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Vida de aparências e sucesso – ou um ou outro

A necessidade de pertencimento de grupo leva, muitas vezes, a escolha de viver uma vida de aparências em busca de dinheiro e status.

Este ano está sendo marcado pela minha nova relação com o dinheiro. Uma relação de planejamento. Com certeza isso ocorre porque eu recebo e gasto dinheiro de forma obrigatória todo mês. E estes últimos se dão por causa do meu salário como estagiária e da minha mensalidade da faculdade, respectivamente. Como estamos em uma sociedade capitalista, um olhar de nos considerarmos ou melhor ou pior, ou mais ou menos eficiente em relação ao outro é estimulado para que trabalhemos mais em busca de um salário maior, ou seja, mais dinheiro. Mas não é apenas isso, uma superestrutura do capitalismo que se retroalimente é a divisão social do trabalho, e é aí que entra o status e a necessidade de pertencimento de grupo, o que leva, muitas vezes, a escolha de viver uma vida de aparências em busca desses dois elementos essenciais de uma sociedade capitalista: o dinheiro e o status.

A minha área de trabalho e estudo demonstra muito bem a junção desses dois elementos. Já escrevi em textos anteriores como o Direito pode muito facilmente ser usado para atingir esses dois objetivos já que graças ao seus status se ganha muito dinheiro e vice e versa. Mas, se essa profissão como tantas outras, consegue juntar os dois melhores mundos do capitalismo: o dinheiro e o status, conhecido por nós como “sucesso”, muitas pessoas, mesmo tendo os dois não se consideram vitoriosas ou felizes? Um dos motivos pode ser que, essas pessoas que conseguiram “sucesso”, sacrificaram a si mesmas nos seus pilares pessoais e valorativos e com isso foram o que não eram. Na psicologia temos o termo “ego”. O “ego” é como nos apresentamos a sociedade e o “superego” é onde se encontra nossos valores, nossas regras sociais. Quando não nos comportamos de acordo com aquilo que acreditamos vamos contra o nosso “ego”, psicologicamente falando. Se nós nos comportamos contra o nosso “ego” por muito tempo podemos causar uma rachadura nele. Em pessoas que não têm doenças sociais psicológicas essa rachadura causa dor e incômodo. Como posso me considerar alguém com sucesso se sinto dor e incômodo, já que todos os dias eu tenho que ser e fazer o que não sou para ter uma profissão ou posição de status e ganhar dinheiro?

Não quero aqui ficar na mesmice de “seja você mesmo que será feliz”, não que isso não seja verdade, mas sabemos que a vida de adulto exige decisões e experiências que nem sempre somos nós mesmos, além de ter motivos científicos para o sucesso estar ligado ao autoconhecimento e a personalidade de cada um, está ligado a ser fiel a essa personalidade, fiel no âmbito profissional e pessoal.

Por ser uma pessoa no início da vida adulta e estar trabalhando numa área que se ganha bastante dinheiro e ter status muito elevado preciso ter cuidado para o dinheiro não subir à cabeça, para não deixar o status superar a humildade que está sempre em desenvolvimento.  Não só para continuar sendo fiel aos meus valores, mas também para ser uma profissional que faça a diferença e transforme, de algum modo, a sociedade.

Beatriz Alves Ensinas é Estudante de Direito na PUC-SP, estagiando na área e em São Caetano do Sul, São Paulo. Depois de três anos contribuindo na coluna “De adolescente para adolescente”, iniciada por ela e depois tendo a parceria de Bruno Sales, a partir de agora ela é responsável pela coluna “De Universitário para Universitário”.
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