Você sabe o que é Design Sprint 2.0?
Vou explorar um pouco mais a curiosidade dos leitores sobre essa expressão, antes de trazer meus comentários a respeito do que é (e para que serve) o “Design Sprint”. Faça uma pesquisa no Google Acadêmico e poderá identificar 50 citações, desde 2017. Então isso leva à conclusão de que é bastante recente o tratamento científico desse conceito.
De partida, vou facilitar a vida de todos ao reproduzir a explicação que aparece no Wikipédia:
“Design Sprint” é um processo de cinco fases, com tempo limitado ao desenvolvimento de cada uma, que utiliza instrumentos de Design Thinking com o objetivo de reduzir riscos e prazos no lançamento de produtos, serviços ou inovações.
O conceito foi desenvolvido por Jake Knapp na GV (anteriormente, Google Ventures – www.gv.com), cujo site acrescenta:
“a equipe trabalha em jornada limitada a cinco dias, conquistando rápidos avanços e obtendo modelagem de um protótipo realista.”
O diagrama abaixo mostra, resumidamente, esse processo. Assim nasce a ideia, parte-se para a criação do protótipo, há o lançamento e a aprendizagem dos resultados, ajusta-se a ideia e o ciclo chega a uma evolução do produto ou serviço.
Em 2019, os estudiosos Carlos Magno Araújo, Ivon Miranda Santos, Edna Dias Canedo e Aleteia Favacho de Araújo publicaram um interessante estudo com o título: Design Thinking versus Design Sprint: A Comparative Study.
Em resumo, eles afirmaram que:
- Design Thinking é uma metodologia que contrasta com a metodologia científica tradicional, em que se baseia na colaboração de uma equipe multidisciplinar para resolver problemas complexos através da aplicação de fundamentos de Design;
- Design Sprint é um processo único (inspirado no Design Thinking), desenvolvido em cinco dias, voltado a resolver questões críticas por meio de prototipagem e brainstorming, idealmente com os clientes. Todas as melhores ideias são organizadas, daí nascendo a ideia consolidada que será usada na criação do protótipo (do produto ou serviço).
A quem se interessar em avançar no assunto, sugiro pesquisar textos publicados em vários veículos, acadêmicos e até não acadêmicos. Por exemplo, um estudo de 2018 (trabalho de Edna Canedo e Vinicius Ferreira) com o título Design Sprint in classroom: exploring new active learning tools for project‑based learning approach, fez uma associação direta do Design Sprint com o conceito de Project-Based Learning (PBL), metodologia já bem conhecida dos profissionais de todas as áreas de conhecimento. Para os autores, o Design Sprint, em conjunto com a aprendizagem baseada em projetos (PBL), fornece método eficaz para levar à qualidade de produtos (e, acrescento, serviços).
Resumidamente, essa semana de trabalho com Design Sprint pode ser assim apresentada:
Uma atenção importante está na formação da equipe. Para o sucesso, é aconselhável formar uma equipe com até sete pessoas que tenham bom relacionamento, de forma que conjuguem competências como: conhecedor do problema, finanças, marketing, especialista em consumo do produto/serviço, tecnologia, design e, ainda, o “criador de problemas” (em linguagem popular, seria alguém com o espírito do contraditório, o advogado do diabo). Especialmente, dependendo da situação, alguém com especialidade específica poderá fazer parte do time.
Outra atenção deve ser dada na condução do processo, desde seu início até o final (os especialistas sugerem que o “início” deve começar pelo “final”).
Novamente usando a proposta do primeiro estudo aqui citado, para ajudar a traçar o objetivo do trabalho no Design Sprint o time deve se perguntar; Por que estamos fazendo isto? Onde nós queremos estar em 6 meses, 1 ano ou em 5 anos? Esse debate não deve ser muito extensivo (nem profundo e nem detalhado). Para ajudar, os autores sugerem que a equipe debata também: Que perguntas devem ser respondidas neste projeto? Para alcançar a meta de longo prazo, o que é necessário fazer?
Sem dúvida, tanto o Design Thinking quanto o Design Sprint têm enorme poder de inovação. Mas ao se promover o adequado alinhamento de expectativas e motivações, cresce a chance de que todo o processo flua melhor para todos os participantes. Então, como dizia Lavoisier, já que neste mundo tudo se transforma, eis que surge o Design Sprint 2.0. E qual a diferença para o Design Sprint? A mais básica é que, no Google Acadêmico há apenas e tão somente 11 citações, desde 2017.
Conceitualmente, porém, uma primeira diferença entre os dois processos está no período de realização, que passa a ser de 4 dias, gerando grande otimização na etapa de prototipia. Essa nova forma de trabalho foi criada pela agência alemã AJ&Smart, consolidando práticas aprendidas após mais de duas centenas de casos de sucesso. Uma mudança fundamental, para isso, é que o time não precisa estar reunido o tempo todo. O grupo completo participa da etapa de início e, depois, apenas os técnicos e designers darão conta do trabalho restante.
Fica aqui a dica para você, coach, mentor ou consultor: Design Sprint 2.0 é uma nova forma de trabalho que tomará conta do mundo dos negócios. Não deixe para ser surpreendido pelo seu cliente futuro, quando ele tiver algum desafio similar pela frente…
Abraços e… bons estudos em Design Sprint 2.0.
Mario Divo
https://www.dimensoesdesucesso.com.br/
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