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Vale Tudo para Vencer? Ética, Assédio e Cultura Tóxica nas Empresas

Assédio, pressão por metas e manipulação de dados: ainda vale tudo para vencer? Descubra como a cultura tóxica nas empresas impacta vidas e resultados — e por que a ética, mais do que nunca, deve estar no centro das decisões.

Vale Tudo para Vencer? Ética, Assédio e Cultura Tóxica nas Empresas

Vale Tudo para Vencer? Ética, Assédio e Cultura Tóxica nas Empresas

Um chefe inescrupuloso manipula dados da empresa enquanto transforma a vida de uma funcionária honesta em um verdadeiro inferno. Assédio moral, ambiente tóxico, jogo de poder. Parece enredo de novela? Pode ser. Afinal, Vale Tudo está de volta à televisão, em uma versão atualizada, e também traz com ela uma pergunta que, infelizmente, continua atual: vale a pena ser honesto? Dá pra subir na vida com honestidade?

A trama da novela foca nas relações entre personagens e nos seus contrastes morais. Mas e se ampliarmos essa lente? E se, em vez de personagens, falarmos de empresas? O quanto a honestidade empresarial ainda tem valor no mundo corporativo, em lugares onde a concorrência é acirrada e os holofotes estão voltados para resultados? Onde o importante é a meta batida, não importando muito como se chegou até o resultado.


A verdade é que os personagens do parágrafo de abertura — o chefe e a funcionária — poderiam estar em qualquer empresa perto de você. Talvez até mesmo na sua.

Ainda existem organizações onde o lucro no caixa e o cumprimento de metas são mais importantes do que qualquer valor ético. E nesses ambientes, os desvios de conduta são apenas a ponta do iceberg.

O que está submerso é uma cultura organizacional tóxica, em que manipular dados, pressionar subordinados e maquiar indicadores se tornam práticas naturalizadas. O problema é que, nesses casos, o navio que pode afundar é a própria empresa.

Casos de corrupção corporativa, fraude contábil ou manipulação de mercado estão sempre nos noticiários. Exemplos não faltam: escândalos como o de empresas envolvendo abusos contra funcionários ou até mesmo crimes, como assédio sexual e racismo. Para não falar de assassinatos, que até casos assim têm frequentado as manchetes.

Gigantes da tecnologia apareceram trazendo uma fachada de inovação, propondo ambientes descontraídos e, em tese, mais livres, mas o que temos visto é que repetem o mesmo jogo de sempre, cultivando ambientes onde o assédio está presente e os funcionários são levados à exaustão.

O que todas essas tramas revelam é uma cultura onde “jogar sujo” ainda é recompensado — com bônus, promoções e tapinhas nas costas. Ou seja, vale tudo.


Mas por que esses ambientes ainda existem? Por que o medo ainda é usado como método de gestão? Por que ainda são comuns líderes autoritários, “puxadas de tapete” incentivadas, rivalidades internas estimuladas — tudo isso em nome da performance?

Às vezes, fico até com um pouco com medo de propor algumas pesquisas, por causa do que elas podem revelar. Por exemplo: se fizéssemos hoje uma enquete – anônima, e isso é importante – com trabalhadores de diferentes setores, o que eles iriam escolher: modelos de gestão mais humanizados ou o velho conhecido ambiente de pressão e silêncio?

Talvez pudesse parecer meio óbvio que a grande maioria escolhesse a primeira opção, mas não sei. Não sei mesmo. Fico com a dúvida se essas pessoas não optariam por manter a toxicidade nos níveis atuais. Não por maldade, nem nada assim, mas por acreditarem que essa é a forma como o mundo funciona e a única para alcançar sucesso.

Durante muito tempo, foi o que foi vendido, gerações foram moldadas com essa mentalidade. Se olharmos para certos modelos atuais de líderes, vamos ver que as coisas não mudaram tanto assim.

Também não são raros os relatos de funcionários que, mesmo desconfortáveis, se submetem a esse jogo.

Talvez até tolerem ambientes tóxicos porque acreditam que, um dia, também estarão no topo da cadeia.

Alguns acreditam que querem chegar lá para mudar as coisas. Outros, para desfrutar das vantagens que certamente vão acompanhar a posição. Aqui também prefiro não pensar qual seriam as porcentagens daqueles que escolheriam uma ou outra opção.


Mas as coisas mudam.

Em Vale Tudo, temos aqueles que acreditam que tudo é permitido para se dar bem na vida, mesmo sabendo do rastro de destruição que deixam por onde passam, o que nem sempre é só metafórico. No mundo real, o desleixo com a segurança pode levar uma barragem a se romper, arrastando centenas de vidas e a natureza ao redor, ou a um assassinato no estacionamento, por causa de uma cultura mal desenvolvida.

Também fazem parte da trama aqueles que acreditam que a honestidade compensa, o que acredito que também tenha correspondentes no nosso cotidiano. São empresas que adotam culturas transparentes, com lideranças empáticas e horizontais, que têm atraído os melhores talentos.

Organizações que se posicionam com valores claros, que se preocupam com bem-estar real (e não apenas como discurso de marketing) colhem frutos sustentáveis a longo prazo. E, sim, são capazes de dar lucro — sem abrir mão da ética.

Nos últimos anos, o mundo mudou — e o mercado também. Quero acreditar que a ética será um valor que os consumidores vão cada vez mais levar em conta. A forma como fazemos as coisas importa. Sempre importou.

E aí, abro a pergunta: você, já vivenciou ou presenciou ambientes onde os resultados vinham a qualquer custo? O que aprendeu com isso?


Gostou do artigo?

Quer construir uma carreira sólida em empresas que valorizam a ética, colocam o bem-estar em primeiro lugar e contam com líderes que inspiram pelo exemplo? Então, entre em contato comigo. Terei o maior prazer em responder.

Marco Ornellas
https://www.ornellas.com.br/

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Marco Ornellas é Psicólogo, Master of Science in Behavior pela California American University e Mestre em Biologia-Cultural pela Universidad Mayor do Chile e Escuela Matrizstica. Pós em Neurociência e o Futuro Sustentado de Pessoas e Organizações.Consultor, Coach, Designer Organizacional, Palestrante e Facilitador de Grupos e Workshops em temas como Liderança, Complexidade, Gestão, Desenvolvimento de Equipes, Inovação e Consultor em Design da Cultura Organizacional.Autor dos Livros: DesigneRHs para um Novo Mundo, Uma nova (des)ordem organizacional e Ensaios por uma Organização Consciente.CEO da Ornellas Consulting e Ornellas Academy.
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