Olá! Começo o texto de hoje com uma confissão íntima: uma das coisas mais difíceis pra mim é aprender a confiar e ter fé. Vim de uma família que sobreviveu à 2a Guerra Mundial e eu fui criada na cultura familiar da desconfiança. Significa ter baixa confiança nas pessoas e, principalmente, um olhar apurado para a escassez. Não pra evitá-la, mas para mantê-la.
Sem julgamentos, vejo que cresci num ambiente que valorizava o que fosse quase impossível de se obter, desprezava o que fosse naturalmente abundante e desconfiava do afeto entre as pessoas. Assim, passei boa parte da vida tendendo a batalhar por migalhas, em qualquer área da vida, e me adaptando às situações que as geravam. A virada do jogo só começou a acontecer recentemente, quando de repente me dei conta de que conservei por toda a vida essa crença de não merecer ou acreditar na abundância. E, finalmente, com muita coragem no peito, tomei a firme decisão de abrir mão dessa forma de viver – o que vem transformando completamente minha vida.
Desdobre isso para além de mim, por que o ponto aqui é você e não eu. Claro que minha história de família me influenciou imensamente, mas estamos de alguma forma todos imersos nessa cultura da escassez. Não percebemos que há abundância e vamos atrás das migalhinhas, buscamos os relacionamentos que pouco agregam, queremos o peso/altura que não nos é ideal, validamos o chefe/parente/cliente que reflete nossa cultura e diz: “o que você está fazendo não é suficiente, quem você é não é bom o bastante”, o que gera uma angústia imensa. Então, vou te dizer: para sobreviver nessa cultura de escassez aprendemos a ficar de radar ligado no que falta, e não no que já somos e temos!
Não vamos esquecer de algo muito importante: o meio em que estamos nos conforma, e vice-versa. Se o seu ambiente, em qualquer área da vida, é de escassez, insegurança e sobrevivência, é a ele que você vai se moldar e vai continuar contribuindo para que ele se conserve como é. Não tenha dúvida. Mas, se você passa a reconhecer que o que você tem já basta, ao menos pra começar, a coisa toda começa a mudar de figura.
Tenho aprendido, a duras penas, que a jornada pra sair dessa mentalidade de escassez passa por alguns caminhos, e um deles eu já vou compartilhar com você. Mas, mais do que tudo, me dei conta de que este é um processo – ou seja, longo, nem sempre fácil e que demanda uma reflexão constante. Mas que vale MUITO a pena.
Fazer a passagem da crença arraigada no medo e na escassez para o novo padrão de emocionalidade, que é o da Validação de Si e do Sentir-se na abundância, é um dos pontos mais impactantes do meu trabalho de Coaching com alma – requer delicadeza e firmeza, mas sem perder os olhos amorosos sobre quem está ali. Não à toa escolhi fazer o que faço, e como faço: eu aprendo e me transformo junto! Depois que conseguimos passar por essa etapa, meus clientes me dizem que se sentem empoderados, grandes, corajosos… livres para viverem uma vida que passa a ter mais sentido para eles. Como não me sentir eu mesma liberta ao ver isso acontecer? É incrível e eu sou muito grata por isso.
Vou então pegar o gancho da gratidão e compartilhar aqui o que tenho feito comigo e com meus clientes do programa de Coaching individual. É uma atividade feita em camadas, relativamente simples, mas bastante potente. É a prática do Reconhecimento e Gratidão.
A gratidão, como já falei neste texto aqui, nos dá a possibilidade de reconhecer e obter aquiescência de tudo que já somos e temos. Praticá-la é, portanto, uma das ações mais poderosas e viáveis para sair da mentalidade de escassez e abrir as portas da abundância (e que traz resultados incríveis, em curto espaço de tempo.)
Atividade Prática:
1ª camada: Colecione agradecimentos
Quero que você comece a colecionar agradecimentos e a se encher de gratidão, literalmente. Seja bem preciso e escreva todo dia, do seu melhor jeito, ao menos uma SITUAÇÃO REAL que aconteceu no seu dia, pela qual você tem sentimento de gratidão. Depois, coloque o que escreveu em lugar visível. Para te inspirar: vc pode usar post its, cadernos, recados em painéis espalhados pela casa ou papéis colocados num potinho etc.
Dica: Quanto mais precisa for sua descrição, melhor. Exemplo: eu ontem agradeci por que minha vizinha ficou com meus filhos por duas horas e eu pude trabalhar neste texto.
2ª camada – Registre a sua reflexão, anote o que sentiu
A cada dia, após escrever, releia os papéis anteriores. Anote então o que sentiu ao lê-los em um caderno ou no seu blog, ou onde for. Você escolhe o melhor meio, desde que possa reler seus registros com facilidade. Você verá que, ao final de poucos dias, já terá um incrível material para reflexão. Opcionalmente, você pode compartilhar com alguém, como um amigo próximo, um terapeuta ou mesmo seu coach – os insights que tenho com meus clientes quando fazemos isso são poderosos (para eles e para mim também!)
3ª camada: Faça uma revisão e Conecte com as emoções
Ao final da semana, faça uma revisão geral, relendo todos os agradecimentos e também as reflexões. Conecte-se com as sensações positivas que surgirem (se vierem pensamentos negativos, escreva livremente e sem filtro sobre elas)
Essa etapa é fundamental. Se você conseguir seguir fazendo isso, aos poucos vai perceber o aspecto mais importante (e sutil) de todo esse processo: conectar-se e validar as emoções que são de fato ampliadoras de você, que criam campos de possibilidade e te libertam . Ou seja, você vai aos poucos aprendendo o que é se sentir bem, válido, confiante, abundante.
Não esqueça que abundância atrai abundância…não estranhe se coisas muito legais começarem a acontecer!
Mas me conta, tá? Quero saber o que aconteceu!
Com amor e com a alma (cada vez mais) livre,
Karinna
#160;
PS: Falando em filhos, toda noite, na hora de dormir, eu faço com eles uma rodada de gratidão e pergunto: qual a coisa mais legal do seu dia, pela qual vocês querem agradecer? É sempre uma farra, porque eles percebem que sempre tem muito mais do que uma só coisa legal pra agradecer!
PS2: Segundo uma especialista que ouvi recentemente num workshop, nosso corpo demora 28 dias para entender que algo mudou. E depois mais 28 dias para começar a transformar esse algo em um novo padrão. Mantenha a prática e calibre a fé – você verá resultados em breve.
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