Meus amigos, hoje eu apareço neste espaço para criar polêmica. Creio que muitos Coaches ficarão irritados e espero que não peçam o cancelamento desta postagem. A base deste debate que eu quero provocar é a seguinte: se o Coach não estiver preparado para identificar o real propósito de vida do seu Coachee, o processo de Coaching pode descambar para caminhos perturbadores. E se a culpa então existir, ela será principalmente do Coach que não conseguiu alinhar o seu trabalho à causa correta.
Eu tenho exemplos pessoais disso e já fui obrigado a aguentar muito desaforo por insistir em que o cliente encarasse a “própria verdade”, ao invés de criar passeios mentais que o deixavam mais satisfeito (ou confortável). Já precisei resgatar frases e compromissos que estavam sendo esquecidos, tudo porque o cliente queria “sofismar” (pelo Wikipédia, argumentar ou apresentar raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresentará, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa). Basta olhar em seus olhos e se verá que as palavras são ilusórias. E então, você sabe enfrentar isso?
Vou tentar resumir uma história comum, nos dias presentes (ainda que a situação seja identificada pelo mundo afora, vamos nos deter em solo brasileiro, onde cerca de 25% das empresas criadas desaparecem em até dois anos). O(A) empresário(a) criou uma empresa que se mostrava próspera e, efetivamente, começou a crescer. Ampliou o negócio e contratou mais gente, de forma a aumentar seus ganhos. Mudou para instalações mais luxuosas, renovou os computadores, trocu de carro e passou a frequentar grupos profissionais e encontros festivos bem seletivos. Aumentou suas viagens ao exterior e, consequentemente, a necessidade de faturar cresceu para sustentar todo esse cenário.
Por alguma razão que ele (ou ela) não conseguiu perceber, os negócios começaram a declinar. Perdas e prejuízos passaram a ser parte da rotina da empresa, ainda que o produto ou serviço tivesse qualidade. A insatisfação dos funcionários só não era maior do que a do(a) dono(a) do negócio. A tensão passou a ser parte integrante das conversas e negociações internas. E então, eis que você é contratado(a) como Coach para ajudar esse(a) empresário(a) a encontrar seu novo caminho e sair desse quadro complicado e depressivo.
Na primeira abordagem, você ouve do cliente uma expressão bem comum: O que eu fiz para dar tudo errado? Eu estava bem, o negócio era lucrativo, a equipe me ajudava, eu comprei o carro do ano, uma casa maravilhosa, um escritório bem montado e bastante conforto para a família. Sou excelente patrão. E olha só agora como estou? Como o papel do Coach não é o de lamentar e chorar junto com o cliente, mas dar respeito, atenção e carinho para criar um espaço de conforto em que o cliente sinta apoio para atingir um patamar de satisfação e encontro com suas metas, cabe a você tentar identificar a origem desse problema.
Será que as razões e os propósitos que foram a base do nascimento da empresa não se perderam pelo caminho? Será que ainda existe a mesma paixão pelo negócio ou ela se transformou em ostentação? Será que “os porquês originais”, voltados a uma determinada missão e visão, não foram sendo trocados por “porquês egocêntricos”? Será que agora o objetivo passou a ser o de aparelhar o ego com uma vida material desconectada dos valores, princípios, propósitos e outros atributos associados ao valor agregado que, no início, o produto ou serviço pretendia oferecer aos clientes e consumidores?
Claro que nem todo problema em um negócio recairá nesse cenário e, também, uma explicação semplista é sempre perigosa. Mas se você, como Coach experiente, perceber que há algo parecido com essa descrição, tente convencer o seu Coachee de que o mundo não acabou. Cabe a ele aprender a lição e aplicá-la na retomada dos “porquês originais”. Idealmente, que tal juntos buscarem a recuperação do negócio tendo agora essa melhor perspectiva? Se isso for inviável, que tal identificarem o novo caminho onde um novo negócio (ou atividade) faça com que seu cliente seja feliz?
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