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Trabalhar: onde duas necessidades humanas se encontram

Mesmo que o dinheiro seja a causa motriz de nos levar a trabalhar, temos que lidar com outras pessoas no ambiente de trabalho. E quando essas pessoas não têm nada a ver com você, o que fazer?

Trabalhar não é a coisa mais agradável do mundo, mas necessitamos do trabalho para obtermos o meio de sobreviver em um mundo capitalista, o dinheiro. Mesmo que o dinheiro seja a causa motriz de nos levar a trabalhar, temos que lidar com outras pessoas no ambiente de trabalho. E quando essas pessoas não têm nada a ver com você, ou quando o tempo de entrosamento entre você e elas está sendo maior do que você imaginava? O que fazer?

Gostaria de introduzir uma reflexão de como a impessoalidade do dinheiro pode ser ruim, mas boa também, quando usada temporariamente, para nos trazer um pouco de paciência e a sensação de liberdade.

Vou me utilizar da relação de trabalho pois é a que, para mim, fica mais claro de visualizar o raciocínio que quero expor, pois é apenas no momento do trabalho que nós tomamos conta de duas necessidades cruciais: a sensação de pertencer a um grupo e o dinheiro.

Quando você vai trabalhar o objeto primeiro não é fazer amigos, mas sim ganhar algum dinheiro para se sustentar e talvez crescer na sua carreira. Perceba como o dinheiro é a causa motriz e como as relações humanas ficam em segundo plano. Isso é triste? Na minha opinião sim. Mas, imagine uma situação onde as pessoas com quem você trabalha não sejam do seu feitio, ou seja, não têm nada a ver com você, nem gostos nem valores, nem experiências em comum. E mesmo com você tentando se aproximar das pessoas, o entrosamento não acontece. Tudo bem, ninguém é obrigado a gostar de ninguém nem de ser amigo de ninguém. Então é nessa hora que a impessoalidade do dinheiro pode fazer com que vivamos essa situação de um jeito mais leve e, quem sabe, com paciência tal que o tempo de convivência se encarregue de construir as amizades. A impessoalidade do ditério é uma de suas características fundamentais, é a qualidade do dinheiro poder ser produzido independentemente de convivências harmoniosas entre seres humanos.

A impessoalidade do dinheiro irá tirar um pouco do nosso foco daquela situação chata e desconfortável que é a falta de convívio humano, para focarmos nos objetivos de estarmos trabalhando. Isso tira um peso dos ombros pois não nos sentiremos mais pressionados a fazer com que as pessoas gostem de nós de imediato, fazendo com que o dia a dia dentro do trabalho fique mais leve, mais suportável. E também com que a nossa relação com os colegas de trabalho fique mais verdadeira, já que não teremos mais de fazer tipo para que os outros gostem de nós. Lembrando que respeito é fundamental em qualquer relação, um pouco de simpatia auxilia muito no processo de socialização, por isso não estou dizendo para esquecer da existência das pessoas de modo que o dinheiro suba à cabeça. O que estou propondo é utilizar a impessoalidade do dinheiro ao nosso favor em situações que o convívio humano seja um pouco mais complicado, de modo a não desistirmos de um emprego que nos oferece uma boa remuneração e muito aprendizado.

Com isso espero ter criado algumas reflexões para tornar este mundo um pouco mais suportável, para que possamos continuar sendo quem somos, com nossas personalidades, mas também conseguir o meio de sobrevivência necessário deste mundo, o dinheiro.

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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