Retomada do Presencial nas Organizações com Resiliência
Mais um texto com essa conversa de Coronavírus? Não acaba nunca!
Olha, desta vez é diferente. Anunciada para fim de outubro deste 2021, a volta às escolas em São Paulo, Rio e alguns outros estados do Brasil é o sinal claro e concreto de que estamos em um movimento de retomada às atividades presenciais, em todas as esferas do dia a dia.
A covid-19 ainda não se foi embora, e, provavelmente, tão cedo não irá. Ficará conosco por bons anos, no entanto, fica sob controle.
Vencemos o novo Corona vírus? Não. Aprendemos a conviver com ele. Por ora!
Com a retomada do presencial, então novas perguntas vêm à mente.
A empresa irá dar, de fato, garantias concretas de um ambiente preparado para a convivência em grupos?
Esse é o assunto mais comentado por aqueles que estão retornando depois de mais de 15 meses em Home Office.
Eu tenho vários clientes que estão dizendo que preferem mudar de emprego a voltar à rotina de todo dia presencial.
Esse modo de pensar não veio por acaso. Não foi pouco o número de lideranças que desqualificaram o risco e utilizaram argumentos como, por exemplo: os que têm que morrer, morreram.
Dar garantias concretas de ambiente preparado depende de quanto a alta liderança acredita nos avanços e orientações propostos pela ciência. Muitas são as organizações que já estão com orçamentos aprovados para álcool em gel, placas indicativas e de orientação. Contudo, raras são as empresas que estão mensurando as perdas e dores que os colaboradores estão trazendo para dentro do clima organizacional, nessa retomada do presencial.
A grande maioria das empresas somente está organizando a retomada das atividades presenciais olhando apenas o espaço físico, como por exemplo: local, mobiliário, restaurante, conexões, infraestrutura, etc. Ocorre que há outros aspectos a serem avaliados com cuidado.
Em uma organização em que atuamos em setembro passado identificamos, dentre 184 colaboradores, que 74 deles informaram ter tido perdas de familiares. E 136 relataram ter tido mortes de pessoas que lhe eram “queridas e importantes”, como vizinhos, amigos e colegas de trabalho.
Não basta dizer: “foi a primeira vez que fomos confrontados com uma realidade como esta, por isso fizemos tão pouco” – se referindo apenas à oferta de trabalho remoto. Esses números alarmantes carecem de um olhar mais atento por parte de todos os líderes, para não faltar com a ética na existência humana. Nenhum trabalho deve ser executado com o sacrifício da vida. Caso contrário, em poucos meses esse exército de combalidos irá acusar o golpe.
O caminho está na média e alta liderança das empresas atuarem em colaboração com a ciência e a sociedade.
Sim, sociedade. Uma das grandes verdades que ficaram evidentes com essa circunstância de “trabalho e / com pandemia”, foi de que a decisão da empresa NÃO impacta somente aos colaboradores, mas sim, diretamente também nos familiares deles. O motivo desse impacto perverso foi de que o Corona vírus se propaga velozmente por meio de trabalhadores assintomáticos. Exatamente por meio daqueles que estão nos seus postos de trabalho.
Tivemos um diálogo com um cliente que nos foi bastante claro sobre esse cuidado da empresa e sua pessoa. O cliente nos procurou com uma queixa de baixa produtividade, engajamento e foco após várias situações com o Coronavírus entre familiares e conhecidos. Comentou de sua preocupação porque estava na empresa cerca de cinco anos e este não seria o melhor momento para uma saída. Sua explicação para o seu estado era de que havia, de fato, perdido muito do sentido da vida.
Na hora em que estávamos falando sobre os aspectos de horários, duração e valores, então ele se desconcertou. Havia acabado de se dar conta de que o valor de restituição do seu plano de saúde cobria uma parcela ínfima da consulta. Cerca de 30%. Ao que lhe perguntamos: Mas esta empresa tão famosa não investe em você? E ele me respondeu: tem investido em áreas técnicas, porque aí está a minha entrega, mas na minha pessoa… nada!
O trabalho está entre as três principais áreas do nosso viver. Tem que ser uma atividade que invista no ser humano como um todo. Uma possibilidade dura e perigosa para um futuro breve é termos uma população silenciosa nas empresas com problemas de saúde mental, envolvendo quadros de ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. Será um tiro de canhão em áreas que necessitam de perspicácia, tomada de decisão, criatividade, agilidade e produtividade.
Por fim, não só a vacina é a grande resposta.
Ela é para o aqui e o agora. Mas, para o amanhã, a resposta está também nos levantamentos de todos os fatores que estão corroendo a esperança de colaborares, como a qualidade e o número de perdas que tiveram e que estão tendo que enfrentar na retomada das atividades presenciais.
E é aí exatamente que entra a Análise de Contexto. Uma das áreas da nossa resiliência.
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George Barbosa
http://sobrare.com.br/
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