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Mediação ou Terapia: Qual a diferença?

Mediação e terapia são duas práticas que podem ajudar a resolver conflitos. Mas qual é a diferença entre elas? Explore as características de cada uma e como podem ser utilizadas para promover a resolução de conflitos de forma eficaz.

Terapia Familiar ou Mediação de Conflitos: Qual a diferença?

Mediação ou Terapia: Qual a diferença?

Essa é uma pergunta que escutei tantas vezes ao longo de minha jornada como mediadora que me impulsionou a fazer a Especialização em Terapia Familiar Sistêmica e vou compartilhar aqui com vocês leitores minhas reflexões sobre o tema.

A Mediação de Conflitos é uma atividade profissional que se pode chamar de transdisciplinar, pois se constitui da interrelação entre diversas áreas do saber. Tanto é que não é uma atividade a ser exercida por uma área específica do saber ao mesmo tempo que exige uma capacitação específica aos interessados em atuar como mediadores/as.

A Mediação nasce da integração de conhecimentos sobre Cibernética, Negociação, Comunicação, Teoria do Conflito e recebe influência da Psicologia, da Antropologia, do Direito, da Sociologia, da Economia e, no campo da Mediação de Conflitos Familiares, recebe influência da Terapia Familiar.

Assim como a Mediação, a Terapia Familiar Sistêmica desenvolveu seus aportes teóricos a partir de outros campos da ciência, como a Cibernética, a Biologia e a Teoria dos Sistemas. Assim, podemos dizer que ambas são fruto do pensamento sistêmico e compartilham suas teorias fundantes.

O pensamento sistêmico é o paradigma científico contemporâneo, que considera os múltiplos fatores que influenciam alguma situação, nos convida a mudança de olhar – da parte para o todo – e possui três pressupostos que interagem entre si: complexidade, instabilidade e intersubjetividade.

A Mediação e a Terapia Familiar Sistêmica também compartilham o lugar de prática dialógica. Ambas são metodologias que se desenvolvem a partir de um espaço de diálogo construído para permitir que as questões de conflito sejam trazidas por aqueles que são os principais interessados na solução, as próprias pessoas envolvidas.

O que pode diferenciar a Mediação e a Terapia é o objetivo de cada uma, bem como o papel da terceira pessoa que atua em cada uma dessas metodologias.

A Mediação visa a construção de uma decisão (pelos interessados) que solucione a situação de conflito e essa solução, pode ser jurídica ou não, envolve a construção de obrigações recíprocas (gosto de chamar de combinados), onde todos os envolvidos se responsabilizam pela mudança da relação.

O/A mediador/a facilita essas conversas, utilizando-se de técnicas comunicacionais, negociais e procedimentais da própria Mediação.

A Terapia, por sua vez, tem um espectro de atuação bem mais amplo que a Mediação. Na abordagem sistêmica os clientes vão construindo junto com o/a terapeuta os caminhos pelos quais querem passar e seguir. Alguns querem compreender as questões que estão vivendo. Outros querem melhorar a forma como tem se relacionado, como interagem. Outros companhia para pensar sobre os temas relacionados aos ciclos de vida e alguns querem resolver situações.

Algumas terapias podem conter mediações de conflitos e ajuda muito ao terapeuta também ter capacitação nestes recursos.

E as mediações, por que será que alguns dizem que parece Terapia?

Eu já ouvi colegas advogados fazendo esse comentário. Existem alguns fatores que explicam essa confusão.

O primeiro é a ideia que temos construída socialmente de que a resolução de conflitos é jurídica e por isso as pessoas acabam buscando por “quem está certo perante a lei”. No olhar sistêmico os aspectos jurídicos são apenas um dos múltiplos fatores geradores dos conflitos.

Existem questões sociais, familiares, psicológicas, econômicas e, principalmente, relacionais. E, para falar delas, é preciso diálogo, é preciso escuta atenta e curiosa, para entender que mais há por trás de uma situação de conflito.

Vou trazer um exemplo que me marcou muito.

Um pai fez um pedido de “exoneração de pensão alimentícia” (parar de pagar a pensão) por causa da maioridade do rapaz. Porém, conversando e escutando esse pai descobrimos que ele queria contato com o filho. Ele queria saber como era sua vida, como vivia, pois há anos não o via.

E, com a Mediação, acabou por se reaproximar desse filho e fazendo questão de lhe pagar a faculdade. São caminhos estranhos pelos quais as relações humanas passam e pelo qual “o que diz a lei” pouco ou nada responde.

Outro aspecto que gera confusão é a inclusão das emoções nas pautas de conversas da Mediação. Há quem ainda ache que de emoções só se fala em terapia. Ora, tantos estudos de neurociências nas maiores Universidades do mundo (e eu já falei aqui também sobre isso) nos mostram a importância da inclusão das emoções ao considerarmos tomadas de decisão, que é justamente o caso da Mediação.

E, para finalizar, quero ressaltar o aspecto comunicacional da Mediação. Isso até a Lei enfatiza. Isso é o que diz o Código de Processo Civil brasileiro:

“O mediador auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos”

A Mediação é dialógica, empodera pessoas no sentido de responsabilizá-las por suas próprias vidas, pela resolução de suas próprias questões, sem depender de um agente estatal para isso.

Não é terapia, mas acho que para quem se viu resolvendo de forma cooperativa seus próprios problemas é libertador e isso sim é muito terapêutico!

Gostou do artigo?

Quer saber mais sobre Mediação e Terapia Familiar Sistêmica? Então, entre em contato comigo e continuaremos essas conversas. Terei o maior prazer em ajudar.

Um abraço,

Juliana Polloni
https://www.linkedin.com/in/juliana-polloni

Confira também: É possível mediar nossos próprios conflitos?

 

Juliana Polloni é mediadora de conflitos em organizações e famílias, com experiência de mais de 15 anos de atuação. É facilitadora de conversações colaborativo-dialógicas com Certificado Internacional de Práticas Colaborativo-Dialógicas pelo Houston Galveston Institute, Taos Institute e Interfaci e especialista em Comunicação Não-Violenta. Advogada, Mestre e Doutora, coautora de livros, treinadora e palestrante com foco em comunicação, relações interpessoais e gestão de conflitos. Por meio da Plural Desenvolvimento Humano tem aperfeiçoado equipes de trabalho para uma melhor convivência e maior bem-estar relacional e emocional dentro das organizações.
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