Storyteller: Esqueça o PowerPoint e Seja um Contador de Histórias!
Hoje faço esta postagem inspirado por artigo de Carmine Gallo, professor e palestrante da Universidade de Harvard, ele que é autor de 10 livros publicados em mais de 40 idiomas. Esse conteúdo, publicado nos primeiros dias de setembro de 2023, motiva a que os profissionais passem a usar mais de recursos de “contação de histórias” do que fiquem se fixando prioritariamente no uso de softwares, a exemplo do PowerPoint (clique aqui para ler o artigo completo – em inglês).
Carmine começa por afirmar que, de acordo com a historiadora vencedora do Prêmio Pulitzer, Doris Kearns Goodwin, Abraham Lincoln tinha grande habilidade para simplificar assuntos complexos. Segundo ela, Lincoln sabia bem contar histórias, e fazia dessa competência uma poderosa arma de convencimento, entendendo que exemplos e narrativas concretas poderiam, simultaneamente, educar, entreter e emocionar seu público.
Já naquela época, ele foi capaz de conduzir sua vida de contador de histórias sem o benefício do PowerPoint ou outra facilidade tecnológica de apresentação – elemento básico nos dias de hoje. Carmine complementa sua tese afirmando que
“As ferramentas de comunicação mudaram desde que Lincoln presenteou as multidões com suas técnicas de contar histórias, mas nossas mentes não são preparadas para interagir com os seguidos tópicos de um slide. Nossas mentes estão preparadas para consumir conteúdos em forma de história”.
Como referência principal de sua postagem, aquele autor apresenta cinco estratégias a serem seguidas em qualquer apresentação. Compreender a diferença entre ser apresentador ou ser contador de histórias é fundamental para um educador ou palestrante envolver a plateia e despertar atenção.
1. Apresentadores abrem o PowerPoint. Contadores de histórias elaboram a narrativa.
Para envolver seu público, é necessário contar histórias. Infelizmente, muitos educadores ou palestrantes se esquecem disso e não colocam a elaboração da história como prioridade. A maioria dos apresentadores faz o que parece lógico e começam abrindo o primeiro slide. O modelo padrão do Powerpoint pede título e texto, geralmente na forma de lista com marcadores, que não é uma história.
A história é uma conexão de eventos contados por meio de palavras ou imagens, que nasce com um tema, tem momentos que chamam a atenção, protagonistas e conflitos, e uma conclusão satisfatória. Os slides, mesmo que sejam bem desenhados e projetados, não conseguem compensar uma história que esteja mal estruturada. A narrativa deve vir primeiro.
Portanto, antes de abrir o primeiro slide para começar sua apresentação, identifique uma história, exemplo ou anedota que dê vida ao assunto. Pode ser uma história pessoal (sempre muito poderosa), um estudo de caso ou um evento histórico. Ou, ainda, algo atual e relevante para a plateia. Os marcadores do Powerpoint não chamarão a atenção, a sua história sim.
2. Apresentadores usam texto. Contadores de histórias aplicam imagens.
Depois de identificar a história ou histórias que você planeja compartilhar, reúna recursos que darão vida à sua narrativa, tais como vídeos, gráficos ou áudio. Pesquisadores identificaram que o público se lembrará de cerca de 10% do conteúdo ao simplesmente ouvir uma informação. Mas o “efeito de superioridade da imagem” significa que, se ouvirem informações e virem uma imagem, reterão 65%.
As imagens também podem energizar assuntos que as pessoas consideram como tópicos “áridos”, especialmente em situações onde aparecem estatísticas e dados. Carmine, em sua postagem, explora um exemplo interessante, mas que pode ser estendido a muitas situações, quando o apresentador traduz os dados em gráficos codificados por cores.
Se quiser engajar melhor a plateia, construa uma apresentação que privilegie imagens para dar mais vida à história que você contará. Uma combinação de imagens e palavras melhora o aprendizado muito mais do que as palavras sozinhas. Certamente, é essencial que o apresentador faça uma boa avaliação sobre a plateia e as condições físicas do local da apresentação, quando usar som e vídeo.
3. Apresentadores despejam dados. Contadores de histórias humanizam os dados.
Carmine comenta que o cérebro humano não foi construído para dar sentido a grandes números. Os dados permanecem abstratos até serem colocados em um contexto, de forma que então as pessoas possam entender seu significado. E, tão importante quanto, entender o significado que terão para as pessoas.
Exemplificando, dados podem fornecer evidências sobre uma determinada tese ou afirmação, mas sozinhos não contextualizarão a história, pois somente as pessoas podem fazer isso.
Muitas vezes, podemos aplicar a técnica de “personalizar os dados”, ou seja, construir uma história fictícia em que personagens convivem e se beneficiam da informação transmitida pelos dados. O curioso é que, depois de algum tempo, quem assistiu à apresentação tenderá a se lembrar do contexto da história criada, muito mais do que daqueles dados que foram base dessa história. Portanto, quando tiver grande conjunto de dados para apresentar a uma plateia, adicione “um rosto às estatísticas”.
4. Apresentadores são previsíveis. Contadores de histórias surpreendem o público.
A maioria dos softwares de apresentação são enfadonhos, pois são previsíveis. Sabemos o que vem a seguir, ou seja, outro slide com marcadores, seguido por outro e mais outro. Uma boa história, porém, tem o elemento surpresa. Um exemplo citado por Carmine Gallo, é o de quando Steve Jobs apresentou o primeiro iPod, dizendo ao público que o aparelho poderia armazenar mil músicas.
Com o talento de um mágico, Jobs enfiou a mão no bolso da calça jeans e tirou o menor tocador de MP3 do mercado. “Mil músicas no seu bolso” tornou-se um dos slogans mais icônicos da história do produto. Muitas pessoas consideram Jobs um dos apresentadores de negócios mais competentes, pois para conquistar o público ele criava uma apresentação baseada em uma história bem elaborada.
O cérebro humano presta atenção às novidades, às reviravoltas e aos eventos inesperados. Nosso cérebro se anima quando detectamos algo que quebra um padrão. Não há limite para a criatividade do apresentador. Embora você não precise tirar produtos do bolso para chamar a atenção das pessoas, planeje surpreendê-los com algo (o desenvolvimento de uma história) que elas não esperam.
5. Apresentadores praticam silenciosamente. Contadores de histórias ensaiam em voz alta.
A maioria das apresentações de negócios comumente não são valorizadas porque os palestrantes esquecem que estão atuando, e não apresentando. Uma ótima apresentação informa, inspira, envolve e diverte. Em outras palavras, o conteúdo é parte do desempenho e, como tal, devemos ensaiar essa apresentação. Isso vale até mesmo na preparação de uma aula para um grupo de estudantes.
A maioria dos palestrantes folheia os slides silenciosamente ao se preparar para a apresentação. Os contadores de histórias ensaiam – em voz alta, praticando a entrega vocal, adicionando pausas adequadas e variando o ritmo de sua fala. Se um apresentador planeja ficar de pé na frente de uma plateia, ele assim ficará durante o ensaio, inclusive para treinar o movimento do corpo.
Embora não seja realista ou mesmo necessário praticar cada minuto da apresentação que terá uma hora, pelo menos devem ser bem ensaiadas a abertura, a conclusão e as histórias que se planeja compartilhar. Os participantes não se lembrarão de todas as informações que ouviram em sala de aula, mas é muito provável que se lembrem dos momentos da narrativa que você escolheu destacar.
Finalizando…
Carmine Gallo sugere, ao final de sua postagem, para que cada pessoa abrace e estimule o contador de histórias que tem dentro de si, acreditando que “contadores de histórias mudam vidas”. E ele também lembra que a vencedora do Prémio Nobel da Paz, Malala Yousafzai, deu voz a milhões de mulheres paquistanesas proibidas de frequentar a escola, usando de sua capacidade de oratória para conquistar corações não simplesmente recitando fatos, mas por meio de histórias sobre esses fatos.
Quando você se assume como contador de histórias, será bem melhor a apresentação que sua plateia terá. Os debates serão animados e os participantes ficarão inspirados a se aprofundarem no assunto. Ou seja, não deixe que o software de apresentação e a criação burocrática de slides atrapalhem uma apresentação que pode ser útil e interessante, conquistando atenção e retenção de conteúdo.
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Quer saber mais sobre como ser um contador de histórias para envolver a plateia e despertar atenção? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em explicar.
Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais ou, então, acesse meu site www.mariodivo.com.br.
Até nossa próxima postagem!
Mario Divo
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