Participo da elaboração e entrega de serviços que atendem escolas e famílias. Contamos com uma equipe multidisciplinar que visa o desenvolvimento humano, conciliando: nichos de coaching acadêmico e familiar, psicopedagogia, psicologia e nutrição.
Há dois resultados que ocorrem com maior frequência: aumento do rendimento escolar da criança/do adolescente e a melhora do relacionamento familiar.
Ao aproximar a família e a escola é possível conhecer com profundidade o que ocorre com o aluno. Não é raro oferecer ajuda aos pais e de pronto eles aceitarem. Contudo, há pais resistentes e que acabam por receber uma visita do conselho tutelar.
Trago uma situação que aconteceu recentemente. Um aluno do ensino fundamental fazia uso da Ritalina como droga prescrita ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Soube que havia diferenças entre o número de doses utilizadas pelos pais e a quantidade exata prescrita pelo médico psiquiátrica. A suspeita surgiu porque o menino estava dormindo em sala de aula.
Os pais acabavam por utilizar o medicamento mais vezes por não saberem lidar com o que denominavam por “excesso de energia do filho”. Eles aceitaram o convite para desenvolvermos possíveis soluções em conjunto.
Pedi que falassem com psiquiatra sobre o ocorrido. Pedi também um voto de confiança do médico em aguardar nossas estratégias pedagógicas à relação professor-aluno. A Ritalina foi suspensa por quatro semanas.
Semanalmente, a escola acolheu a família por meio de encontros presenciais; junto às frentes multidisciplinares ora comentadas. Recomendações foram feitas e propostas: promover o respeito a si e ao filho; ampliação gradual da qualidade do sono e da alimentação.
Por meio da academia docente pudemos desenvolver práticas de ensino: interessantes, prazerosas, desafiadoras e significativas. Procuramos conquistar a atenção e o foco do aluno; contudo, a nossa maior motivação era comunicar a ele que para aprender com amor, era preciso estar feliz e acreditar que tudo – absolutamente tudo – era passível de realização.
Aos poucos, o aluno nos trouxe que os pais estavam mais próximos: “Eles estão fazendo lição de casa comigo! Isto não acontecia faz muito tempo”. Ele também comentou sobre as aulas: “As aulas estão mais rápidas para mim. Os professores explicam o que tem que ser feito aos meus amigos e depois me explicam de outro jeito: de um jeito mais rápido, com figuras e exemplos! Estou feliz porque estou entendendo e consigo ficar sentando fazendo os exercícios”.
Os pais estiveram conosco para um último encontro – referente a este cenário em específico – após um mês de atividades realizadas. Nesta oportunidade, a psicopedagoga elogiou as mudanças de atitude e entregou – eletronicamente – os formatos e os conteúdos adotados às aulas do filho.
A academia docente pode replicar esses conhecimentos aos outros professores da escola. A repercussão foi positiva e publicações acadêmicas já estão em desenvolvimento – esta família foi voluntária à participação.
Houve também o retorno ao médico psiquiatra após o tempo determinado de suspensão do medicamento. Recebemos e comemoramos muito a notícia que chegara: a Ritalina não seria mais utilizada devido às mudanças realizadas pela família em conjunto com a escola.
Há muito que investigarmos e trabalharmos com equipes multidisciplinares para que os transtornos de aprendizagem sejam identificados e cuidados; bem como, desmistificados e ressignificados. O convite à participação das famílias é fundamental: é ela que escolhe viver o processo de cura.
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