Um dos presentes que você ganha ao ter uma filha pequena é a possibilidade de olhar o mundo novamente com um senso de encantamento e surpresa. Como diz o educador Severino Antônio, as crianças fazem a leitura do real, do que nunca foi escrito. Ouvem vozes nas coisas e fazem perguntas primordiais. Por isso, elas podem nos ajudar a perceber o que é essencial. E com a chegada da minha filha, voltei a assistir alguns filmes infantis. Acredito que muitos deles possuem uma profundidade maior e mais elaborada do que filmes adultos.
Assim, gostaria de falar sobre três filmes que podem ajudar qualquer coachee a se conectar com seu propósito e vocação. São eles: O pequeno príncipe, Moana e A Bailarina. Todos nós sabemos que, muitas vezes, para acessarmos conteúdos mais profundos, precisamos de estímulos que vão além do mundo racional e de uma série de perguntas. A antroposofia aborda muito as três dimensões do ser humano: o pensar, o sentir e o querer. No geral, os adultos, ficam “presos” na dimensão do pensar. E assim, não conseguem se movimentar, pensam muito e agem pouco. Para ativar o nosso querer, a nossa vontade, precisamos encontrar o propósito e assim ativar o nosso sentir. Num processo de Coaching quando trabalhamos com arte, pintura e filmes, buscamos ativar essa dimensão do sentir que costuma estar “adormecida” nos adultos.
Então, vamos começar pelo Pequeno Príncipe. O filme do diretor Mark Osborne foi inspirado na obra clássica do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Para quem leu o livro, sabe que desde as primeiras páginas, somos convidados a descontruir o olhar quando ele mostra o desenho que muitos enxergam como um chapéu e na verdade é uma jiboia com um elefante dentro. O filme não busca reproduzir o livro, mas sim captar a sua essência. O enredo fala sobre uma menina que está lidando com sua mãe insistente que quer que ela cresça rápido demais. A mãe da menina quer que sua filha entre numa escola de renome, e para garantir que sua filha passe na prova de inscrição, lhe impõe um plano de estudo rigoroso para o verão que deixa muito pouco tempo para o lazer. A menina, no entanto, distrai-se com seu vizinho, um aviador aposentado que, ao longo do verão, compartilha com ela a história de um menino chamado “Pequeno Príncipe”.
O filme mostra bem esses dois mundos em que a menina vive: o das metas e planos exigidos por uma mãe executiva e o da imaginação e encantamento retratado pelo aviador aposentado. Além é claro, de mostrar que o “essencial é invisível aos olhos”. E ainda resgata a importância de nos conectarmos com nossos sonhos de infância e nos lembra que “o problema não é crescer, mas esquecer”. Quando trabalhamos no processo de Coaching com mapeamento biográfico, sabemos da força que existe quando um adulto se conecta com seus sonhos de infância e o ressignifica de acordo com o contexto atual. E assim, ao invés de esquecer, cria um plano de ação que resgata isso e não fica restrito na frieza e racionalidade de metas. O combustível para metas são nossos sonhos e desejos mais profundos.
Já Moana é um filme de animação produzido pela Walt Disney. O filme conta a história de Moana, a filha querida do chefe de uma tribo polinésia, escolhida pelo próprio oceano para reunir uma relíquia mística a uma deusa. Ela navega em busca de Maui, um semideus lendário e espera salvar seu povo. No filme, podemos perceber a força que existe quando nos sentimos conectados com uma missão. Desde pequena Moana se sente chamada a ir “além do horizontes” e sair da ilha. Contudo, tem que ter coragem para lidar com seu pai que não quer que ela saia devido a experiências negativas que ele teve ao fazer isso. Moana mostra que não sabe calar seu coração e que sente uma luz que a chama para ir mais longe. A sua grande busca é para saber quem é. Essa obra resgata a importância de nos conectarmos com a nossa missão e depois disso ter coragem para segui-la.
E por último, A Bailarina é uma animação francesa que retrata a história de superação de uma garota órfã que sonha em ser uma estrela do balé. Em 1869, a garota foge para Paris para realizar seu desejo de ser uma grande bailarina. Na capital francesa, ela adquire uma nova identidade e consegue uma vaga na Ópera de Paris. A partir daí, a vida da garota se transforma. O filme evidencia a importância da determinação, do esforço, de termos mentores na construção dos nossos sonhos. E também, que a vida não é um “mar de rosas”. Existem pessoas que surgem para te atrapalhar, as injustiças… É um filme lindo e que fortalece a importância dos sonhos. Para mim, algo muito significativo no filme é a grande pergunta feita pelo professor: “Por que você dança?” Uma das bailarinas responde “porque minha mãe me obriga” e Félice responde “porque sempre fez parte da minha vida, a dança me permite viver, me permite ser eu mesma”.
Enfim, recomendo esses filmes para que nós, como adultos, possamos nos inspirar em nosso processo de construção de sonhos. Afinal, o problema não é crescer, mas sim esquecer. E deixo a pergunta: Por que você faz o que faz?
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