Tenho viajado com mais frequência, neste período de início de ano, o que em parte me atrapalhou no compromisso que tenho com o leitor desta coluna, que é o de atualizar nosso conteúdo todas as 3ª feiras e 6ª feiras, em cada semana. Assim, começo por me desculpar pelo fato e comentar que, curiosamente, está nessas viagens a minha inspiração para o texto de hoje. Vem comigo?
Aliás, com a expressão “Vem comigo” faço homenagem ao meu grande amigo Goulart de Andrade, um jornalista de primeiro nível e que, a partir dessa chamada convida as pessoas a acompanhá-lo em uma determinada matéria jornalística, em uma investigação ou até em um pensamento. No meu caso, quero trazer o leitor a um desafio pessoal. Outra vez: vem comigo?
É impressionante como as pessoas estão dependentes das maquininhas chamadas smartphones, chegando a um nível quase que de vício em ligar e clicar a todo o instante. O que deveria ser apenas um “celular inteligente” passou, ao que parece, a ocupar o lugar mais nobre de qualquer ser humano, que é a capacidade e o prazer de conviver consigo próprio.
É interessante como as pessoas ficam clicando e deslizando o dedo pela tela do aparelhinho até o último instante, quando o avião está por decolar. E tão logo haja a aterrisagem, antes mesmo de começar o desembarque das pessoas, lá está o passageiro ansioso a ligar o seu celular (em tempo, há quem dependa de dois ou até três para dar cabo de tanto compromisso e relacionamento). Fico com a impressão que dependência química e dependência frenética do celular devem ter algumas raízes e explicações psicológicas similares.
E o que isso tem de importante em um espaço com a temática Coaching?
Como já comentei aqui mesmo, as bases teóricas do Coaching remetem a Sócrates e à expressão “conhece-te a ti mesmo”. Desenvolva a capacidade de reflexão e encontrará os caminhos mais adequados que o atenderão em suas necessidades, sejam elas materiais, físicas, comportamentais ou espirituais. Para isso, é fundamental que a pessoa saiba olhar para dentro de si, conversar consigo mesma, entender que o seu mundo interior merece a mais ampla atenção e cuidados.
Ora, como fazer isso se uma pessoa tem dependência do celular inteligente, a tal ponto, que abandona a própria inteligência do processo de reflexão? Como alguém pode ter atenção consigo mesmo se quem determina a agenda do que essa pessoa vai fazer é o mundo exterior? Como ser o senhor de si próprio se, até mesmo no momento de refeição em família, está também presente a ansiedade de uma chamada ou da nova informação que chega pela rede social?
Pois bem, o desafio que eu faço para o leitor é o seguinte: Sente-se em uma local tranquilo de sua casa, diminua ou apague a luz, desligue o celular, coloque uma música relaxante, feche os olhos e… converse com você mesmo. Deixe o pensamento viajar em todas as dimensões de sua vida, busque respirar profundamente e sinta as batidas do seu coração. Faça isso frequentemente por cerca de quinze a vinte minutos e, dessa forma, você estará explorando o seu mundo interior com a prioridade que ele merece.
Pode ser difícil, complicado e, eventualmente, até chato … mas não deixe de ser perseverante. Não desista. O seu mundo interior tem um riqueza que você deve descobrir, conhecer e praticar. Para isso, você precisará desconectar-se do mundo exterior e conectar-se a si próprio com prioridade. E então, aceita o desafio? Que tal começar por desligar o celular em todos os momentos de refeição? Que tal usar os momentos em trânsito para se dar esse tempo precioso com o celular desligado?
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