
Respeito e Reputação: O Perigo das Palavras Impensadas
“É preferível sofrer a injustiça do que praticá-la” (Inspiração Socrática)
Você já parou para pensar no poder devastador de uma conversa informal? Aquela que começa no cafezinho, se espalha como um vírus e, de repente, transforma-se em uma avalanche de julgamentos e condenações?
Na complexa teia social em que vivemos, a história de um indivíduo pode ser construída e destruída com a velocidade de um raio. Os espaços de diálogo e compartilhamento, muitas vezes se transformam em campos de batalha onde a maledicência e a difamação se tornam armas utilizadas com requintes de crueldade. Um comentário malicioso ou uma interpretação equivocada pode desmoronar, em segundos, a história de uma pessoa — essa construção social tão frágil.
A simples ação de oferecer carona a vizinhos, um gesto de cortesia e solidariedade, pode ser interpretada de maneiras diversas e até mesmo maliciosas, dependendo do olhar de quem observa. Aquele que ajuda, de repente, se vê no centro de olhares desconfiados, de cochichos maldosos, de julgamentos sumários.
E o pior de tudo é que, na maioria das vezes, o alvo da fofoca sequer tem a chance de se defender. A maledicência se espalha sorrateiramente, como um incêndio silencioso, consumindo tudo o que encontra pela frente.
Cada pessoa tem uma visão diferente da vida e dos enredos do cotidiano – ninguém tem a supremacia do certo ou errado – no máximo temos algumas regras de conduta, geralmente aceitas – apenas.
As palavras, como projéteis teleguiados, atingem seus alvos com precisão, ferindo a honra, a dignidade, o prestígio. As interpretações, como veneno insidioso, corroem a alma, envenenam as relações, destroem vidas.
A base ética da comunicação exige que sejamos responsáveis por nossas palavras e conscientes do impacto que elas podem causar. Antes de proferir qualquer comentário sobre alguém, é fundamental oferecer o benefício da dúvida e buscar, de fato, a verdade dos fatos.
Mais assustador sobre o que vemos e falamos sobre os fatos que assistimos, são as consequências para a vida das pessoas que são o alvo de muitos. Em geral, as pessoas que estão por qualquer motivo um pouquinho mais em evidência para um grupo – como por exemplo, uma figura pública, um chefe, um colega que demonstra genialidade em suas tarefas – normalmente, o objetivo dos comentários é diminuir, destruir, tornar vil.
A “fofoca” no judiciário
Em 2023, registraram-se 104.421 processos de crimes contra a honra em todo o Brasil, o que representa um aumento de 8,4% em relação ao ano anterior.
Os crimes contra a honra são mais comuns na Justiça Estadual, com 98.718 processos em 2023.
A maioria dos processos de crimes contra a honra se refere a casos de injúria (58,5%), seguida por difamação (33,4%) e calúnia (8,1%).
Diferentemente do que acontece nas redes sociais onde tudo é público, as “fofocas” maléficas do “café” vão destruindo a imagem e o objeto da perseguição e/ou difamação não sabe. Quando perceber, verá destruída a sua reputação e não saberá exatamente o que aconteceu.
Para Spinoza: “Não concordo com uma palavra do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la”. A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não podemos confundi-la com a licença para difamar e caluniar.
Que a sabedoria dos filósofos nos ilumine e nos guie na busca pela verdade, pela ética na comunicação bem como pela tolerância às diferenças. Que usemos nossas palavras para construir pontes, não para cavar abismos.
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Quer saber qual o impacto social e jurídico das conversas informais que envolvem fofocas e julgamentos precipitados sobre outras pessoas? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar sobre o tema.
Sandra Moraes
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