Em uma discussão com amigos acerca de política ouvi uma colocação interessante: “Governo não existe. É uma criação do povo para facilitar a gestão do coletivo. Assim, não existe dinheiro do governo. O que hoje chamamos dinheiro do governo é, na verdade, o meu e o seu dinheiro, sendo administrado por pessoas escolhidas pela maioria em prol do bem coletivo”.
Uma das afirmações mais obvias e complexas ao mesmo tempo. E, para não perder o hábito, trouxe este mesmo raciocínio para as demais instituições criadas pela humanidade. Entenda: escola, família e, claro, empresa.
No mundo do empreendedorismo é comum a exaltação da empresa como sendo uma pessoa. Uma personalidade jurídica que, espera-se, tenha missão, visão e valores próprios. Para fins de planejamento e análises este entendimento é necessário e suficiente. Já na prática… o que observo é uma gigantesca lacuna entre o escrito do papel e o entendimento das pessoas.
Isto se dá pelo fato de, na prática, as empresas “não existem”. Elas são compostas por PESSOAS. São um grupo de pessoas que se unem seja para constituir o negócio ou seja para trabalharem em prol dele. E este detalhe nos traz de volta a um ponto: o impacto das diferentes percepções na prática do negócio.
Não por acaso, minhas últimas duas semanas foram recheadas de situações de conflito. Como há muito tempo não sentia, me vi estabanada nas tentativas de me fazer entender, gerando desentendimentos com pessoas muito especiais. Estas experiências reforçaram minha convicção de que nossas percepções dos fatos são carregadas de julgamentos pessoais, tornando necessário o exercício de empatia frente às percepções do outro.
Por isso questiono: você entende de pessoas?! Nunca foi tão importante para uma empresa, para além dos conhecimentos técnicos, entender de gente. Um bom líder tem o dever de mapear sua equipe. Saber do perfil comportamental dos seus liderados. Identificar suas forças e fraquezas. E, se não for demais, se atentar para seus padrões comportamentais e emocionais. Esta consciência pode ser o detalhe que faltava no sucesso que procura.
Todo posicionamento que desconsidera a verdade do outro está fadado ao fracasso.
Estas considerações, inclusive, não se limitam ao seu time. Entender de pessoas pode melhorar sua relação com parceiros e clientes.
Pesquisas realizadas em pós-vendas de algumas das empresas que acompanho revelam que a maior parte das queixas de clientes referem-se a desapontamentos com expectativas frustradas. Eu penso que frustração é o resultado direto do desencontro de percepções. Afinal, seria loucura aceitar que deixamos de atender as expectativas dos nossos clientes propositadamente. Isso ocorre quando simplesmente não identificamos estas expectativas e trabalhamos a partir das nossas próprias.
Dedique-se a entender de pessoas e você se surpreenderá com a facilidade em alcançar resultados cada vez melhores.
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