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Saúde Mental: Se o problema é complexo, a solução também deve ser

A educação na Finlândia é reconhecida mundialmente por seus resultados. Um dos pilares dessa educação é a promoção da saúde mental. Como isso pode inspirar, de fato, mudanças aqui, em nossa realidade?

Saúde Mental na Escola: O que a Finlândia tem a nos ensinar?

Saúde Mental: Se o problema é complexo, a solução também deve ser

No meu último artigo (clique e leia) fiz referência aos desafios das escolas em relação à Saúde Mental, considerando que é a escola propicia, de fato, uma importante experiência institucional das conexões entre os indivíduos e suas relações socioemocionais.

Nós nos construímos e evoluímos através das relações que estabelecemos com os outros, sendo a nossa identidade um processo que é nutrido a partir da qualidade dos nossos diálogos interiores, bem como da interação com os outros.

A fluidez das trocas de informações e de experiências está ligada a qualidade das relações estabelecidas entre indivíduos, sendo essencialmente: a confiança, a valorização, o respeito recíproco e a estima.

Esse aprendizado na escola sobre valores e habilidades socioemocionais refletirão como um espelho nos comportamentos no trabalho, base para a criação de ambientes favoráveis e com segurança psicológica.

Por entender a importância das escolas na promoção e prevenção da Saúde Mental, trago entçao neste artigo a experiência na Finlândia, que há duas décadas é famosa internacionalmente por ter os melhores sistemas educacionais do mundo.

Seus estudantes de 15 anos ficam geralmente nos primeiros lugares dos rankings do Pisa, teste internacional que avalia conhecimentos em leitura, matemática e ciências, em 72 países avaliados.

As crianças do país só começam a frequentar a educação formal aos sete anos. Além disso, eles têm jornadas mais curtas, férias mais longas, poucos deveres de casa, não fazem provas e produzem resultados acadêmicos de altíssimo nível.

Apesar desse sucesso, a Finlândia está reformando seu sistema de educação. Algo que o país considera vital em uma era digital na qual as crianças não dependem mais apenas dos livros e das aulas para adquirir conhecimento. Desde 2017, tornou-se obrigatório para todas as escolas finlandesas ensinar de maneira mais colaborativa.

Agora, permite-se que os alunos escolham um tema que seja relevante para eles – e suas matérias se baseiam nessa escolha.

Uma das chaves da mudança foi fazer um uso inovador da tecnologia e de fontes de conhecimento fora da escola, como por exemplo, especialistas e museus.

O objetivo dessa forma de ensinar, conhecida em inglês como “project or phenomenon-based learning” ou “aprendizagem baseada em projetos/fenômenos”.

Na vida real, as disciplinas são fragmentadas, mas  o nosso cérebro não está dividido em disciplinas, nós pensamos de forma sistêmica. E quando você pensa nos problemas do mundo atual, percebemos que não demos às nossas crianças as ferramentas para lidar com esse universo intercultural, portanto sendo um grande erro fazer as crianças acreditarem que o mundo é simples. e que, se aprenderem certas informações, estarão prontas para encará-lo”, analisa Kirsti Lonka, professora de psicologia educativa na Universidade de Helsinque.

Entre as habilidades necessárias, segundo Kirsti, estão o pensamento crítico para identificar notícias falsas e evitar “cyberbullying” (ataques ofensivos pela Internet) e a capacidade técnica de instalar software antivírus e conectar o computador a uma impressora. “Aprender a pensar e a entender, essas são as habilidades que importam”, diz.

Uma das escolas citadas, foi a Escola Hauho. Ela está localizada em uma região de bosques e lagos, com apenas 230 alunos de idade entre 7 e 15 anos, com um ambiente acolhedor.

Os estudantes deixam seus sapatos na entrada. Em algumas salas, em vez de cadeiras, usam bolas de Pilates. Há barras nas portas para fazer flexão de braço. Os professores não se importam com o uso de celular na aula. Consideram bom que as crianças o valorizem como ferramenta de pesquisa, e não só para se comunicarem com os amigos.

Um dos projetos desenvolvidos foi com o tema da imigração, abordado em um momento em que o fluxo de pessoas entrando na Europa ocupava todas as capas de jornais de todo o mundo. O tema foi escolhido ao perceberem que muitos alunos tinham pouca experiência pessoal com imigrantes ou com a imigração.

O tema foi incorporado, por exemplo, às aulas de alemão e de religião. Os alunos de 15 anos tiveram de fazer pesquisas de opinião com moradores locais sobre a imigração e visitaram um centro de refugiados para entrevistá-los. Eles compartilharam suas descobertas por meio de uma conferência em vídeo com uma escola na Alemanha, que desenvolveu um projeto similar.

A reação dos alunos foi algo muito forte. Eles começaram a pensar e a questionar suas próprias opiniões. Os alunos consideram as aulas mais interessantes e divertidas.

Essa experiência da educação na Finlândia nos faz refletir sobre:

  • Como o aprimoramento de práticas é inesgotável, quando de fato orientado por um propósito de oferecer o melhor para os seus cidadãos;
  • Como os ambientes acolhedores favorecem a prática colaborativa são mais engajadores, interessantes e divertidos;
  • Como produzir bons resultados no exercício da autonomia na escolha dos temas, sem avaliações, provas, sem deveres de casa e estatísticas.

E o que a Saúde Mental no trabalho tem a ver com tudo isso?

Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre a experiência da Finlândia e como a educação pode promover a saúde mental na escola? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar a respeito.

Um abraço,

Regina Sotto Maior
https://www.estacaolideranca.com.br

Confira também: Saúde Mental nas Escolas: Um Desafio para o Futuro dos Jovens

 

Regina Sotto Maior é Psicóloga, consultora sênior e palestrante nas áreas do desenvolvimento humano, transformação organizacional e projetos educacionais. Especialista nas áreas de cultura institucional, liderança, facilitação de grupos, change management, executive e professional coach, mentoring, design de carreira e saúde psíquica no trabalho. Atua em diversos segmentos como automotivo, energia, óleo e gás, telecomunicação, segurança, tecnologia, saúde, alimentos, farmacêutico, cosméticos, hotelaria, varejo, serviços, pesquisa, programas sociais e governamentais. Na FAAP, atuou durante 18 anos como coordenadora dos cursos de pós graduação em Recursos Humanos e MBA, atualmente é professora na ESPM-Mentoria para Líderes e no curso de Especialização em Gestão de Pessoas em Saúde -SES-CRH-Governo Estado de São Paulo. Trabalhos apresentados em congressos nacionais e na América Latina, sobre a saúde no trabalho.
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