Olá!
Um feliz ano de 2016 para você, meu querido leitor.
Começamos o ano com muita expectativa e, como sempre, com desejos de prosperidade, sucesso de felicidade para todo mundo, como fazemos em todos os anos. Este ano, em particular, estamos vivendo uma ressaca medonha dos fatos acontecidos em 2015 que já está sendo chamado pelos especialistas de plantão como “ano de dois mil e crise”, tamanho o impacto da crise política e econômica que se abateu sobre esta nossa porção de terra que chamamos carinhosamente de Brasil.
Pensei em começar nossas conversas neste novo ano, falando de temas que são muito mais próximos da nossa realidade. O mercado está cheio de livros, vídeos, sites, correntes e demais instrumentos de marketing digitais voltados para os empreendedores e para as pessoas que pensam em dar uma grande virada em sua vida, como se a vida normal que conhecemos com empregos de 9h às 18h, carteira assinada e plano de carreira fossem uma grande maldição ou um lugar de onde precisamos fugir a qualquer custo.
O fato real é que existem muitas pessoas, que justamente ao contrário do que pregam os gurus, encontram nesta forma de trabalho e carreira não somente a esperada proteção e estabilidade, mas também, a realização do seu estilo de vida, sentindo-se úteis, valorizadas, reconhecidas e, por que não dizer, felizes.
Nas muitas vidas profissionais que vivi, passei um grande período atuando em cargos de diretoria e primeiro escalão das empresas nacionais e multinacionais que me aceitaram como seu executivo. Uma das nossas atribuições, que acontecia religiosamente no último trimestre do ano eram as reuniões de avaliação de desempenho e potencial das equipes. Nesta reunião, que mais parecia um tribunal, os profissionais de recursos humanos apresentavam uma a uma as pessoas que possuíam alta performance para que decidíssemos as promoções, assim como, apresentavam os de pior resultado e performance para que decidíssemos pela degola dos elementos.
Disto, alguns poucos eram promovidos, outros poucos eram degolados e na maioria, o grupo recebia algum benefício em caso positivo ou um plano de recuperação, caso a performance fosse ruim, mas não ruim a ponto de gerar uma demissão. Foram tantos anos nesta função que acabei por perceber que existia um padrão quase que antropológico onde algumas pessoas eram ovacionadas por realizações, às vezes, não tão sofisticadas, e outros tantos eram duramente criticados por atos que poderiam ser relevados, ou seja, as regras não eram claras e germanicamente transparentes quanto necessário.
Este aprendizado, olhando hoje pelo retrovisor, foi a base de muito que aprendi e apliquei em nossa metodologia de gestão de carreiras e relacionamentos, também conhecida como método CARMA.
De fato, existem algumas verdades que podem auxiliar e muito os profissionais, sejam eles querendo adentrar em uma organização ou, estejam eles na lista de potenciais demissíveis e esta é a lista que quero compartilhar com você, meu querido leitor:
Vamos começar pela fase mais difícil, a conquista de um novo emprego.
Muita gente que foi desligada de suas empresas possuía mais de dez anos de empresa e, portanto, há mais de uma década não precisava procurar por uma nova colocação. Diante da nova situação, voltaram ao processo conhecido e focaram seu discurso nos modelos tradicionais de buscar indicações, montar currículos e falar de passado como uma referência para o futuro. Obviamente que este é um caminho muito trilhado e a concorrência nele é imensa.
A maneira mais eficiente de diferenciar-se e conquistar a atenção dos entrevistadores é respeitando o segundo preceito do método CARMA: O valor depende do observador. Na prática, significa que você pode ter o melhor currículo do mundo, se seu entrevistador não perceber o que ele ganha contratando você. Nada acontece. Antes de sair procurando por qualquer empresa que te aceite, foque em suas habilidades, conhecimento e história anexando ao seu portfólio, além de um bom currículo, uma proposta de valor. Monte uma carta com no máximo três páginas e descreva como você pretende gerar valor para a empresa que te contratar, utilizando entre outras coisas:
- Sua visão sobre o mercado de atuação da empresa;
- Sua opinião sobre dificuldades que a empresa está passando;
- Suas ideias de como superar estas dificuldades;
- Algumas metas que você pretende se comprometer, caso seja contratado.
Dificilmente, sua proposta será ignorada. Eu pessoalmente utilizei esta técnica e conquistei excelentes posições, algumas em diretorias que sequer existiam. Foram criadas a partir da minha proposta.
Agora vamos para a parte mais simples: Não ser demitido.
Lembre-se que nos processos de corte de uma empresa existe, na maioria das vezes, uma decisão colegiada para estabelecer quem fica e quem sai da empresa. Novamente, a questão do valor em função do observador é levada em conta. As pessoas que decidem a lista de corte procurarão de todas as formas preservar pessoas que:
- Agreguem valor aos negócios
- Criem um bom ambiente de trabalho
- Cumpram com suas responsabilidades, com um mínimo de controle e gestão.
- Apresentem boas ideias e colaborem para o resultado do grupo
- Sejam “do bem” e não fomentem a discórdia
- Façam mais do que lhes é pedido
- Busquem se desenvolver e não somente esperar por cursos e formações financiadas pela empresa
- Sejam bem avaliadas por pares, superiores e subordinados.
Enfim, de maneira técnica e de acordo com os fundamentos do método CARMA, as empresas tendem a manter em seus quadros pessoas que possuam uma rede de relacionamentos favorável com uma quantidade maior de pessoas que possam atestar seu valor para a organização, para os demais funcionários e para o clima da empresa como um todo.
Esta rede de relacionamento é baseada na capacidade de iteração de cada pessoa com o seu entorno, associada à sua capacidade de entrega. Assim, de maneira simples, ficar fora da lista de corte envolve tão somente cumprir com as suas funções e metas, assim como criar uma extensa lista de aliados, através de interações positivas, considerando que cada aliado pode ter expectativas de valor diferentes.
Concluindo, a forma como atuamos em uma organização é baseada nos protocolos de interação que chamamos simplesmente de EU profissional. Ou seja, o personagem que executamos enquanto estamos no ambiente de trabalho.
Ficar fora da lista de corte exige que você conheça a si mesmo, conheça o que as pessoas esperam de você e utilize todas as suas habilidades para atender a estas pessoas, sem deixar de ser quem você, de fato, é. Parece simples, mas exige muita visão de mundo e autocrítica.
Pense um pouco e veja como você pode melhorar e muito sua empregabilidade.
Caso tenha dúvidas, comente este artigo. Será um prazer respondê-las.
Até a próxima!
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