Frequentemente tomo conhecimento de histórias de filhos que não conseguem se desvincular dos seus pais. Na televisão, surgem matérias sobre a “geração bumerangue”, sobre filhos que saem da casa dos pais, mas logo retornam por motivos diversos. Ouvimos também falar da “geração canguru”, sobre filhos que mesmo bem-sucedidos financeiramente, optam por permanecer na casa dos pais.
Num Processo de Coaching, uma das premissas básicas é a de que “o coachee tem as rédeas da sua vida” e por isso, cabe a ele tomar suas próprias decisões, fazer suas escolhas, colher a dor e a delícia pelo caminho percorrido, sabendo que somente ele é o responsável por sua vida.
Por isso, nada mais distante desta premissa do que filhos que não conseguem se desvincular dos seus pais. Os argumentos são vários: gostam do convívio dos pais, não querem abrir mão do conforto que adquiriram, valorizam a “casa, comida e roupa lavada” proporcionada pelos pais e nesta escolha, optam pela acomodação, por não correr riscos, por não saírem de sua zona de conforto.
Gosto de pensar que nossa zona de conforto não é propriamente um lugar confortável e sim um lugar conhecido. Passa a ter este nome de zona de conforto porque é conhecida, não nos trará sobressaltos ou grandes surpresas, sabemos o que vamos colher ali e o que podemos esperar de nossa zona de conforto. Mas por ser conhecida, será que é de fato confortável?
Ao fazermos escolhas corremos riscos, podemos nos surpreender ou nos decepcionar, apostamos com a vida, damos passos que nem sempre são seguros. Mas é isto mesmo que faz deste processo um processo tão rico: através das escolhas, amadurecemos, aprendemos, refletimos, tentamos novamente, erramos de novo, acertamos outras tantas vezes, vamos assim construindo nosso caminho e colhendo os frutos durante a caminhada.
Não deixe que outros tenham as rédeas de suas vidas. Não atribua suas escolhas a seus pais, os filhos são criados para o mundo e se você é pai e ainda não percebeu isto, está na hora de refletir. Se você é filho e também não se deu cota de sua acomodação, vale refletir também. Já disse Sócrates: “Uma vida não examinada não merece ser vivida”.
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