Lendo o capítulo 13 do livro do Yuval Noah Harari “ Uma breve história da humanidade” me deparo com as seguintes ideias que o autor traz em sua obra: quanto mais profundamente se conhece um perdido histórico mais se tem a clareza de que existem “estradas não percorridas”, por consequência, aqueles que têm apenas um conhecimento superficial sobre o período históricos tendem a “concentrar apenas na possibilidade que realmente ocorreu”. Nesse caso o autor usou a História como exemplo, creio eu por causa do mesmo ser Doutor nesta área do conhecimento, porém essa reflexão pode ser usada em todos os campos do conhecimento humano, bem como nas relações interpessoais.
Não consigo deixar de fazer um paralelo com a famosíssima frase de Sócrates: “ Só sei que nada sei”, tenho ciência que nesse caso o filósofo quis dizer muito mais sobre a humildade, porém me parece, assim como para Harari, que quanto mais estudamos o comportamento humano, em todas as facetas e origens possíveis, mais longe de uma certeza estamos. Como se fosse uma grande equação matemática que, quanto mais variáveis, mais o resultado se torna imprevisível. Ou como se o conhecimento fosse como uma ilha, sendo a sua área os fatos conhecidos e possíveis respostas, e o seu perímetro são matérias desconhecidas. Quanto mais a ilha cresce em sua área mais o seu perímetro aumenta.
O mesmo pode-se pensar em relação à profundidade de ilha. Se escolhermos um tema especifico para estudarmos com mais afinco estaremos nos aprofundando no mesmo, de tal maneira que, continuando a metáfora da ilha, a profundidade da ilha irá aumentar.
Se o desconhecido aumenta quanto mais tentamos conhecer o mundo, para que continuar nessa busca? Falando sobre conhecimento na área de humanas, o utilitarismo do mesmo deve ser questionado e até mesmo desvinculado. Isso ocorre porque a variável Humana não pode ser controlada. Portanto, na minha opinião, o conhecimento humano tem um único objetivo concreto, o autoconhecimento quanto indivíduo e espécie e a consciência da complexidade da história e convívio humano, dois componentes essenciais para podermos ser chamados de seres humanos.
Estamos passando por um momento muito delicado na história política do nosso país e não posso deixar isso de lado sendo colunista de um site com tanta visibilidade. Apenas digo duas coisas: primeiro, não seja neutro, em situações como essa, a neutralidade, matematicamente falando, fará com que um ou outro posicionamento ganhe, além disso, como já disse Dante Alighieri em sua famosíssima obra A Divina Comédia – “No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”. Por fim, política não é paixão, sei que estamos em um momento de medo, medo de continuarmos na atual situação econômica e política pois esta não está nada boa, mas não devemos deixar o medo, uma das paixões no seu sentido de falta de racionalidade, sobressair a razão. O medo, como qualquer paixão, clama por respostas rápidas e fáceis. A política não é fácil nem rápida, é um exercício da razão humana. Portanto lembremos da nossa complexidade quanto espécie e do nosso pressentimento a um todo social e político. O medo e o ódio andam de mãos dadas. O único remédio é o conhecimento. Independentemente da posição ideológica, apenas o conhecimento evolui a política.
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