Representatividade importa!
O que isso significa e qual a sua importância?
Segundo o IBGE, a população brasileira é constituída por 56% de pretos e pardos, 51% de mulheres, 6,8% de pessoas com deficiência. São 34 milhões de pessoas com mais de 60 anos e a tendência é esse número triplicar até 2050. O recorte LGBTQIAP+ ainda não entrou em pesquisas do IBGE, assim, não há dados oficiais que indiquem a sua demografia.
Apesar dos números mostrarem maioria ou uma porcentagem considerável de cada um desses grupos eles continuam sendo preteridos no mercado de trabalho e/ou sofrendo preconceitos.
De acordo com pesquisa do Instituto Ethos, apenas 8% de pretos e pardos ocupam cargos de liderança nas 500 maiores empresas e na sua maioria estão em cargos operacionais. 76% de pretos e pardos estão na linha da pobreza.
As mulheres recebem salários 25% menor que homens, ocupam apenas 11% dos cargos em conselhos e ainda são desrespeitadas por uma cultura machista.
Apenas 1% das Pessoas com deficiência estão em empregos formais mesmo depois de 31 anos da Lei de Cotas e sofrem capacitismo frequentemente.
O Brasil é o país que mais mata LGBTQIAP+ por conta da orientação afetivo-sexual e/ou identidade de gênero.
Mudar essa realidade parte do princípio de garantir a proporcionalidade nos espaços, ou seja, a relação entre o montante de pessoas no espaço (empresa, escolas, universidades, etc) e a quantidade dos grupos minorizados na sociedade (parcela da população que não são minorias em quantidade, mas em representação).
A representatividade tem como fator a construção da subjetividade e identidade de determinados grupos e indivíduos. Pode ajudar na formação da personalidade das pessoas, gerar autoestima, empoderamento bem como a confiança em si mesmo.
Ao receber diariamente essas informações, desenvolvemos ideias por meio das percepções e interpretações que fazemos sobre nós mesmos, os outros e o mundo a nossa volta. E que, ao serem solidificadas, formam as crenças limitantes que são visões equivocadas da realidade, contudo a enxergamos como verdade absoluta.
Quando os programas televisivos alocam as atrizes negras como personagens com funções que servem às pessoas brancas, como empregadas domésticas, também se cria – a partir de como são representadas – a subjetividade na população negra de que o seu lugar é aquele com pouco prestígio social e a serviço de outro(s).
A falta de representatividade ocorre desde muito cedo e pode ocasionar diversos problemas na formação de identidade, principalmente na infância. Apenas 6% de todas as bonecas fabricadas no País são negras, de acordo com pesquisa da campanha “Cadê Nossa Boneca?”, divulgada em junho de 2021 pela organização social Avante.
A bailarina carioca Ingrid Silva, integrante do grupo Dance Theatre do Harlem, em Nova York (EUA), que revolucionou um elemento fundamental do balé. Ela passou dez anos pintando a sapatilha de ponta com base de maquiagem a mão, para ficar na tonalidade de pele dela.
Esse pensamento de inferioridade gerado pela invisibilidade social se estende na vida adulta e no mercado de trabalho, ainda muito carente de ações de inclusão afirmativa.
A prova disso são os números apresentados no início deste artigo. E que ficam evidentes em eventos, por exemplo, quando são constituídos somente por palestrantes, painelistas com características dominantes (homens brancos, sem deficiência, cisgênero).
Ao mesmo tempo, quando uma mulher ou um negro alcança o cargo mais alto do governo de um país, por exemplo, a identificação dos grupos aos quais eles pertencem é quase que imediata. Cria-se a crença de que outras mulheres ou negros também podem chegar lá.
Ter alguém em quem se espelhar é fundamental para o comportamento em sociedade em quaisquer das etapas da vida. Ter alguém em posição de destaque e que possa ser visto como uma pessoa que representa certa parte da sociedade é importante para a manutenção de identidade saudável. Dessa maneira, cria-se um indivíduo confortável com as suas próprias características.
Para mudar esse cenário é preciso estar atento. Fazer o “teste do pescoço.” onde você estiver.
Mova o seu pescoço para direita e depois para esquerda e olhe ao redor quantas pretos e pardos, mulheres cis e trans, homens trans, pessoas com deficiência e acima de 60 anos usufruem dos mesmos espaços e direitos que você. Se esse número não for representativo e proporcional é porque alguma providência precisa ser tomada.
Caso você tenha autonomia para mudar esse cenário, é hora de ajustar a partir desta reflexão. E se não tiver autonomia, se posicione. Dessa forma, você contribuirá para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Conte comigo nessa jornada.
Gostou do artigo? Quer saber mais sobre a importância da representatividade e como contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva? Então entre em contato comigo. Terei o maior prazer em ajudar.
Luciano Amato
http://www.trainingpeople.com.br/
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