Li um artigo publicado na edição internacional deste mês da revista Highlife, o qual me estimulou a reflexão que quero compartilhar com os leitores. Há um tema sempre presente na área de Recursos Humanos que é o cuidado com a imagem e a reputação pessoal. Qualquer profissional é avaliado não só pelo seu nível de competência e conhecimento, mas também por outros fatores que têm, na imagem e reputação, importância para lá de enorme.
É comum encontrar-se candidatos a vagas de emprego ou trabalho que não se preocupam com isso e encaram as entrevistas sem um mínimo de atenção com a roupa, asseio, linguagem de comunicação ou preparo específico para o tipo de ocupação que pretende (e daí em frente). Para mostrar o quanto uma reinvenção na imagem é forte o bastante para levar algo do ponto pior e mais crucial a um patamar diametralmente oposto, o artigo que citei detalhou como a cidade de Nova Iorque vivenciou uma mudança drástica, há exatos 40 anos.
A história é real e serve como estímulo à reflexão de cada leitor. Em 1976, Nova Iorque vivia um período absolutamente turbulento, com um déficit de bilhões de dólares, um alto nível de criminalidade, grande deficiência de serviços públicos e uma descrença geral da população quanto aos destinos da cidade. Nada desconhecido de nós brasileiros. As autoridades queriam reverter a situação, mas começar como? De que forma?
Foi contratada uma agência de comunicação para criar alguma campanha que começasse a estimular o turismo, melhorando a economia local e revertendo a autoestima do povo nova-iorquino. Entre os profissionais envolvidos estava o designer Milton Glaser, que já havia proposto alguns caminhos, sendo que nenhum deles tinha obtido consenso para aprovação.
Com a cabeça fervilhante em busca de ideias, Milton pegou um taxi, sentou-se no banco de trás e se dirigia para o escritório quando nasceu, subitamente, o que até hoje é considerado o símbolo mais famoso criado para uma campanha. A criação deu-se no verso de um envelope de papel, com um crayon vermelho (veja a imagem), que está guardado no Museu de Arte Moderna da cidade. Para alguns, essa imagem também é o primeiro emoji criado e, para o autor, ela representa o envolvimento que as pessoas têm com a cidade como um todo.
Ao criar o símbolo, que recebeu milhares de novas versões que exploraram e ainda exploram o amor pela cidade, o designer criou uma forma abstrata que conjugava geometria e cor. E também traduzia um sentimento e dava a resposta emocional que o momento vivido pela cidade precisava. O que ninguém pode negar está no fato de que tudo começou a mudar desde então, algo que foi convenientemente reforçado por novas campanhas que renovaram a forma, mas não o princípio de amar a cidade. Ah! Como seria bom se algo assim fosse feito consistentemente no Brasil, sem a já conhecida quebra de continuidade de tempos em tempos.
Como este espaço não é para tratar de política pública, valeu para resgatar um exemplo interessante que funcionou muito bem para o contexto complicado de uma cidade. E se lá isso foi possível, com toda a dificuldade que então existia, porque não pensar em como e para que caminho você pode trabalhar a sua própria imagem e reconhecimento pessoal? Se na sua avaliação isso está bem equilibrado e do seu gosto, maravilha e parabéns. Caso contrário, fica aqui o estímulo a você refletir sobre o assunto e aumentar as suas oportunidades na vida com uma definição que comece com “I ” e termine com o seu “Nome”!
Participe da Conversa