Acredito que, grande parte dos leitores dessa coluna não me conhecem pessoalmente, portanto, permita-me uma breve apresentação: Sou Juliana, mamãe da Laura de 2 aninhos, casada, buscando engravidar do meu segundo filho, administradora, desenvolvedora vivencial de líderes, empreendedores e profissionais em transição de carreira. Mas, antes da maternidade eu diria mais ou menos assim: Sou Juliana, administradora e empreendedora atuante na área de Recursos Humanos. Minha vida é uma loucura em meio ao casamento e ao trabalho que é minha grande paixão.
O que foi que mudou comigo? Tudo! As transformações que a maternidade nos apresenta são muitas, desde as mudanças físicas em um corpo que abrigou outro pelo período de 9 meses, passando pelas mudanças hormonais que oscilam e nos deixam um tanto quanto desnorteadas, até a que quero focar aqui, que é a mudança no estado emocional desta nova mãe. Se tem uma fase da vida que podemos dizer que “é permitido surtar”, essa fase se chama puerpério ou o famoso pós-parto. Nela todas as coisas se misturam: hormônios desregulados; dificuldades em se adaptar à nova rotina de vida; frustrações com a maternidade idealizada na gestação; contato com nossos sentimentos e lembranças antes não acessados; mudanças na relação conjugal; perda da identidade e individualidade…ai Deus, não é fácil! Agora me perguntem se vale a pena? Melhor coisa da vida!!! Ser mãe é, sem sombra de dúvida, o meu maior e melhor papel (tanto que já estou partindo para o segundo). Porém, não posso ser hipócrita! Vou comparar a maternidade à correr uma maratona: é simples porque qualquer pessoa pode fazer (já que correr é só colocar um pé na frente do outro e acelerar), mas é difícil, ou seja, não é qualquer um que fará bem feito e alcançará resultados incríveis. No caso da maternidade qualquer mulher pode ser mãe por isso é simples…é algo natural (seja filho natural ou do coração). Mas é difícil porque ser mãe é muito mais que dar a luz. Exite tanto preparo e adaptação quanto a um maratonista.
Mas existe uma forma, talvez a única, para passar por tudo isso mais leve e se adaptando ao máximo a todas essas mudanças que chegaram junto com o bebê. O nome desse milagre é autoconhecimento.
Sabemos que nunca nos conheceremos com total profundidade a ponto de sabermos exatamente todas as respostas e questionamentos internos, já que evoluímos constantemente. Mas garanto, a partir do momento que vamos nos conhecendo, entrando em contato com o nosso interior, com nossos sentimentos, checando a origem de alguns medos e tendo consciência das nossas atitudes e ações, vamos lidando com a maternidade de forma branda, suave, tomando decisões mais seguras e pessoais (digo por si, sem interferência de ninguém). Entendendo honestamente que você já não é mais aquela pessoa que foi antes da chegada do bebê e que jamais tornará a ser.
Nessa perda de identidade, muitas vezes perde-se junto a clareza do propósito o qual, até então, sempre deu sentido à sua vida porque agora, tudo ficou diferente. Falando por mim, sinceramente, não sabia mais quem eu era além de “a mãe da Laura” e parecia que eu não me lembrava mais do meu “porquê”. Aquele motivo que antes criava borboletas no meu estômago e um friozionho na barriga, se perdeu. Parecia que eu não tinha mais objetivos e nem metas claras. Tudo sumiu porque eu só conseguia me ver mãe! Meus outros papéis se anularam nessa fase. Precisei de tempo para me reorganizar internamente e me reencontrar. Pra mim, essa confusão interna maior durou apenas 27 dias porque depois desse período, fiz acordos com minha rede de apoio e voltei a trabalhar. Meio perdida ainda, confesso, mas estava de novo na ativa em busca, mais uma vez, da minha identidade e propósito.
Nesses momentos que eu tinha para me dedicar ao trabalho, tive também que fazer um “autocoaching” para me enxergar de forma realista, dentro dessa minha nova vida e também para reestruturação de objetivos. Eu não gosto de usar a palavra “sonho”. Quando o cliente me diz que “tem um sonho” eu digo a ele que quem tem sonho está dormindo e que primeiramente, ele precisa acordar, colocar data naquilo que ele até então, chamava de sonho e transformá-lo em meta para então correr atrás. Como disse antes: é simples mas não é nada fácil e o autoconhecimento aqui foi crucial.
Você que se encontra em alguma dessas fases citadas, pode pensar o quanto deve ter sido complicado me reerguer profissionalmente. Vou te contar o que fiz para chegar às respostas que eu perseguia até acalmar tudo dentro de mim.
Eu me fazia muuuuitas perguntas e vou compartilhar algumas delas para auxiliar você aí nessa sua busca:
- Você realmente AMA o que faz/fazia?
- Se o dinheiro não existisse, você faria o que faz hoje? Se a resposta for não, então, o que você faria?
- Quais dons você tem e gostaria de dividir com o mundo?
- No fundo no fundo, você acorda todos os dias pela manhã para fazer aquilo que seus olhos brilham? (Não estamos falando aqui sobre tarefas, mas sim sobre o que elas trarão como resultado ao final de tudo.)
- Quais são seus valores de vida? Aqueles mais profundos e que te sustentam hoje nesse processo de mudança tão grande? Escreva os cinco valores essenciais pra você.
As respostas para todos esses questionamentos me fizeram redescobrir meu propósito profissional, entender que podemos, sim, ter mais de um propósito em nossas vidas e mais ainda, alinhá-lo ao cumprimento dos meus outros tantos papéis. Mas para que isso se tornasse uma realidade, eu precisei mergulhar fundo no autoconhecimento e no planejamento para então entrar em ação. Aquilo que é nossa paixão já está dentro de nós e não precisa ser descoberta, mas apenas recuperada. E, por mais que busquemos outros caminhos ou opções, essa paixão vai sempre gritar mais alto e te levar a reencontrá-la.
A partir daí é confiar em você e fazer o que precisa ser feito. Ir ajustando, adaptando. Não esperar pelo momento ideal ou perfeito: ISSO NÃO EXISTE! Faça, treine, repita, aperfeiçoe. Eu não acredito em talento! Eu acredito em treinamento e ajuste. Só eles podem nos levar à maestria e excelência em tudo o que fizermos.
Me lembro tanto na adolecência de ouvir algumas pessoas falarem que duas amigas em específico, tinham “talento” pra ser mãe e nunca falarem isso de mim. Cresci com a crença de que não seria uma boa mãe, porque eu não mostrava esse talento aos outros e quando me descobri grávida, li todos os livros sobre maternidade possíveis e imagináveis na tentativa de despertar em mim esse “talento materno” ou um “chamado”, uma “vocação”.
Quanta ilusão. Sobrecarga de informação teórica que após o nascimento não me serviu para absolutamente nada! Maternidade é vivência. É experiência. É treinamento da vida real. Você vai tentando a partir das experiências de outras mamães que estão no seu círculo de relacionamento, vai adaptando, moldando, repetindo… até que se vê excelente. Sem falsa modéstia, sei que sou uma excelente mamãe. Mas precisei viver isso pra ter certeza. É assim também na vida profissional. Seu propósito já está dentro de você. Procure se conhecer que você o recuperará, porque ele já existe.
Você não deixou de ser quem você era antes do seu filho nascer. Ao contrário. Esse nascimento fez surgir também uma nova versão de você, atualizada e com muito mais funcionalidades. Reconheça-se, ajuste-se, adapte-se e seja ainda mais feliz sendo quem você se tornou hoje. Quanto ao seu propósito, se você ainda não o reconheceu, acalme-se. Dedique-se um pouco mais ao autoconhecimento que ele será clarificado muito antes do que você imagina.
Um dia todas nós vamos viver somente de histórias. Pense agora que histórias da sua vida você quer contar lá na frente para seu(s) filho(as) e neto(as)? Do que você quer que seu(s) filho(s) tenha(m) orgulho de você? A vida é um sopro e, quando deixamos as oportunidades passarem, também perdemos boas chances de evoluir e de conquistar o próximo nível em nossa carreira e também na sua vida.
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