Agora eu entendo o que o meu professor de Física falou para mim e aos meus amigos quando estávamos no primeiro colegial e o que o nosso atual professor de História nos disse no começo do ano. A intensidade e velocidade que as mudanças irão acontecer na nossa vida nesse intervalo de tempo entre 14 e 18 anos. E não poderia ser diferente uma vez que nesse período é que somos apresentados ao mundo como ele realmente é e funciona. Como as pessoas realmente agem, seus pensamentos e valores. Diante dessa apresentação somos convidados a fazer uma participação especial nessa grande peça e teatro. Podemos ser atores que irão transformar a trama ou que irão fazer com que o caminho que está sendo trilhado continue sem maiores obstáculos. Nenhum é melhor ou pior que o outro. Vamos ter que fazer escolhas e tomar posições.
Virar adulto não é só fazer escolhas nem ter posições ou algo biologicamente programado, como se a partir dos 18 anos já tivéssemos total responsabilidade e consciência da abrangência das consequências de nossos atos. Conheço gente com mais de 40 anos que não assumem responsabilidade nenhuma e pessoas de 17 anos que já pagam as suas contas. Eu sei que é muito difícil sair do padrão de responsabilidade que hoje se igualou a arranjar emprego, ter uma renda fixa e se sustentar. Mas ser adulto é muito mais do que trabalhar, é ter que supervisionar e refletir sobre todas as suas ações e falas em todos os momentos. Como por exemplo, você ter o seu próprio carro e como isso afeta todo o resto da sociedade. Desconfortável, pois mexe na sua felicidade, na sua comodidade, no status e no sentimento de superioridade que um bem material lhe dá perante aos demais que não podem tê-lo.
Ser adulto é se dar conta que a maioria das suas ações não irão ter consequências individuais. É perceber que a sua liberdade é limitada por causa da sociedade. E mesmo assim, lidando com essa nossa expectativa de vida, tendo de se encaixar e fazer isso dar certo, ser um bom adulto, competente e responsável, ainda queremos ser felizes. Ainda queremos nos descobrir e seguir nossos sonhos.
Os próximos textos irão tratar dessa transformação que todos nós estamos passando nesse momento. Nada fácil, nada confortável, mas que não podemos fugir. O que podemos é tentar achar a melhor maneira de lidar com que essa transição não seja tão dura, árdua, penosa. Lidar com a nossa rebeldia e a raiva para que possamos fazer essa passagem e sair inteiros. Mudados, mas inteiros.
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