Quando do início de uma viagem aérea, voltando de alguns atendimentos de Coaching, detive-me, especificamente, na lembrança de um Coachee, que tinha atendido recentemente, bastante instigante pela forma com que, durante o processo, se expunha e deixava-se transparecer sem receios, mesmo que aquela forma criasse vários desdobramentos, nem sempre confortáveis.
No meu lado, como Coach, ficava encantado com o mundo de possibilidades que aquele Coachee me proporcionava. A atenção redobrada, pois o processo, além de rápido também necessitava ser pleno, focado e estimulante, para que a aliança baseada na confiança permanecesse, com uma interação total Coach/Coachee. E foi com esta memória que iniciei voo rumo ao meu destino final.
Após decolagem realizada, busquei a leitura em uma revista de bordo, e, “coincidentemente” algo me chamou a atenção: uma matéria com o título de VERDADES INCÔMODAS, com o excelente repórter investigativo, Caco Barcelos. Nesta entrevista, ressaltou o quanto a característica de ser investigativo, na sua profissão, o levava a deparar-se com a mais pura realidade e quanto este encontro podia, por vezes, descobrir situações incômodas. Refleti o quanto esta situação era análoga às atividades e aos reflexos do processo de Coaching.
Quase que imediatamente foi criado o link com os aspectos investigativos, questionadores, baseados em perguntas poderosas e em atenção plena do Coaching, e o quanto o resultado desta atuação nos leva, por vezes, a verdades que nos remetem à reflexão, buscando identificar a diferenciação entre verdade e apenas uma opinião.
Creio que, ao assumirmos a responsabilidade por um trabalho que se propõe a contribuir e estimular ao Coachee perceber a forma com que conduz a sua vida, suas atitudes, valores e crenças, bem como a, obrigatoriamente, quebrar paradigmas e se perceber como único responsável pelas suas decisões, não podemos achar e nem nos iludir que se trata de um processo fácil. No final será prazeroso e, possivelmente, recompensador, mas o caminhar pode ser tortuoso, e se construirá ao longo do caminho.
Cabe ao Coach, desde a coleta de dados do cliente, passando pela aliança e partindo para a busca da competência a ser desenvolvida, na forma de excelência, buscar que a verdade seja a grande vencedora, evitando-se a dissimulação nos depoimentos e a emocionalidade quando a razão se faz necessária para a autodescoberta do Coachee.
O processo de desconforto, durante os atendimentos, será resultante das descobertas, das “provocações” e das identificações necessárias ao processo. O Coach, além do entendimento das situações levantadas, verbalizadas ou exprimidas, até mesmo fisicamente, uma vez que o corpo fala, precisa, durante o processo investigativo e de encaminhamento para a reflexão, desenvolver um “arsenal” de perguntas, atividades e processos, em clima favorável, mesmo que incômodo, às vezes, mas construtivo, para encarar as descobertas que vêm à tona.
Além disso, cabe ao Coach, preferencialmente, ao término de cada sessão, e, obrigatoriamente, ao final do processo, ter os seus momentos de exposição junto ao seu cliente para tratar sobre a entrega final do trabalho, se houve sucesso ou não na demanda, o quanto de satisfação foi obtida no processo. Trata-se da hora da verdade do Coach, onde podemos tirar o proveito maior sobre o nosso desempenho e onde devemos refletir, repensar e aprender. O “grand-finale”. Onde os interesses se encontram.
Pois é… as verdades incômodas estão aí para os que não se escondem, ignoram ou se boicotam e são movidos por desafios, o que muito tem a ver com a nossa maravilhosa profissão. Os que entendem que por mais que possam doer, são verdades. Melhor, verdades perdedoras do que mentiras vencedoras. Trata-se da dor do crescimento. Então aprendamos com elas!
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