Quem pratica meditação não vira santo
Um dia desses passei por uma situação que me fez refletir muito sobre essa imagem que se cria em torno da pessoa que medita.
Estava eu em uma tarefa bastante estressante, no meio de um cenário caótico, e me sentindo bastante irritada! (sim, as pessoas que meditam se irritam, olha que coisa).
E foi aí, diante dessa situação que uma pessoa virou e me disse a seguinte frase: “Aproveite para usar todo seu conhecimento e experiência e não fique nervosa”.
Olha o tamanho da expectativa dessa pessoa em achar que simplesmente por eu ter conhecimento e experiências com práticas contemplativas, assim não ficaria nervosa.
E é aí que a coisa toda se põe à prova. É nas adversidades que cada minuto da minha prática vale a pena de fato.
Em tom baixo escolhi dar a seguinte resposta: Eu estou nervosa e não quero ser indelicada com você, por favor, se afaste.
Vejam que eu escolhi, eu não reagi. Escolhi inclusive cada palavra para responder. Sim! Eu estava nervosa, mas estar nervosa é diferente de ser impulsiva. E olha que já fui muito, mas muito impulsiva.
E o que aconteceu depois? A pessoa se afastou. E assim eu continuei o que estava fazendo, observando todo o meu nervosismo.
É preciso que as pessoas tirem essa ideia da cabeça de que quem medita se torna especial.
É por isso que tem tanto guru por aí ditando regra e sendo adorado. E quando suas falhas são descobertas, a frustração é proporcional ao tamanho da expectativa criada.
Não existe ser humano santo, especial, maravilhoso, abençoado. Não existe! Ser humano é composto por luz e sombra, ser humano é falho, é fraco, é vulnerável.
A prática da meditação pode sim nos tornar pessoas melhores, mas nunca isentas da raiva, da angústia, da tristeza, do medo, da dor, do tédio. O nome disso é robô.
O praticante de meditação não deixa de sentir nada disso. Ele apenas tem mais condições de saber o que vai fazer com tudo isso.
E sim, às vezes ele vai explodir, mas a questão é: quantas vezes ele vai explodir? Quanto tempo ele vai remoer? Quantas cicatrizes ele deixará nas suas relações?
É também para isso que o praticante medita. Para aumentar o tempo entre o estímulo e como vai responder a ele. É pela busca sem fim de equilíbrio, de equanimidade. Não é para se tornar santo.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre a prática da Meditação? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.
Silvia Cavalaro
https://www.silviacavalaro.com.br/
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