”Acredito ser uma verdade inquestionável que o cérebro humano trabalha em termos de modelos. O truque é fazer seu cérebro funcionar melhor do que o cérebro do outro, compreendendo os modelos mais fundamentais” Charles Munger, (sócio de Warren Buffett)
O universo corporativo limita a criatividade das pessoas levando-as a não utilizar plenamente a capacidade de criação e, portanto, condicionando-as à mediocridade.
Em tempos de profundas transformações, o acesso às informações cresce exponencialmente e a conectividade ultrapassa fronteiras outrora inimagináveis e, como consequência, estima-se que nos próximos 20 anos, mais de 1/3 das profissões irão desaparecer; de acordo com dados da OCDE, neste período, 14% dos empregos serão eliminados e 32% sofrerão profundas alterações por conta de novas tecnologias.
Esta tendência faz com que aflore uma característica inata de todos os seres humanos: o medo; a utilização da parte do cérebro chamada de reptiliano – o mais primitivo e responsável pela sobrevivência – é estimulada desde a tenra infância fazendo com que sonhos sejam sufocados e projetos abandonados. Este traço de comportamento adquirido nos primeiros anos de vida atinge seu ápice na vida adulta; depois de cursar uma “boa faculdade” e ingressar em uma “grande empresa”, tal qual “gatos gordos” que se contentam com uma dose diária de ração, pessoas são transportadas para a chamada “zona de conforto” e ali permanecem até que alguém resolva tirá-las de lá – para o bem ou para o mal. E, então, por que não ser o protagonista da própria história? Para que mudar? Qual a necessidade de enfrentar riscos?
Isto me faz lembrar a história de um filhote de águia encontrado na floresta por um camponês e deixada em um galinheiro fazendo com que, com o tempo, se comporte como uma galinha. Um naturalista, ao chegar na propriedade, fica estarrecido com o que vê e debate com o camponês sobre o que a águia poderia fazer – um acredita na força instintiva de sua natureza de águia, enquanto o outro contra-argumenta que o condicionamento na qual ela foi criada é irreversível. Depois de muito insistir em treinamento, o naturalista consegue livrar a águia das limitações que lhe foram impostas para fazê-la voar e, assim, permitir-lhe conhecer novos horizontes e partir para aventuras até então inimagináveis e desconhecidas.
O que muitos ainda não entenderam é que o mundo está mudando sem pedir licença e que aqueles que não se libertarem de suas amarras e não aderirem às mudanças serão literalmente excluídos deste novo mundo que se aproxima.
No mundo corporativo, o que, além da falta de ambição, faz com que que pessoas caiam na armadilha e permaneçam prisioneiras em suas gaiolas douradas? Simplesmente, elas gostam do que fazem e acreditam em suas competências (que a cada dia vão se tornando mais e mais obsoletas) e não se dão conta que devem aprender coisas novas e, principalmente, assumir riscos.
O que fazer então para que profissionais deixem de ciscar em busca de grãos como faz a galinha para alçar grandes voos e, de fato, viver como águia. Os “dez mandamentos” a seguir fornecem algumas indicações:
- Defina o seu propósito – pois nas palavras de Victor Frankl, neuropsiquiatra e sobrevivente do holocausto: “Quem tem um ‘porquê’ enfrenta qualquer ‘como’ ”;
- Obtenha novos conhecimentos e habilidades: aprenda coisas novas todos os dias;
- Desenvolva o autoconhecimento e, por consequência, a autoconfiança e não dê ouvidos às críticas;
- Vença o medo e deixe a paralisante “zona de conforto” onde a permanência é alimentada pela necessidade de segurança e sobrevivência. Um bom exemplo é a história de Howard Schultz que de funcionário de uma empresa que vendia grãos de café torrado teve a visão de vender café espresso e transformou a Starbucks em uma rede mundial de restaurantes;
- Tenha foco direcionado para o presente e a visão para o futuro;
- Seja proativo e evite a procrastinação;
- Tenha objetivos específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e datas para conclusão – (SMART): isto vale para a carreira e para a vida pessoal;
- Questione conceitos amplamente aceitos e mantenha sua mente sempre aberta a novas experiências;
- Desenvolva a resiliência para lidar com o que der e vier;
- Aceite os desafios e encontre respostas durante o trajeto, mude sua estratégia e suas táticas de acordo com as mudanças – seu caminho dever ser representado por uma trilha não por um trilho.
Assim, o mais importante é a constante busca por novos conhecimentos e habilidades para enfrentar uma longa e difícil corrida de obstáculos para não cair e perder-se pelos escuros e pantanosos caminhos da obsolescência profissional.
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