Em janeiro tive a oportunidade de ler o livro “Ikigai: the japanese secret to a long and happy life.” Uma obra baseada numa pesquisa de Hector Garcia e Francesc Miralles com vilarejos orientais caracterizados pela longevidade, felicidade e senso de propósito de seus habitantes. O Ikigai é um conceito japonês que significa uma razão para viver. De forma resumida, o Ikigai acontece quando você consegue fazer de forma remunerada aquilo que você ama e tem talento aliado ao que o mundo precisa. A imagem abaixo nos ajuda a visualizar o conceito.
Certamente, encontrar o Ikigai para muitas pessoas trata-se de um desafio imenso. Acredito que boa parte das pessoas está insatisfeita no trabalho e na vida porque foram condicionadas a buscar apenas uma profissão e esquecer as demais dimensões. Assim, ao longo da vida você se dedica à faculdade, cursos e formações para se tornar bom em algo. E com isso, vai para o mercado buscar uma boa remuneração. Esse é o conceito de profissão. Boa parte da sociedade busca na vida ativa apenas uma profissão.
Sabemos que o ser humano tem sede de sentido e de propósito. Assim, viver na dimensão da profissão é muito limitador. O senso de propósito surge quando ativamos nossa vocação aliada a uma missão. Nesse contexto, o Coaching é um excelente processo para que as pessoas possam começar a desenhar o seu Ikigai.
Em termos práticos, podemos apoiar um coachee a achar a sua paixão fazendo uma reflexão em relação a tudo aquilo que ele ama fazer e aplicando um exercício de feedback para que os outros possam espelhar aquilo que ele é bom. Identificar o que amamos é um olhar para dentro. Saber no que somos bom é um reconhecimento externo sinalizado pelos outros.
Ainda sim, muitas pessoas não se sentem nutridas apenas com a conexão da sua paixão. Muitos precisam de um processo de transcendência, de sair de dentro de si e ir em direção às necessidades do mundo. Isso acontece quando deixamos de perguntar apenas o que queremos da vida e passamos a perguntar o que a vida espera de nós. Num processo de Coaching, esse processo pode ser estimulado por uma pesquisa e observação do cliente em relação às necessidades que existem no mercado e no mundo.
Por outro lado, sabemos de pessoas que fazem o que amam, usando seus talentos diante do que o mundo precisa, mas que não conseguem prosperar e ter um retorno financeiro. Isso porque somos dotados de alma e de personalidade. Trabalhar dessa forma, nutre a alma, mas deixa a personalidade sufocada. A alma está ligada ao ser, e a personalidade ao ter. E deixar qualquer uma dessas esferas famintas nos traz a sensação de que algo está faltando.
Enfim, encontrar o Ikigai pode ser uma jornada para a vida toda. E essa jornada pode ser facilitada por um processo de reflexão e ação conduzido em processos de Coaching. Talvez agora saibamos o que se passa naquele sorriso sereno e pleno que boa parte dos orientais carregam consigo. Eles certamente estão considerando a sua razão de ser.
E você, já sabe qual é o seu Ikigai?
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