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Quem Decide o Futuro? Reflexões sobre a Governança Global

Descubra quem realmente está no comando do futuro? Entenda como o multilateralismo, a tecnologia e as grandes corporações estão moldando as novas formas de governança e influenciando o rumo das decisões globais.

Quem Decide o Futuro? Reflexões sobre a Governança Global

Quem Decide o Futuro? Reflexões sobre a Governança Global

Todos os leitores sabem que dedico um bom tempo a acompanhar estudos futuristas, sendo aqueles produzidos pelo Copenhagen Institute for Futures Studies (CIFS) parte de minha preferência. Neste mês de outubro de 2024, a revista Farsight, do CIFS, publicou um artigo com o título “Who’s in Charge of the Future? (em versão livre, “Quem está no comando do futuro?”), em que explora as possíveis formas de governança que podem surgir diante dos desafios globais contemporâneos e futuros.

Essa provocação é tão importante e atual, que motivou o desenvolvimento da postagem de hoje. Segundo o artigo da revista, diante de questões existenciais como a mudança climática, as desigualdades sociais e a instabilidade geopolítica, os sistemas tradicionais de governança estão sendo colocados à prova.

O texto questiona se o multilateralismo global, como o conhecemos, está se tornando uma relíquia. Novas formas de gestão e tomada de decisão começam a emergir, com a tecnologia e os dados desempenhando papéis cada vez mais centrais.

Uma das grandes questões abordadas no artigo é a sustentabilidade do atual sistema de governança global. Um sistema amplamente baseado no conceito de multilateralismo, simbolizado por organizações, como as Nações Unidas e outras estruturas internacionais.

O multilateralismo refere-se à cooperação entre várias nações para resolver problemas globais de maneira conjunta, como foi historicamente o caso em áreas como o comércio, os direitos humanos e as questões ambientais.

No entanto, o artigo questiona se este modelo de governança, desenvolvido no século XX, ainda é adequado para lidar com os problemas complexos do século XXI. Em um mundo cada vez mais fragmentado, com países adotando posturas mais nacionalistas e políticas de isolacionismo, o futuro desse sistema de cooperação é incerto.

Além disso, a publicação chama a atenção para o crescente papel que a tecnologia está desempenhando na formulação de políticas públicas e na tomada de decisões. Especialmente a análise de dados e os modelos baseados em inteligência artificial têm se tornado elementos centrais nesse processo.

Governos e instituições globais têm utilizado, cada vez mais, modelos preditivos para tomar decisões em áreas tão variadas quanto economia, saúde pública e planejamento urbano. No entanto, surge a questão de até que ponto poderemos confiar exclusivamente nesses modelos para enfrentar questões críticas. Questões como a crise climática ou a transição para economias mais sustentáveis. O artigo sugere que a dependência excessiva de dados e algoritmos pode desconsiderar fatores humanos e sociais que nem sempre são quantificáveis.

Essa confiança nos dados, embora eficiente em muitos aspectos, pode não ser suficiente para enfrentar os desafios éticos e morais que cercam problemas globais complexos. Outro aspecto importante discutido é o futuro do Estado-nação como principal agente soberano. Historicamente, o Estado tem sido o principal detentor da soberania, regulando e protegendo os interesses de seus cidadãos.

No entanto, o artigo coloca em questão se o Estado-nação continuará a ser o principal ponto de referência para questões de governança global.

Isso se torna especialmente relevante em um contexto no qual grandes corporações tecnológicas e até mesmo cidades globais estão começando a exercer influência significativa em temas que antes estavam firmemente sob o controle dos governos nacionais.

Por exemplo, empresas de tecnologia como Google, Facebook e Amazon têm um impacto global, com seus dados, infraestrutura e capacidade financeira, muitas vezes superando a de países inteiros.

Ao mesmo tempo, cidades globais como Nova York, Londres e Pequim já estão implementando políticas inovadoras em áreas como tecnologia, clima e economia. Essas iniciativas ocorrem de forma tão inovadora que muitas vezes transcendem as políticas nacionais. Isso sugere que o conceito tradicional de soberania talvez deva ser repensado em um mundo no qual os fluxos de informação, capital e poder estão cada vez mais dispersos.

A governança de longo prazo é outro tema central do artigo. Ele questiona se os sistemas de governança atuais, com foco muitas vezes excessivo no curto prazo, são capazes de lidar com os desafios das próximas décadas.

O exemplo citado é a Cúpula das Nações Unidas para o Futuro, que tem como objetivo promover o estabelecimento de mecanismos de governança de longo prazo. Essa iniciativa pretende criar marcos legais e políticos que transcendam ciclos eleitorais e interesses imediatos, promovendo abordagem mais estável para a governança global.

E o artigo pondera se iniciativas como esta terão sucesso, dado o caráter fragmentado da política global atual e a crescente falta de confiança nas instituições internacionais.

A questão subjacente a todas essas discussões é, essencialmente, quem estará no controle do futuro. O artigo da Farsight sugere que estamos em um momento de transição, em que antigos modelos de governança estão sendo desafiados, enquanto os novos ainda não estão bem estabelecidos. O multilateralismo, os dados e algoritmos, o Estado-nação e até as próprias instituições globais, como as Nações Unidas, estão passando por transformações que não foram plenamente compreendidas.

Nesse sentido, há uma incerteza sobre quem realmente detém o poder de moldar o futuro global. Em meio a essas incertezas, o artigo também sugere que novas formas de governança estão emergindo. Essas novas abordagens muitas vezes surgem de maneira experimental e em resposta às falhas percebidas nos sistemas atuais.

A governança local, com cidades e comunidades tomando decisões mais autônomas sobre questões como meio ambiente, transporte e inovação tecnológica, é uma dessas tendências.

Por outro lado, a colaboração entre governos e o setor privado, especialmente no campo da tecnologia e inovação, está se tornando um ponto central da governança contemporânea. No entanto, ainda se questiona sobre a divisão de responsabilidades na formação dessas parcerias.

A conclusão do artigo aponta para um futuro no qual a governança global será mais fragmentada e multifacetada.

Ao invés de confiar em uma única estrutura de poder ou em um único modelo de governança, é provável que diferentes formas de autoridade coexistam e até venham a competir entre si. Isso certamente trará novos desafios, como a necessidade de coordenação entre diferentes níveis de governança e a dificuldade de se chegar a consensos globais.

Ao mesmo tempo, essa multiplicidade pode permitir maior flexibilidade e inovação, abrindo espaço para soluções que talvez não fossem possíveis em sistemas mais rígidos.

Em última análise, o artigo destaca que a grande questão não é apenas quem estará no comando do futuro. A verdadeira questão é como nos organizaremos coletivamente para enfrentar os desafios que virão. Se será o Estado-nação, se serão as grandes corporações, ou qual será o grau de influência de algoritmos, ainda é uma questão em aberto. Além disso, as novas formas de cooperação global também entram nessa equação. Praticamente tudo ainda está por se definir.

O futuro da governança global permanece uma questão aberta, com muitas possibilidades e incertezas.

E agora, o que você leitor pensa dessa abordagem da revista Farsight? Você que é consultor, coach, mentor ou conselheiro, está preparado para conversar sobre esse tema com seus clientes?

De minha parte, vejo que essa tendência descrita pelo artigo deixou de explorar uma questão fundamental. Essa transição projetada exigiria que a humanidade estivesse motivada e dedicada a construir uma vida sustentável, com menos egoísmos e radicalismos.

Será que isso será possível? Será que na beira do abismo entre guerras e crises climáticas a humanidade conseguirá construir consensos de governança?

Eis aí uma pergunta à reflexão de todos.

Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre os desafios e incertezas dos atuais modelos de governança global? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar e aprofundar o tema.

Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais ou, então, acesse meu site www.mariodivo.com.br.

Até nossa próxima postagem!

Mario Divo
https://www.mariodivo.com.br

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Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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