Quebrando Expectativas: O Legado de John Cage para a Gestão e os Negócios
Inspirado em uma publicação do TED-Ed, achei que seria interessante expandir aquela abordagem para o mundo dos negócios. Aquela contribuição, apresentada por Hanako Sawada, uma educadora musical internacional, multipremiada, questiona e explora continuamente o aprendizado criativo nas artes e por meio delas.
Suas pesquisas incluem práticas inovadoras, interdisciplinares e equitativas no desenvolvimento do pensamento artístico. Então, vamos agora explorar a pergunta original trazida por Hanako: Qual a diferença entre música e barulho?
Segundo ela, no início da década de 1960, o compositor americano John Cage subiu ao palco de uma televisão americana para apresentar a performance que desafiaria nossa percepção convencional sobre música. Em vez de usar instrumentos tradicionais, Cage utilizou objetos domésticos comuns, como uma banheira, cubos de gelo e até mesmo um pato de borracha, criando uma peça por ele chamada de “Water Walk”.
Para muitos, aquilo não era música; para outros, era um espetáculo de criatividade sem precedentes. A polarização de opiniões que aconteceu naquela oportunidade ilustra o ponto crucial que transcende a música e encontra relevância no mundo dos negócios: a importância de desafiar expectativas e quebrar paradigmas.
No mundo dos negócios, assim como na música, existe uma linha tênue entre o considerado “música” – uma ideia ou estratégia bem-sucedida e aplaudida – e o “barulho” – ideias que parecem desconexas ou caóticas à primeira vista.
Muitas vezes, a distinção entre esses dois extremos é baseada em expectativas que temos e normas preestabelecidas às quais estamos acostumados. Empresas que buscam inovação são frequentemente desafiadas a olhar além do barulho e identificar a melodia que pode estar oculta nas ideias não convencionais.
Imagine uma empresa acostumada a seguir sua estrutura rígida e hierárquica. Qualquer sugestão que não se encaixe no modelo tradicional poderá ser, certamente, vista como “barulho” – uma desordem que deve se evitar. No entanto, assim como Cage demonstrou ao utilizar sons do cotidiano para criar arte, os líderes empresariais podem encontrar valor nas abordagens não tradicionais, as quais à primeira vista parecem caóticas e que, quando bem exploradas, podem se revelar incrivelmente positivas.
Tradições, padrões e normas culturais moldam as expectativas no mundo dos negócios, assim como na música. No entanto, para inovar, precisamos questionar tudo isso. John Cage explorou novas formas de música e buscou ultrapassar os limites convencionais, perguntando-se o que mais poderia ser, de fato, considerado música.
Da mesma forma, as empresas devem se perguntar: O que pode ser considerado inovação? Como podemos redefinir o que será nosso sucesso?
Um exemplo dessa desconstrução de expectativas é o advento do trabalho remoto. Antes da pandemia de COVID-19, a ideia de que os funcionários poderiam ser tão ou mais produtivos fora do escritório seria vista por muitos como “barulho” – uma ideia impraticável. No entanto, as circunstâncias forçaram a reavaliação, e muitas empresas descobriram que a “música” naquele “barulho” era, na verdade, uma nova melodia que ressoava com eficiência e produtividade.
John Cage utilizava o I Ching lançando as moedas, construía os hexagramas e, depois, traduzia em partituras. Dessa forma, introduzia elementos de aleatoriedade em suas composições. De forma similar, os líderes empresariais podem adotar a incerteza como parte do processo criativo. Isso porque o medo de falharem frequentemente impedirá o exercício da inovação.
O experimento de John Cage nos ensinou que o sucesso não reside apenas na precisão e previsibilidade, mas também na capacidade de criar experiências únicas e espontâneas.
Nos negócios, a tradução desse experimento pode significar gestores abertos a novas ideias, mesmo que elas não se encaixem imediatamente no modelo existente. O processo de experimentação, como o adotado por Cage, pode levar a descobertas inesperadas que redefinem a própria noção de sucesso dentro de uma empresa. Essa abordagem permite que líderes e equipes vejam valor no desconhecido e se sintam confortáveis navegando em águas incertas, confiando no processo inovador.
John Cage, que aqui nesta postagem aparece como o inspirador (certamente, ele teve muitos seguidores de destaque ao longo dos anos), ensinou que a fronteira entre o “barulho” e a “música”, ou entre o caos e a ordem, é muito mais tênue do que pode parecer à primeira vista. No mundo dos negócios, a lição aponta que a gestão inovadora requer coragem de desafiar expectativas. Explorar novas possibilidades e aceitar que “sucesso” nem sempre vem de forma convencional ou padronizada.
Em última análise, Cage não estava apenas fazendo música, mas estava mostrando como pensar de forma diferente.
Da mesma maneira, as empresas que desejam liderar em seus setores de atuação devem aprender a apreciar o “barulho” interno como potencial sinfonia de inovação.
Ao adotarem mentalidade aberta e disposta a quebrar paradigmas, os líderes e gestores podem encontrar novas “melodias” no caos aparente, transformando o que parece ser “barulho” na “música” que será a expressão de uma nova forma de “sucesso”.
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Até nossa próxima postagem!
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