Sobrevivência na Selva Corporativa
”O homem é um animal com instintos primários de sobrevivência. Por isso, seu engenho desenvolveu-se primeiro e a alma depois, e o progresso da ciência está bem mais adiantado que seu comportamento ético”. (Charles Chaplin)
A vida corporativa pode ser comparada a uma selva!
A fauna que habita a selva aprendeu que “não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” (Leon C. Megginson 1921 – 2010 – professor da Louisiana University); os animais sabem exatamente as situações e o momento em que podem e devem ser predadores e, ao contrário, quando não devem agir como tal sob pena de se tornarem alvo fácil para a caça.
E, no mundo corporativo não é diferente… Muitos e muitos profissionais veem suas carreiras descarrilarem simplesmente porque não sabem se posicionar nas diversas circunstâncias do dia a dia. Por outro lado, profissionais de sucesso têm em comum o fato de saberem quando devem assumir posições firmes (“predadores”) e identificam com clareza as circunstâncias em que devem sair de cena e observar para aguardar o momento oportuno (posição de “caça”); ou como dizia meu avô “ pássaro na época de muda de pena não canta”.
O que fazer então?
O primeiro e essencial passo é desenvolver o autoconhecimento – onde processos de coaching podem ser uma importante ferramenta de reflexão assistida. Em seu livro A Arte da Guerra, escrito há mais de 2500 anos, o general chinês Sun Tzu já dizia: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”.
Em seu livro As 48 Leis do Poder, o autor Robert Greene, tal como o florentino Nicolau Maquiavel, nos oferece algumas lições extremamente poderosas para sobrevivência na “selva corporativa”. Muitas destas “leis” ferem frontalmente os valores éticos e não devem ser seguidas à risca; entretanto, é importante conhecê-las e saber que muitos as praticam sem nenhum constrangimento. A seguir, listo algumas regras extraídas e adaptadas do livro que podem ser de extrema utilidade como estratégia de sobrevivência na “selva corporativa”:
Nunca confie demais nos seus amigos
Relações profissionais devem ser encaradas como tal; portanto, não privilegie aqueles considerados ”amigos” e que, em algum momento, poderão traí-lo; conquiste os “inimigos” e mantenha-os por perto, pois, estes, apesar das diferenças, tendem a ser mais leais.
Esconda suas intenções
Transparência é um traço de comportamento importante pois inspira e transmite confiança. Porém, evite informações desnecessárias e lembre-se, em algumas situações, é importante fornecer filtrar e selecionar informações a serem compartilhadas para poder agir livremente.
Fale menos e ouça mais
Este é uma regra de ouro; já dizia Platão: “os homens sábios quando falam têm algo a dizer enquanto os tolos têm que dizer algo”. Quando você tenta impressionar as pessoas e fala além da conta, perde o controle e quem fala pouco aparenta ser mais poderoso.
Proteja sua Reputação
Este é o alicerce de qualquer carreira; valores éticos devem ser tratados como uma constituição pessoal, respeitados e seguidos em todas os comportamentos e ações, seja no meio corporativo ou fora dele.
Atinja seus objetivos com ações
E, jamais com discussões que, quando desnecessárias geram sentimentos negativos nas pessoas. Evite batalhas que não pode vencer e privilegie a capacidade de influenciar dizendo às pessoas o que deve ser feito, porque dever ser feito e, algumas vezes, como fazer.
Evite o isolamento
A construção de castelos e fortalezas visando a autoproteção é um risco enorme pois dificulta e impede o acesso a informações relevantes da organização. Bons profissionais, ao contrário, constroem sólidas bases para servirem de apoio de suas ações.
Reinvente-se
Em um mundo VUCA e em constante mutação, profissionais tornam-se obsoletos com incrível velocidade. A recomendação é: atualize-se sempre, busque novos conhecimentos, desenvolva e aprimore as habilidades necessárias para sobreviver e progredir na carreira/profissão. E o mais importante: construa a imagem de alguém que está sempre ávido por novos conhecimentos e habilidades.
Aja no momento certo
O equilíbrio entre decisões fundamentadas na razão e a rapidez na adoção de ações é uma das habilidades mais admiradas no mundo corporativo; é preciso saber posicionar-se: falar e agir ou calar-se e esperar, de acordo com a situação.
Concentre suas forças
Faça uma análise “SWOT” listando seus pontos fortes e fracos; a seguir, enumere as oportunidades geradas por suas “fortalezas” e as ameaças decorrentes de seus pontos fracos. A partir daí, concentre suas energias e mantenha o foco sempre direcionado para seus pontos fortes e atue para minimizar o impacto das ameaças decorrentes de suas fraquezas.
É importante lembrar que, nas organizações modernas, uma carreira consistente e de sucesso somente será possível através de um processo contínuo de aprendizado para fazer face às exigências decorrentes da volatilidade e da rapidez com que ocorrem as mudanças tecnológicas.
Entretanto, o potencial de conhecimentos e competências só poderá ser explorado através das habilidades de relacionamento e da utilização de estratégias coerentes com a necessidade de estabelecer vínculos sustentáveis, essenciais para a sobrevivência no mundo corporativo.
Walter Serer
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