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Tao Te Ching e a Filosofia da Água: Lições Milenares para uma Vida Equilibrada
Todos os anos, o Instituto TED trabalha com um grupo de empresas e fundações para identificar potenciais criadores de conteúdo, buscando fornecer desenvolvimento de palestras individuais. O ponto culminante é em evento hospedado pelo TED, gerando uma biblioteca crescente de valiosas palestras que podem estimular a inovação e transformar organizações. Em Dezembro de 2017, Raymond Tang apresentou-se no evento e, no momento em que eu escrevo, sua palestra já aponta mais de 4,5 milhões de visualizações.
Assista o vídeo a seguir…
Tang é chinês, defensor da diversidade cultural e inclusão no local de trabalho, tendo fundado o Cultural Leadership Toastmasters Club para ajudar indivíduos a encontrarem e compartilharem seus “eus” e suas experiências culturais. A premissa de Raymond Tang é a de ajudar a unir o Oriente e o Ocidente explorando (e aplicando) a filosofia chinesa antiga no mundo moderno. Ele lutou com essa questão até que se deparou com o Tao Te Ching e uma interessante passagem comparando a bondade à água, ideia que agora está aplicando à sua vida cotidiana.
Na palestra, que vamos procurar resumir, Tang compartilha três lições que aprendeu com a “filosofia da água”. Ele iniciou a apresentação lançando uma pergunta à plateia:
“Vocês já se sentiram sobrecarregados logo pela manhã, com o celular cheio de notificações e a agenda que mais parece uma maratona de reuniões?”
E então se posicionou, ao afirmar que, por muito tempo, esteve preso nessa rotina: acordava, via as notificações, enfrentava um dia cheio de compromissos e, apesar de estar sempre ocupado e “produtivo”, algo parecia faltar.
Essa sensação de estresse e ansiedade era cada vez mais frequente, e Tang se via angustiado: “Como posso acompanhar tudo isso? Como encontrar realização em um mundo que muda tão rápido?” Durante bastante tempo, ele tentou resolver esse sentimento mergulhando em livros de autoajuda, conversando com amigos e familiares – mas quanto mais lia, mais ansioso se sentia. Era como se estivesse alimentando a mente com “junk food”, e sua saúde mental acabava ficando tão “obesa” quanto o dia a dia.
Foi quando, quase por acaso, Tang encontrou um pequeno livro que mudaria tudo: Tao Te Ching – O Livro do Caminho e da Virtude. Esse clássico da filosofia chinesa, escrito há mais de 22 séculos, tem apenas 81 páginas, mas cada uma delas é como um pequeno poema cheio de sabedoria.
E uma das passagens do livro foi marcante para ele: “A bondade suprema é como a água. Ela beneficia todas as coisas sem contenda. Na habitação, ela permanece aterrada. No ser, ela flui para as profundezas. Na expressão, é honesta. No confronto, ela permanece gentil. Na governança, ela não controla. Na ação, ela se alinha ao tempo. Está contente com sua natureza e, portanto, não pode ser criticada”.
De repente, todo o estresse e a ansiedade pareceram desaparecer. Tang decidiu, então, incorporar os ensinamentos dessa “filosofia da água” na sua vida, e na palestra compartilhou as três lições essenciais que aprendeu: humildade, harmonia e abertura.
1. Humildade: Aprenda a fluir sem precisar se exibir
Pense na água de um rio. Ela está sempre fluindo, ajudando a nutrir plantas e sustentando a vida sem precisar chamar atenção ou pedir reconhecimento. A humildade da água ensinou que não precisamos ter todas as respostas ou agir como se soubéssemos exatamente o que estamos fazendo. Devemos assumir como perfeitamente normal dizer “não sei” e buscar aprender com os outros.
Em vez de promover a própria glória, é muito mais gratificante incentivar e celebrar o sucesso das pessoas ao redor. Ao adotar uma postura humilde, Tang afirma ter conseguido formar conexões mais profundas e genuínas, descobrindo histórias e experiências que enriqueceram sua visão de mundo. Essa abordagem não só alivia o peso de tentar sempre provar nosso valor, mas também abre portas para um aprendizado constante e colaborativo.
2. Harmonia: Encontre o equilíbrio sem forçar as coisas
Imagine a água encontrando uma pedra no seu caminho. Em vez de bater ou tentar forçar uma saída, ela simplesmente contorna o obstáculo e continua seu curso. Essa é a essência da harmonia. Tang afirma que, quando começou a mudar seu foco de “provar valor” para “buscar harmonia”, percebeu como a vida ficava mais leve. Ao invés de lutar contra as situações, ele passou a se perguntar: “Essa ação trará mais equilíbrio para o meu dia e para o ambiente ao meu redor?”
Essa mudança de perspectiva permitiu trabalhar de maneira mais fluida com as circunstâncias, sem se deixar consumir pela pressão do sucesso ou pela necessidade de controlar tudo. Afinal, a natureza nos mostra que não há pressa, pois tudo se realiza no tempo certo. Ao aprender a trabalhar com o que se tem, aceitando obstáculos como parte do caminho, encontraremos a sensação de calma e de foco desejados.
3. Abertura: Esteja disposto a mudar e se adaptar
A água tem a incrível capacidade de se adaptar. Ela pode ser líquida, sólida ou gasosa, dependendo da situação. Essa flexibilidade a torna resiliente e capaz de enfrentar qualquer desafio. Assim como a água, precisamos estar abertos às mudanças. Vivemos em um mundo onde as carreiras, as tecnologias e até mesmo nossas próprias competências estão em constante evolução. Em vez de resistir, é fundamental estar disposto a aprender, desaprender e se reinventar.
Em ambientes de trabalho dinâmicos – como hackathons, onde equipes se formam para resolver problemas em prazos curtos – o diferencial não está na experiência acumulada, mas em se adaptar e colaborar. A abertura para novas ideias e a disposição para mudar não apenas nos mantém relevantes, mas também enriquecem nossa jornada pessoal. Permitir-se experimentar e enfrentar o desconhecido pode transformar desafios em oportunidades incríveis.
A conclusão que Raymond Tang apresentou foi capaz de provocar uma reflexão em todos os que o acompanhavam vivamente interessados.
Ele comentou que, quando se sente estressado, ansioso ou sem rumo certo, costuma fazer uma pergunta simples e direta: “O que a água faria?” Essa pergunta permite lembrar de sempre manter a humildade, buscar a harmonia e estar aberto às mudanças. A filosofia da água, inspirada num livro milenar, mostrou que a resposta para muitos dos nossos dilemas modernos pode estar em atitudes simples, mas profundamente transformadoras.
Ao invés de tentar controlar cada detalhe de sua vida ou forçar resultados, procure aprender com a sabedoria natural e deixar que a vida flua de forma mais leve e autêntica. Da próxima vez que se sentir sobrecarregado(a), lembre-se da água: seja humilde, busque harmonia e esteja aberto ao que a vida tem a oferecer.
Afinal, essa pequena mudança de perspectiva pode ser o primeiro passo para a jornada mais plena e realizada. Experimente adotar essa filosofia e permita que sua vida flua com mais leveza. Afinal, a resposta para viver melhor pode estar na simplicidade de se adaptar, acolher e deixar a vida seguir seu curso.
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Quer saber mais sobre como a filosofia da água pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade no cotidiano? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em conversar e aprofundar o tema.
Eu sou Mario Divo e você me encontra pelas mídias sociais ou pelo site www.mariodivo.com.br.
Até nossa próxima postagem!
Mario Divo
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