Resiliência, uma competência para gerir de forma estratégica, ecológica e cultural os recursos para enfrentar adversidades, mas e a Ética, acompanha?
Em 2009 vivíamos no Brasil uma crise aguda de ética tanto na economia, como na política.
Quando apresentei a validação estatística e cultural da escala de resiliência chamada QUEST Resiliência para o público brasileiro, um dos objetivos era contextualizar uma escala que contribuísse na promoção de fortalezas na pessoa, inclusive da ética.
Em paralelo, eu tinha em mente que precisava também trabalhar para que o tema da resiliência não se tornasse uma moda momentânea.
Em 2010 finalizei a estruturação da teoria chamada Abordagem Resiliente, baseada nos pressupostos da Psicologia Cognitiva. O intuito foi servir de alicerce a todas essas ações e aplicações que viessem ser desenvolvidas no Brasil.
Por aquele tempo, alguns “gurus” da comunicação estavam lançando livros no mercado dizendo que, dar a volta por cima, era resiliência. Com isso, erros de concepção foram disseminados na internet e impressa. E contribuíram para que o risco de “ser um assunto na moda” viesse aumentar.
Eu me refiro, por exemplo, às publicações que repetiam ideias como: “bom-humor e autoeficácia são os pilares da resiliência”, prejudicando o entendimento que bom-humor e autoeficácia são consequências de uma equilibrada autoconfiança e não o inverso. Estes gurus eram profissionais de marketing, de consultoria que não possuíam uma vida acadêmica focada em resiliência que trouxesse consistência ao tema.
No entanto, em congressos sobre resiliência, eu via claramente estar acontecendo tal consistência em países como Estados Unidos, Canadá e França. Eu ponderava que seria um lamento ver o Brasil ficar para trás nas pesquisas e programas científicos com a resiliência.
Na busca de produzir aplicações práticas para outros profissionais (que não fossem psicólogos), foi que em 2012 estruturamos o curso de especialização em Resiliência. Assim profissionais de diferentes formações pudessem também trabalhar com resiliência dentro de uma perspectiva científica.
A partir de então, vimos profissionais da administração, da economia, do direito, da pedagogia, da enfermagem, por exemplo, trabalhando com o tema, de modo seguro e sólido.
De lá para cá, outros temas acabaram entrando na moda, como CNV, Inteligência Emocional, entre muitos. Porém, resiliência acabou se tornando um tema presente nas universidades para pesquisadores interessados no equilíbrio físico e emocional, e não apenas no assunto do dia.
Resiliência tem tido uma enorme produção no campo da infância, da terceira idade e velhice, da enfermagem, da psicologia, da gestão de recursos humanos e em atividades como o incremento da qualidade de vida.
Vê-se que a definição simples de que é a capacidade de superar o estresse e voltar à condição anterior já ficou para trás. Em 2020, ela se mostra como uma competência de gerir de forma estratégica, ecológica e cultural os recursos de enfrentamento das adversidades.
Atentos a tudo isto e contribuindo de forma objetiva nessa produção de conteúdo e técnicas, nós da SOBRARE investimos no programa de Formação de Especialistas em Resiliência com foco na aplicação prática da resiliência para diferentes públicos.
A questão central é se manter atentos tanto às primeiras aspirações, como a estas novas demandas científicas no mundo pandêmico atual.
Tanto na perspectiva da ética do dia a dia, como nas pesquisas científicas, o conceito ou a definição de resiliência necessita seguir sua evolução no conhecimento, sem perder os seus fundamentos centrais que a identificam como uma das mais novas áreas da ciência contemporânea.
George Barbosa
http://sobrare.com.br/
Confira também: Resiliência, Ética e os fatores de proteção em tempos de COVID-19
Participe da Conversa