Seguindo o princípio já amplamente defendido neste espaço, aproveitar insucessos para consolidar lições aprendidas é sinal de inteligência. Quanto à nossa seleção, a rápida leitura dos comentários encontrados na mídia ou as análises de especialistas mostram certa unanimidade de que vários pecados mortais foram cometidos: na preparação do grupo, na alocação de perfis profissionais em cada posição, na forma de encarar dificuldades e, no geral, em não saber como crescer na adversidade.
A Copa do Mundo de Futebol envolve contratos milionários entre anunciantes e a mídia, promoções e interesses múltiplos que vão bem além dos estádios em que os jogos acontecem. Enquanto só há vitórias no roteiro, os erros, desvios, incompetências e improvisos acabam ficando de lado, escondidos para não colocarem em risco o conjunto de investimentos realizados, porém o insucesso deixa que as “verdades” se apresentem e passem a incomodar. Agora releia essa última expressão, com calma, e veja quantas vezes você já viu cenário parecido em que as vitórias encobriram os problemas, até surgir a primeira derrota. Nasce então uma avalanche de “verdades” incômodas cobrando atenção. Não seria melhor ter liderança hábil para identificar e tratar potenciais problemas antes que fujam de controle?
Agora, começam a surgir informações e diversos comentários sobre o cotidiano da seleção brasileira. Sem dúvida, o problema do equilíbrio emocional ficou tão evidente que até uma psicóloga foi convocada para falar com os jogadores. Isso sem contar evidências estampadas em vários momentos do grupo onde o foco, a maturidade e a preparação profissional facilmente deveriam ter superado essa questão. Não vou gastar espaço para relacionar situações que os brasileiros viram pela TV, mas onde estava a liderança do grupo que deixou esse problema crescer a níveis fora de controle? Pois então, nada complicado é identificar como situações assim acontecem no cotidiano de pessoas e empresas.
Outra questão que mostra o quanto a liderança frágil, para não dizer incompetente, pode complicar a vida do grupo está na falta de preparação, condicionamento físico e técnico, bem como na organização estratégica e tática que amplie as qualificações individuais e coletivas. Na Copa do Mundo, enquanto adversários treinaram à exaustão em horários de forte calor, forçando sua adaptação a condições adversas, os nossos jogadores eram envolvidos em atividades sociais e dedicação limitada em treinamento de campo. Nada diferente do que se vê em empresas que não investem na preparação dos profissionais e, ainda mais, onde lideranças deixam de acompanhar as dinâmicas da concorrência.
Sem a dedicação adequada em capacitação, fica difícil vencer um grande desafio. Desgaste emocional faz o quadro se complicar e, se a liderança estiver perdida em frente às adversidades, não há jeitinho ou jogada de sorte que possa resolver. Para piorar tudo isso, se o grupo profissional se delicia com um sambinha coletivo a caminho do desafio, sem espaço para mentalizar e ter foco em como vai se posicionar e agir, a derrota será praticamente certa. Peço agora que leia de novo o parágrafo como quem lembra não da seleção brasileira, mas de muitas situações que presenciou ao longo da vida.
Completando, o sucesso de um grupo interage diretamente com preparação, treinamento, engajamento e foco, equilíbrio emocional e, sem dúvida, uma liderança efetiva que saiba comandar em todos os momentos bons e adversos. Que a derrota brasileira na Copa do Mundo do Brasil deixe, como grande legado a todos os brasileiros, uma importante lição aprendida que transcenda o esporte e caia no mundo real de todos nós: Liderança, Engajamento, Foco e Controle Emocional são essenciais.
Participe da Conversa