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Você já ouviu falar em Motivational Interviewing?

Conheça o modelo que contempla tanto os estágios para uma mudança de comportamento como a típica abordagem aplicada ao Coaching para ajudar o Coach a superar os desafios comportamentais do Coachee.

No último artigo eu citei o tema Motivational Interviewing, o que chamaremos no nosso idioma tupiniquim de Entrevista Motivacional. Para desenvolver o assunto, vou me inspirar no extenso trabalho de Jonathan Passmore, um dos mais brilhantes pesquisadores em Coaching e professor emérito da University of East London (Addressing deficit performance through Coaching – using motivational interviewing for performance improvement at work, de 2007).

Segundo o autor, a resistência de executivos e outros profissionais de alto nível ao trabalho desenvolvido pelos Coaches focados em negócios é um problema recorrente no mundo todo. O interesse contínuo existente na atividade de Coaching executivo nas organizações começou a alcançar também mais gerentes do nível médio e fez nascer um grande desafio: Como engajar as  pessoas em quem a motivação para uma determinada mudança está baixa?

O trabalho desenvolvido por Passmore baseia-se em um modelo que contempla tanto os estágios para uma mudança de comportamento como a típica abordagem aplicada ao Coaching Executivo. Assim, ele busca ajudar o Coach a superar os desafios comportamentais e combina as técnicas de Entrevista Motivacional com as habilidades demonstradas pelo cliente. Essa prática evoluiu muito no setor de saúde (principalmente em prevenção, como na obesidade e vícios) e na área de liderança.

Com a aplicação da Entrevista Motivacional, o Coach explora os valores e os objetivos do Coachee, bem como identifica o quanto o seu comportamento atual está discrepante de seu comportamento ideal. Nesse contexto, o processo de Coaching ajudará o cliente a esclarecer uma clara e indiscutível ambivalência em relação à mudança. Aliás, o primeiro conceito-chave e fundamental está em o Coach reconhecer a ambivalência como natural no processo de mudança, o que começa por identificar com o cliente qual o grau de prontidão para a mudança pretendida ou esperada.

Um segundo e natural conceito-chave é haver uma discrepância entre os valores e objetivos do Coachee com relação ao seu comportamento atual. Para que a mudança seja bem-sucedida, o cliente precisa estar disposto e acreditar que o comportamento alvo é pessoalmente importante e mais interessante para ele. Esse entendimento posicionará que o objetivo é efetivamente alinhado com os valores pessoais e a busca de alcançá-lo será uma prioridade permanente em sua vida.

O terceiro conceito-chave da Entrevista Motivacional está relacionado com a competência. A trilogia “estar pronto, estar disposto e ser capaz”, não importa o qual forte seja, jamais compensará a falta de habilidades ou as incompetências diagnosticadas no cliente. Nesses casos, é melhor que o Coach faça uma adequação de rumos e tente, primeiramente, ajudar aquela pessoa a suprir suas deficiências ou qualificações (o que pode envolver sessões de Coaching, Treinamento ou Mentoring).

Uma fonte de esperança para os Coachees, na abordagem da Entrevista Motivacional, é que não há o chamado “caminho certo”, pois se um dado plano se mostrou inconveniente para a mudança, com criatividade se poderá encontrar outras abordagens que podem ser bem aplicadas. Para aumentar a probabilidade de sucesso, o Coach precisa evitar oferecer sugestões ou opções, até que o Coachee tenha resolvido a sua ambivalência e esteja pronto para entrar em ação de mudança. Os clientes devem ser livres para escolher o próprio método de mudança para sustentabilidade de longo prazo.

Resumidamente, a Entrevista Motivacional envolverá as seguintes etapas: (a) entender e organizar a perspectiva do Coachee via resumos das conversas e escuta reflexiva; (b) manter o Coachee concentrado em falar da mudança pretendida por meio de reforço seletivo a partir das próprias declarações motivacionais; (c) monitorar o grau de prontidão que o cliente tem para mudar e trabalhar qualquer foco de resistência, e; (d) aceitar e apoiar as  escolha de mudança do Coachee, bem como sua auto-direção. Finalizando, Passmore chama a atenção para uma questão essencial no comportamento humano: a competência em mudar definitivamente e a mudança pontual são coisas bem diferentes. No primeiro caso, é possível haver a vontade, criar um plano e ter habilidades, porém é necessário acrescentar bastante persistência para se chegar ao sucesso.

Mario Divo Author
Mario Divo possui mais de meio século de atividade profissional ininterrupta. Tem grande experiência em ambientes acadêmicos, empresariais e até mesmo na área pública, seja no Brasil ou no exterior, estando agora dedicado à gestão avançada de negócios e de pessoas. Tem Doutorado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com foco em Gestão de Marcas Globais e tem Mestrado, também pela FGV, com foco nas Dimensões do Sucesso em Coaching (contexto brasileiro). Formação como Master Coach, Mentor e Adviser pelo Instituto Holos. Formação em Coach Executivo e de Negócios pela SBCoaching. Consultor credenciado no diagnóstico meet® (Modular Entreprise Evaluation Tool). Credenciado pela Spectrum Assessments para avaliações de perfil em inteligência emocional e axiologia de competências. Sócio-Diretor e CEO da MDM Assessoria em Negócios, desde 2001. Mentor e colaborador da plataforma Cloud Coaching, desde seu início. Ex-Presidente da Associação Brasileira de Marketing & Negócios, ex-Diretor da Associação Brasileira de Anunciantes e ex-Conselheiro da Câmara Brasileira do Livro. Primeiro brasileiro a ingressar no Global Hall of Fame da Aiesec International, entidade presente em 2400 instituições de ensino superior, voltada ao desenvolvimento de jovens lideranças em todo o mundo.
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