A inspiração desta minha postagem nasceu de um artigo escrito por Alan Morgan, CEO da AidHub.org, uma organização voltada a gerar novos conhecimentos e competências, em larga escala, para todo o tipo de organização, seja com fins lucrativos ou não, seja da iniciativa pública ou privada. O mais interessante é que a AidHub assume querer contribuir com as organizações sem fins lucrativos a custo zero.
Alan comenta ser desconcertante concluir que pouca coisa tem mudado na maneira de ser das pessoas, após mais de trinta anos de viagens ao redor do mundo, tendo a possibilidade de observar atentamente como a maioria vive em sociedade, com seus padrões sociais, econômicos e culturais diferentes. Aqueles que se sentem felizes em terras de prosperidade, paz e sustentabilidade econômica podem se considerar como exemplos de sucesso? Que custo social isso gera?
Alan debate o conceito moderno de sucesso. O entendimento dado pelo Dicionário Oxford é: “A realização de um objetivo ou propósito”. Aí começam os questionamentos possíveis: Como pode a realização de um objetivo ou de um propósito ser definida como “sucesso” se os custos reais dessa empreitada não estiverem perfeitamente equacionados? Muitos dos nossos troféus de sucesso são refletidos como ter melhor padrão de vida, boa educação, saldo bancário crescente, investimentos lucrativos, casa, carro, roupas, relógios, bolsas, equipamentos e outros adornos pessoais de vida luxuosa. Tudo o que possa mostrar imagem de prosperidade e “sucesso” percebido.
Sem dúvida, essa prosperidade foi habitualmente conquistada através de alguma forma de esforço significativo. Mas como ficar felizes se sabemos que parte das pessoas que contribuem para a nossa prosperidade têm uma existência abaixo do padrão mínimo de qualidade de vida? A pergunta lembra que podemos estar pagando um preço injusto para a contribuição dos menos afortunados. Embora possa ser involuntário, não é inconsciente que, de alguma forma, estejamos sacrificando alguém para que consigamos alcançar nossas realizações.
Então, Alan propõe uma forma de qualificar o “sucesso”. Afirma ele que é fundamental ter em conta, nesse cálculo mental, como foram subvalorizados os salários de outras pessoas, do sacrifício social a que muitos estão obrigados e ao impacto ambiental que ocorre sistematicamente. Se o seu “sucesso” foi definido como ter resultados desejados, é fundamental também ter consciência de quanto custou essa vitória, principalmente ao olhar para o mundo, as pessoas e o planeta Terra.
A própria sociedade tem culpa, em grande parte, pois nos fez aprender que se estudarmos e trabalharmos duro, pouparmos, investirmos, pagarmos nossos impostos e obedecermos a lei, tudo isso nos levará ao “sucesso”, por conta de nossas conquistas e vitórias. Mas isso só terá sua real validade se houver plena consciência de que, no caminho, não se estará explorando comunidades empobrecidas ou sobrecarregando o meio ambiente em detrimento de outros, incluindo nosso próprio futuro e o das crianças das nossas crianças.
Alan comenta não ter respostas prontas ou uma receita que caiba para todos, nem como garantir a igualdade para um ambiente sustentável. Ele garante ter certeza de que hoje se faz muito menos do que se deveria fazer para combater as insuficiências humanas que hoje se espalham pelo mundo. E eu quero agora, nesta minha postagem, pedir aos coaches que, em seu trabalho, busquem questionar esses aspectos ao definirem as metas de seus clientes. Quanto mais houver de consciência estabelecida para que o bem comum esteja presente, menos risco se correrá de termos novos desastres ambientais como o que, recentemente, destruiu a cidade de Mariana, ou a a vergonhosa exploração de mão-de-obra adulta e infantil, como hoje ocorre aos milhões, no Brasil.
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