Neste artigo vou trazer para vocês um novo olhar para a comunicação a partir de uma experiência com a qual tenho tido que lidar nas últimas semanas. Lidar com isso está sendo um desafio e me faz perceber o quanto ainda preciso exercitar a CNV – Comunicação Não Violenta.
Nossa comunicação pode nos levar a uma desconexão, que nem sempre percebemos, ou a uma conexão, que é o que desejamos produzir.
A situação com a qual estou lidando é a dificuldade de comunicação com uma pessoa, pois ela precisa ter razão. Já com outra pessoa existe uma flexibilidade na comunicação. Podemos dizer que a comunicação que desconecta vem por meio da dominância; e a que conecta vem por meio da parceria.
Na CNV temos uma metáfora que envolve dois animais que retratam essas formas de comunicação: o chacal representa o que desconecta e a girafa, o que conecta – lembrando que temos os dois dentro de nós, ou seja, um é a sombra e o outro, a luz.
Quando nos comunicamos de forma a produzir desconexão, estamos no piloto automático e isso pode acontecer quando nos submetemos à situação ou quando somos intransigentes com ela. O animal que simboliza esse tipo de comunicação é o chacal. O chacal é um animal que se alimenta de cadáveres e restos orgânicos, como a hiena ou o urubu. O chacal é maldoso e competitivo e tem uma visão curta, porque sua cabeça está perto do chão.
No piloto automático podemos ser dominantes, querer ter sempre razão; julgamos com base no certo e errado; punimos e recompensamos o que motiva as ações; evitamos sentir dor, somos exigentes; nos culpamos ou culpamos o outro ou fugimos.
Com o chacal podemos identificar o que está faltando, ou seja, as necessidades. Na medida em que fazemos contato com esse chacal, podemos convidar nossa girafa para acolher; assim é possível abrir espaço para a girafa manifestar-se e contribuir para que todos possam se sentir bem.
A girafa representa a comunicação que conecta, que fala a linguagem do coração, que é compassiva e empática.
Dentre todos os animais da terra, ela é o que tem o maior coração; tem uma visão fantástica por causa de seu longo pescoço; sua língua é tão grossa que acolhe os espinhos das palavras sem se machucar; e é tão forte que pode matar um leão apenas com uma patada, mas só usa quando precisa proteger a si mesma ou à sua cria.
Com a girafa o que prevalece é a parceria. Daí podemos ter conexão, empatia, o que é bom e contribui para o bem-estar de todos. O que motiva suas ações são os sentimentos e as necessidades; faz pedidos claros e objetivos e diz que deseja; tem uma escuta profunda, acolhe a dor e responde de um lugar que é bom para todos.
Como tem andado suas relações – com muitos chacais ou girafas?
A seguir, uma fábula hindu que talvez possa ajudar:
Os cegos e o elefante
Certa vez, um príncipe reuniu alguns homens cegos que iam conhecer um elefante pela primeira vez. Ele perguntou o que lhes parecia ser.
O primeiro cego apalpou a barriga do animal e declarou: “Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes…”
“Forte sim, mas não como paredes.”, respondeu o segundo cego que segurou na perna do elefante. “Parece mais bem um tronco de árvore.”
“Que palermice!”, disse o terceiro cego, tocando nas presas do elefante. “Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…”
“Vocês se enganam.”, retorquiu o quarto cego, que apertava a tromba do elefante. “Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…”
“Vocês estão totalmente alucinados!”, gritou o quinto cego, que mexia nas orelhas do elefante. “Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse um grande leque aberto…”
“Vejam só! Todos vocês estão completamente errados!”, irritou-se o sexto cego, tocando a pequena cauda do elefante. “Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.”
Os cegos se envolveram numa discussão sem fim, cada um querendo convencer os outros que sua percepção era correta e que os outros estavam errados.
Nenhum deles foi capaz de descrever ao príncipe a forma real do elefante.
E então, disse o príncipe:
“Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só uma parte do elefante. Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam juntar as experiências de todos e tentar imaginar como a parte que cada um apalpou se une com as outras para formar esse todo que é o elefante.”
Bibliografia:
ROSENBERG, Marshall – CNV-Comunicação Não Violenta
Curso Grok
Coaching em Resiliência – Sobrare
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