Um hábito pode ser definido com uma maneira de agir, pensar ou sentir costumeira. Também, a aptidão em desempenhar determinadas atividades, conquistada por meio da prática frequente. Os hábitos, dizem os cientistas, surgem porque o cérebro está o tempo todo procurando maneiras de poupar esforço. Se deixar por conta própria, o cérebro tentará transformar quase qualquer rotina num hábito, pois os hábitos permitem que nossas mentes desacelerem com mais frequência. Mas, como surgem os hábitos?
Os cientistas fizeram uma importante descoberta que se chama o loop do hábito. Esse processo dentro do nosso cérebro é um loop de três estágios. Primeiro há uma deixa, um estímulo que manda seu cérebro entrar em modo automático e indica qual hábito ele deve usar. Depois há a rotina, que pode ser física, mental ou emocional. Finalmente, há uma recompensa, que ajuda seu cérebro a saber se vale a pena memorizar este loop especifico para o futuro:
Ao longo do tempo, este loop – deixa, rotina, recompensa; deixa, rotina, recompensa – se torna cada vez mais automático.
Para exemplificar, vou utilizar um caso de uma cliente de Coaching. Todos os dias essa cliente tinha como hábito comer um doce no meio da tarde. Ela trabalhava como pesquisadora no laboratório de uma faculdade e exatamente às 16h seu cérebro lembrava que era a hora de comer um doce. É claro, que esse hábito foi criado devido a uma rotina que minha cliente incorporou na sua vida. A rotina era passar pela manhã na confeitaria e perguntar quais eram os doces do dia. Minha cliente sempre ficava trabalhando até mais tarde, o doce era a sua recompensa pelo excesso de trabalho. A deixa era a pausa para o café que sempre acontecia exatamente às 16h.
O impulso para a mudança aconteceu quando minha cliente foi fazer o check-up anual. Ela estava 5 kg acima do peso e com risco de diabetes. Minha cliente não deixou de comer seu doce à tarde, apenas trocou o doce da confeitaria por uma fruta da estação. Os hábitos não são inevitáveis. Eles podem ser ignorados, alterados ou substituídos. Mas, a descoberta do loop do hábito é tão importante porque revela uma verdade básica: quando um hábito surge, o cérebro para de participar totalmente da tomada de decisões.
O problema é que nosso cérebro não sabe a diferença entre os hábitos ruins e os bons, e por isso, se você tem um hábito ruim, ele está sempre ali à espreita, esperando as deixas e recompensas certas. Isso explica porque é tão difícil criar o hábito de fazer exercícios, por exemplo, ou mudar nossa alimentação. Uma vez, que adquirirmos uma rotina de sentar no sofá em vez de sair para correr ou de fazer um lanchinho sempre que passamos por uma padaria, esses continuam para sempre dentro das nossas cabeças. Segundo a mesma regra, no entanto, se aprendermos a criar novas rotinas que sejam mais poderosas que estes comportamentos – se assumirmos o controle do loop do hábito -, podemos forçar essas tendências nocivas a ficar em segundo plano. Estudos demonstram que, uma vez que alguém cria um novo padrão, sair para correr ou ignorar a padaria se torna tão automático quanto qualquer outro hábito.
Fácil promover mudanças? Definitivamente não é. Os hábitos fazem parte da vida. O grande “pulo do gato” é você questionar as suas recompensas quando cumpre uma rotina. A recompensa é o ponto chave para substituir um velho hábito.
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