, venda e rejeição do alguém, como forma de ter o alguém.

Obviamente, estes comportamentos e posturas são exemplos mais extremos e totalmente em desacordo com a Vida Plena. Uma postura sadia é a união de dois seres em complementariedade de dar e receber, de convívio amoroso pleno.

4. BUSCA DE HIERARQUIA

BUSCA DE HIERARQUIA, queremos sempre alçar nova posição hierárquica, seja no campo social (morar em bairro mais rico), seja nas relações mais imediatas, como as do campo de trabalho. É comum ver pessoas nas empresas lutando arduamente por uma promoção e, quando conseguem, não se sentem satisfeitas, já iniciam a luta por nova promoção. Uma postura viciosa sempre querendo conquistar novas posições e, uma vez alcançadas, perdem seu valor. Esta luta hierárquica advém da quebra de comunhão, que inviabiliza uma relação de igual para igual, gerando a necessidade de ascendência cada vez maior, ou então de nos mantermos os mais próximos dos modelos que seguimos, como por exemplo: os escolhidos, os de sangue-azul, nossa raça, nosso grau escolar, nossa posição ideológica/religiosa, nossas tradições, nossas posses, riquezas, etc.

As posições hierárquicas passam a ser aceitas e explicadas, racionalmente e logicamente, como um recurso que viabiliza e organiza as atuações, trabalhos e relações humanas, no entanto elas perpetuam o conflito entre os níveis, classes e raças.

Os jogos que se perpetuam na busca de hierarquia são:

  • fazer-se de superior, impositor;
  • fazer-se de conveniente, submisso;
  • fazer-se de inferior, insubmisso.

Todos estes drenos (direito, poder, alguém, hierarquia) não nos suprem de Vida, mas nos afastam dela, perpetuando as tensões em nosso corpo, em nossas relações. Estes drenos são ilusão construída pelo abafamento de nosso impulso vital sofrido pela série de condicionamentos e frustrações. Perdemos nosso impulso vital quando deixamos que crenças obscuras tomem lugar do que realmente é essencial na Vida. Em contrapartida, crenças são possíveis de ser alteradas, prisões mentais, na verdade, deixam a porta livre para quem não deseja permanecer ali. É preciso romper com velhos condicionamentos e paradigmas, transcendê-los!

Marcos Wunderlich é Empresário e Presidente Executivo do Instituto Holos. Pioneiro do Coaching e Mentoring no Brasil, é referência nacional em Formação e Instrumentação de Mentores e Coaches no Brasil com abordagem holossistêmica e complexa, tem mais de 30 anos de experiência profissional. Consultor, palestrante, Master Coach e Mentor de Executivos. Mentalizador do Sistema ISOR® um conjunto instrumental científico-pedagógico de Desenvolvimento de Pessoas e Organizações com base na moderna ciência e neurociência, na milenar sabedoria humana e nas inovações da administração. Filiado ao ICF – International Coach Federation. Consultor CMC – Certified Management Consultant credenciado pelo IBCO – Instituto Brasileiro de Consultores de Organização em convênio com o ICMCI – International Council of Management Consulting Institutes. Formado e pós-graduado na área tecnológica, tem várias formações no campo da Gestão e Humanidades,
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